Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Análise | Razer Nari é intermediário supercompetente com preço de luxo

Por| 23 de Novembro de 2018 às 15h06

Link copiado!

Razer
Razer
Tudo sobre Razer

Há tanta oferta de acessórios voltados para o público gamer na atualidade que estamos muito próximos de chegarmos a um ponto em que é difícil diferenciar a quantidade absurda de mouses, teclados e headsets que são colocados à venda pelas empresas. Muitas vezes, os lançamentos efetivamente só têm uma coisinha ou outra como novidade, e, para muita gente, isso não é suficiente para justificar a troca do equipamento.

A Razer também sofre dessa "patologia". Hoje a empresa conta com um leque gigantesco de produtos para atender aos jogadores que procuram por qualidade e estilo. Falando particularmente sobre os headsets, há oferta para todo tipo de jogador, seja ele de PC, Xbox One, PS4 ou dispositivos móveis, e para todos os tipos de bolso. Kraken, ManO'War, Tiamat, Electra, Thresher, Hammerhead... A lista de modelos é extensa e pode confundir, mas aparentemente ainda há espaço para mais um: o Razer Nari.

Já vi isso antes

Continua após a publicidade

Anunciado em setembro, o Nari conta com três versões diferentes: uma padrão, chamada apenas de Nari; outra de entrada, chamada de Nari Essential; e a topo de linha Nari Ultimate. Tanto o modelo de entrada quanto o topo de linha só chegam em dezembro, mas, para termos o gostinho do que está por vir, recebemos o modelo padrão que foi lançado agora em novembro para testar no Canaltech.

À primeira vista, o Razer Nari se assemelha muito com os headsets da linha Thresher. O design é praticamente o mesmo, com uma alça autoajustável que confere mais conforto durante longos períodos de uso, estrutura superior feita em metal resistente e almofadas revestidas com um couro sintético que aparenta não ressecar nem esfarelar com o tempo – ponto positivo em relação a outras fabricantes. A forma como o microfone é encaixado no corpo do Nari também é a mesma vista no Thresher e em modelos como o Kraken: retrátil, ele vai e vem para dentro e para fora da concha esquerda. Apesar disso, seu corpo é flexível e o jogador pode ajustá-lo da forma que for mais conveniente.

A estranha sensação de que estamos diante de um produto que já vimos antes se intensifica quando comparamos a ficha técnica do Nari com a do Thresher. Driver de 50mm, impedância de 32Ω a 1kHz e bateria com duração de aproximadamente 16 horas são características que os modelos compartilham entre si. E mesmo nas que não batem com exatidão, a diferença é tão pouca que dificilmente serão percebidas por usuários menos exigentes.

Continua após a publicidade

Não há dúvidas de que tudo isso colabora para a sensação de déjà vu, de que estamos diante de um produto repaginado. Mas alguns dias utilizando o Razer Nari foram suficientes para percebermos os diferenciais dele em relação não só ao Thresher, mas também aos demais headsets da marca.

Tropeços nos fios que não existem

Antes de qualquer coisa é importante destacar que nenhuma das três versões do Razer Nari possui som verdadeiramente 7.1. Enquanto o Thresher e o Tiamat contam com versões com esse recurso, aqui a fabricante optou por utilizar a tecnologia THX Spatial Audio para simular som em 360 graus, que cumpre muito bem seu papel principalmente em FPS e shooters como Call of Duty: Black Ops 4 e Fortnite.

Leia também: Razer Tiamat 7.1 V2 proporciona imersão única em jogos a preço de ouro

Continua após a publicidade

Outro ponto que merece destaque é a conectividade. A Razer afirma que o headset wireless é compatível com PC, Mac, PlayStation 4, Xbox One, Nintendo Switch e dispositivos móveis, uma informação que pode levar muita gente à frustração. Isso porque o pequeno transceiver de 2,4 GHz que acompanha o headset e garante funcionamento a até 12 metros só é compatível com computadores e com o PS4, bastando conectá-lo à porta USB para desfrutar de uma jogatina sem fios. No Xbox One, Nintendo Switch e dispositivos móveis, entretanto, a coisa muda de figura.

Em nossos testes no Xbox One, tivemos de conectar o Razer Nari ao joystick por meio do cabo P2 que acompanha o produto para ele funcionar. E, tirando o fato de voltarmos a usar cabos, isso se mostrou um problema principalmente por limitar os recursos do headset. Explicando melhor: funcionando dessa forma, o Nari apenas nos deixou regular o volume do áudio do jogo. Não pudemos ajustar o balanço entre áudio de gameplay / chat, não conseguimos usar o botão de mudo do microfone e não pudemos desfrutar do THX Spatial Sound tão propagandeado no modelo. Trocando em miúdos, o headset gamer com tecnologia de som espacial e controladores específicos para jogatina se transformou em um headphone comum.

Outro fator que desagrada é a falta de um sistema mais eficiente para informar o nível de bateria do Nari. Embora dure umas boas 16 horas, podendo variar para mais ou para menos se você usa ou não as luzes Razer Chroma, seu sistema que avisa sobre a "saúde" da bateria é bem preguiçoso e descuidado.

Continua após a publicidade

Ao contrário de outros headsets sem fio, que normalmente informam o nível da bateria por voz quando o ligamos ("battery high", "medium" ou "low", por exemplo), o Razer Nari se limita a fazer isso com um pequeno LED que fica embaixo da concha esquerda. Se você não vir que a luz está azul (indicando que tudo está bem) ou vermelha (poucas horas de bateria), isso significa que você só perceberá que tem de carregar o headset quando ouvir um sinal de aviso, que basicamente significa que a jogatina vai ter de acabar. É uma frustração desnecessária causada por um sistema que praticamente não permite o jogador se planejar para quando colocará o dispositivo para carregar.

Opção intermediária

Mesmo grandalhão e relativamente pesado (432 gramas), o Razer Nari é extremamente confortável e não aperta. A alça autoajustável dá uma boa sustentação ao headset na cabeça até mesmo dos usuários mais cabeçudos (meu caso). Também ajuda o fato de as conchas serem articuladas e se adaptarem a praticamente qualquer tipo de cabeça. Quem usa óculos também não sente qualquer incomodo graças às almofadas com memória de forma, que também contam com uma espécie de gel especial, injetado por dentro, para conferir um certo "frescor" às orelhas em jogatinas mais prolongadas – o que funciona muito bem até mesmo no calor constante e desgraçado de 31ºC que faz em Natal - RN.

Continua após a publicidade

A qualidade sonora também se destaca e o Razer Nari entrega aquilo que promete. Principalmente no PC e no PlayStation 4, o THX Spatial Audio é protagonista e dá uma noção espacial muito maior ao jogador. Não é um 7.1 real, mas ainda assim configura uma vantagem sobre quem utiliza fones estéreos comuns ou joga com o som da TV ou soundbar.

Além disso, o Nari atende muito bem quem quer utilizá-lo para outras tarefas fora jogar. Tanto no PC quanto em dispositivos móveis, o fone entrega bem aquela sonzeira maneira do Spotify, Apple Music e afins, além de ser uma boa opção para filmes, sejam eles via streaming ou por arquivos baixados. É bom avisar, entretanto, que ele favorece mais os graves – embora a equalização possa ser ajustada pelo app Razer Synapse 3 no computador.

Falando no Synapse 3, o programa funciona como um hub de configuração para o headset. A partir dele você configura não só a equalização, mas também as luzes Chroma ou se quer desligá-las, ativa e desativa o THX Spatial Audio, sensibilidade do microfone e melhorias como normalização do som, nitidez de voz e graves. Todas as alterações feitas ficam guardadas na "memória" do headset e valem para quando você for jogar no PS4 – não, elas não valem para o Xbox One, nem Switch nem dispositivos móveis, infelizmente. Fora isso, o aplicativo é o único lugar onde você pode ver com precisão qual o nível da bateria do headset.

Continua após a publicidade

No fim das contas, o Razer Nari é um headset competente, bem construído e muito, mas muito confortável. Mas os tropeços apontados anteriormente fazem ele ser menos surpreendente do que poderia ser, tornando-o uma opção intermediária para os jogadores de PC e PlayStation 4 que buscam algo a mais que um Kraken oferece, mas não têm bolsos tão fundos assim para bancar um Tiamat 7.1 V2, por exemplo.

Quem busca por um diferencial a mais sem ter de subir o degrau dos 7.1 canais, talvez queira esperar pela chegada do Nari Ultimate, que, além de todos os recursos do Nari que testamos, conta com drivers hápticos. Na prática, isso significa que eles convertem os sinais de áudio de jogos, filmes e músicas em vibrações. É como se você "sentisse" fisicamente o som.

Em todo caso, o preço, infelizmente, é um grande impeditivo para quem quer adquirir um produto da Razer no Brasil. Enquanto nos Estados Unidos os headsets da linha Nari custam entre US$ 99 e US$ 199, aqui o Nari Essential, modelo de entrada sem iluminação Chroma e com microfone fixo, chega em dezembro por a partir de R$ 750. O modelo padrão, que testamos no Canaltech, já está disponível por R$ 1.000; enquanto o Nari Ultimate, topo de linha, chega no mês que vem por R$ 1.300.

Continua após a publicidade

É um investimento considerável e que pode fazer muita gente não ver sentido na compra, sobretudo quando há outros headsets da própria Razer que estão na mesma categoria, utilizam as mesmas tecnologias, e saem por um valor mais em conta. Por conta disso, por mais que o Razer Nari seja legal, competente e estiloso, escolhê-lo será, para muita gente, mais uma questão de gosto e de quanto dinheiro há disponível do que necessariamente por conta de suas especificações.