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Redemoinhos e rajadas de vento mantêm o céu de Marte empoeirado, revela estudo

Por| Editado por Rafael Rigues | 26 de Maio de 2022 às 11h30

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

Dados do rover Perseverance revelaram que os redemoinhos e rajadas de vento ocasionais em Marte são os responsáveis por levantar parte significativa da poeira que mantém o céu do planeta avermelhado, mesmo quando não ocorrem as famosas tempestades de areia marcianas. O estudo, liderado pela Aeolis Research, fornece as primeiras evidências diretas desta dinâmica no Planeta Vermelho.

Marte é coberto por uma fina poeira vermelha-alaranjada produzida pelo óxido de ferro (ferrugem) presente no solo. As conhecidas tempestades de poeira no planeta levantam grandes volumes dessas partículas até a atmosfera. Lá, elas desviam os raios solares para os comprimentos de luz mais vermelhos, por isso mudam a cor do céu.

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Ainda assim, essas tempestades costumam ser sazonais, ou seja, são mais frequentes durante o verão do hemisfério sul marciano. E mesmo quando elas não ocorrem, o céu de Marte continua “pintado” de tons avermelhados, indicando a presença de outros mecanismos responsáveis por levantar a poeira.

Desde que chegou ao planeta em fevereiro de 2021, o Perseverance registrou centenas de “dust devils” (“demônios de poeira”), como são apelidados os redemoinhos. Graças ao conjunto de instrumentos MEDA (Mars Environment Dynamics Analyzer) os cientistas puderam entender mais destes fenômenos.

Por exemplo, os sensores de radiação e poeira do MEDA conseguem detectar nuvens de poeira erguidas por redemoinhos e rajadas de vento a partir da maneira como estas partículas são transportadas pelo ar e espalham a luz do Sol. Enquanto isso, outros instrumentos medem a pressão, temperatura e velocidade do vento.

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Poeira no céu de Marte

Embora menos frequentes que os redemoinhos, as fortes rajadas de vento diurnas conseguem levantar ainda mais poeira que os redemoinhos. O maior redemoinho registrado pelo rover em seu local de pouso, na cratera Jezero, tinha 270 m de diâmetro, enquanto uma rajada produziu uma nuvem de poeira 10 vezes maior.

Estas rajadas apresentam fortes variações e turbulências. "Um comportamento que corresponde à passagem de uma grande célula convectiva", explicou o físico Ricardo Hueso, um dos coautores do estudo. O ar mais forte na borda das células joga a poeira para o céu e lá ela absorve a luz, aquecendo a atmosfera.

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Este aquecimento faz a atmosfera se expandir e, como consequência, a densidade atmosférica cai. Esta informação é fundamental para quem pretende enviar uma nave para atravessar a atmosfera marciana ou para os frequentes voos do companheiro de missão do Perseverance, o helicóptero Ingenuity.

No entanto, os autores destacaram que, por mais que as rajadas de vento cumpram um papel fundamental na dispersão da poeira, as tempestades ainda são o principal mecanismo para isto — sejam em escala local, durando poucos dias, ou em escala global, envolvendo todo o planeta por meses.

O que acontece é que tanto os redemoinhos quanto as rajadas de vento, embora menos fortes, são mais frequentes que as tempestades e por isto levantam poeira de maneira contínua. Os pesquisadores também notaram que o levantamento dessas partículas parece não ser igual por toda superfície de Marte.

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A sonda InSight, localizada na região próxima ao equador marciano chamada Elysium Planitia, observou poucos eventos relacionados ao levantamento da poeira e, de modo geral, ela é semelhante à paisagem da cratera Jezero. No entanto, a cratera está na rota das tempestades de poeira, por isso mais poeira é erguida ali.

O estudo foi apresentado na revista Science Advances.

Fonte: Science Advances, Via Space.com