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Satélites Starlink já aparecem em quase 20% das observações astronômicas

Por| Editado por Patricia Gnipper | 18 de Janeiro de 2022 às 19h00

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Victoria Girgis/Lowell Observatory
Victoria Girgis/Lowell Observatory
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Os satélites Starlink, da SpaceX, são responsáveis por mais de 5.000 rastros luminosos em imagens capturadas pelo Zwicky Transient Facility (ZTF), instrumento que opera no Palomar Observatory. O resultado faz parte de um estudo liderado por Przemek Mróz, pós-doutorando na University of Warsaw, que mostrou que os rastros ficam ainda mais evidentes nas observações conduzidas entre o amanhecer e o entardecer.

Desde 2019, a SpaceX vem lançando os satélites Starlink para compôr uma megaconstelação, que fornecerá internet de alta velocidade a todo o mundo. Hoje, já há mais de 1.800 unidades em órbita, e astrônomos vêm manifestando preocupação com o efeito que estes objetos podem ter nas observações científicas do céu. Assim, para quantificar estes efeitos, os pesquisadores analisaram imagens de arquivo capturadas pelo ZTF.

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Este instrumento escaneia o céu a cada dois dias e cataloga objetos cósmicos que explodem, piscam ou que mostram alguma outra mudança com o tempo, o que inclui desde supernovas a asteroides. No caso do estudo, a equipe de Zwicky decidiu investigar os efeitos dos satélites Starlink por serem os mais numerosos na órbita baixa da Terra, e também por terem órbitas bem caracterizadas.

Os autores descobriram que, de novembro de 2019 a setembro de 2021, mais de 5.300 rastros luminosos dos satélites de Elon Musk foram registrados em imagens do ZFT, sendo que a maior parte deles aparecia nos registros feitos perto do amanhecer ou do fim de tarde — este é um detalhe importante, já que as observações conduzidas neste período são essenciais para a identificação de asteroides próximos. Em 2019, 0,5% das imagens feitas no crepúsculo mostravam os rastros; agora, eles aparecem em quase 20% das imagens

Por fim, o estudo analisou também a efetividade dos revestimentos escuros adotados pela SpaceX para bloquear a luz solar refletida pelos satélites. De acordo com as observações do ZFT, as coberturas reduzem o brilho dos satélites para um nível de brilho aparente de 6,8, algo semelhante às estrelas menos visíveis a olho nu. Apesar da melhoria, a redução ainda não está de acordo com os padrões estabelecidos no workshop Satellite Constellations 1 (SATCON1).

Riscos dos satélites Starlink — e de outros

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Futuramente, os cientistas esperam que quase todas as imagens do ZTF feitas durante o crepúsculo acabem capturando pelo menos um rastro — principalmente depois que a SpaceX chegar ao total de 12 mil satélites. “Não esperamos que os Starlink afetem as imagens não crepusculares, mas se as constelações de outras empresas forem para órbitas mais altas, isso pode causar problemas para observações feitas fora do crepúsculo”, alertou Mróz.

Apesar do aumento da incidência dos satélites nas imagens, o estudo observa que as operações científicas não são tão afetadas. “Há uma pequena chance de que possamos ter perdido algum asteroide ou outro evento oculto atrás de um rastro se satélite, mas, em comparação com os impactos do clima, como um céu nublado, estes são efeitos pequenos para o ZTF”, disse Tom Prince, coautor do estudo.

Prince observa que novos softwares podem ser desenvolvidos para ajudar a reduzir possíveis impactos nas observações. Estes programas poderiam prever as localizações dos satélites, ajudando os astrônomos a evitar observações quando algum deles entrar no campo de visão. Mesmo assim, o estudo destaca que a estratégia de mitigação adotada atualmente pela SpaceX não é suficiente para evitar prejuízos na astronomia.

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Embora a SpaceX seja a líder atual na corrida das constelações de satélites, há outros nomes na jogada, como a OneWeb e a Amazon, com seu Projeto Kuiper. Todas têm o objetivo comum de ampliar o acesso à internet principalmente para usuários em regiões rurais e remotas, mas, enquanto não houver regulamentação destas atividades e de seus impactos, as observações do céu noturno ficam cada vez mais ameaçadas.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: The Astrophysical Journal Letters; Via: Universe Today, Caltech