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Rússia acusa astronauta da NASA de perfurar estrutura de nave acoplada à ISS

Por| Editado por Patricia Gnipper | 13 de Agosto de 2021 às 11h10

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No fim de julho, a Rússia acoplou seu novo módulo Nauka à Estação Espacial Internacional (ISS) com algumas dificuldades, já que os propulsores do novo componente foram acionados subitamente e afetaram a orientação da ISS. O incidente rendeu críticas e questionamentos da imprensa dos Estados Unidos, e a Rússia não parece ter gostado disso. Recentemente, a TASS, mídia estatal do país, publicou um artigo em que afirma que a astronauta Serena Auñón-Chancellor, da NASA, teria sofrido uma crise emocional no espaço, causada por um problema de saúde e, depois, teria danificado a nave russa para antecipar seu retorno à Terra.

O artigo da TASS faz referência a um incidente ocorrido em 2018, quando uma abertura de 2 mm foi identificada no módulo orbital da nave Soyuz MS-09, acoplada à ISS. Felizmente, o pequeno furo foi descoberto antes que despressurizasse a estação e foi selado temporariamente, permitindo que os astronautas Alexander Gerst, da Agência Espacial Europeia, Auñón-Chancellor, da NASA e o cosmonauta Sergey Prokopyev voltassem em segurança a bordo da nave.

Depois, a atenção foi voltada para o que teria causado a perfuração. Causas variadas foram descartadas, e fontes do governo russo propuseram que, talvez, algum astronauta da NASA estivesse insatisfeito e, assim, seria o responsável pelo buraco. Para investigar melhor o incidente, dois cosmonautas fizeram uma caminhada espacial em 2018, coletaram amostras e filmaram a abertura, e esse material foi destinado aos investigadores russos. O resultado da investigação não foi divulgado publicamente, mas a TASS retomou o assunto em sua publicação.

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No artigo, o jornalista Mikhail Kotov revela uma entrevista com um “oficial do alto escalão da indústria espacial russa” e, embora a fonte tenha sido apresentadas sob anonimato, as respostas sugerem que a pessoa talvez seja Dmitry Rogozin, diretor da agência espacial russa Roscosmos. Durante a entrevista, a fonte retoma o incidente na nave Soyuz e descarta que o dano possa ter acontecido na Terra — mas destaca que Auñón-Chancellor sofreu trombose venosa profunda enquanto estava no espaço e que este, o primeiro caso da doença em órbita, foi publicado em um artigo científico somente após o retorno à Terra.

Segundo o entrevistado, “isso [a trombose] poderia ter causado uma ‘crise psicológica aguda’”, que teria resultado em várias tentativas de acelerar o retorno, destacando também que a câmera na conexão entre os segmentos da Rússia e dos EUA na estação não funcionava naquela época por motivos desconhecidos. Por fim, o entrevistado propõe que a localização do furo sugere que a pessoa responsável não tinha treinamento na construção da nave russa. Portanto, a Rússia implica que Auñón-Chancellor teria perfurado a nave para voltar para casa imediatamente.

Como resposta, a NASA fez uma publicação em que afirma que todos os parceiros da Estação Espacial Internacional se dedicam à segurança e bem-estar da tripulação, e que a abertura detectada foi selada rapidamente. Após isso, os cosmonautas realizaram um spacewalk para coletar dados e examinar a eficácia do reparo, e a nave Soyuz foi totalmente verificada e considerada segura para o retorno da tripulação à Terra. Para proteger a privacidade dos astronautas, a NASA decidiu não discutir informações médicas de seus tripulantes.

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A posição adotada pela agência espacial norte-americana é uma forma de evitar discussões prolongadas com a Roscosmos — e, embora não solucione a questão envolvendo a astronauta, é certo que a publicação russa fez várias afirmações preocupantes, principalmente ao revelar publicamente as condições de saúde de Auñón-Chancellor. Além disso, a ideia de que ela teria decidido perfurar um módulo de pressão para antecipar a volta para casa parece absurda, pois, embora o artigo afirme que a Rússia descarta que a perfuração aconteceu antes do lançamento, é mais provável que um técnico tenha danificado acidentalmente a estrutura da nave e corrigiu o erro com um remendo improvisado, que falhou devido à exposição prolongada no espaço.

De qualquer maneira, parece que a discussão sobre o incidente ainda vai longe.

A resposta da NASA 

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Já na sexta-feira (13), a NASA se posicionou em defesa da astronauta. Kathy Lueders, diretora de voos tripulados na NASA, afirmou em um tuíte que os astronautas da agência espacial, incluindo Auñón-Chancellor, são extremamente respeitados, servem ao país e fazem contribuições de valor inestimável à agência. "Damos nosso apoio à Serena e à conduta profissional dela. Não acreditamos haver credibilidade alguma nestas acusações", disse.

Um pouco após a publicação do tuíte de Lueders, Bill Nelson, administrador da agência espacial norte-americana, também se manifestou em defesa de Auñón-Chancellor. "Eu concordo completamente com a fala de Kathy", disse em um tuíte. "Dou completo apoio a Serena e sempre apoiarei nossos astronautas". As novas declarações foram feitas cerca de um dia após a publicação do artigo da TASS.

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Inicialmente, o posicionamento adotado pela NASA não exonerava Auñón-Chancellor das acusações — mas, por outro lado, é raríssimo que a agência espacial norte-americana critique a Rússia abertamente, já que ambos os países são parceiros no programa da Estação Espacial Internacional. Por isso, embora os oficiais saibam que rebater as afirmações causaria desgaste com os líderes da Roscosmos, fontes afirmam que a liderança da diretoria de astronautas da NASA ficou frustrada pela falta de apoio à astronauta, o que teria impulsionado as novas publicações.

Fonte: ArsTechnica (1, 2), Futurism