Observatório aéreo SOFIA, que encontrou água na Lua, será desativado em setembro
Por Wyllian Torres • Editado por Rafael Rigues |
As operações do observatório astrofísico SOFIA serão encerradas em 30 de setembro, após a conclusão da atual fase de missão estendida, conforme divulgado pela NASA e Agência Espacial Alemã (DLR) nesta quinta-feira (28). Os motivos alegados são o alto custo das atividades do observatório e o pouco retorno científico.
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O SOFIA (sigla para Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy) é um avião Boeing 747 que transporta um telescópio infravermelho de 2,7 metros até o alto da atmosfera, usado para observar a Via Láctea. No entanto, nos últimos anos, o alto custo para manter a missão tem sido questionado.
A NASA gasta por volta de US$ 85 milhões anualmente com o SOFIA. Depois do Telescópio Espacial Hubble, esta é a missão de astrofísica mais cara da agência. A organização já havia proposto o fim da missão em suas propostas orçamentárias para os anos fiscais de 2021 e 2022.
Em novembro passado, a pequisa decenal de astrofísica Astro2020 recomentou que a NASA encerrasse a missão até 2023, alegando o alto custo e a produtividade científica limitada. “Em relação ao seu custo, o SOFIA não foi cientificamente produtivo ou impactante ao longo de sua duração”, acrescentou o documento.
Em resposta ao relatório, os funcionários da Universities Space Research Association (USRA), envolvidos nas operações científicas do SOFIA, alegaram que o documento se baseou em informações antigas que não refletem as melhoras na produtividade científica da missão.
Fim inevitável
Mesmo assim, o SOFIA não foi incluído na proposta orçamentária da NASA para o ano fiscal de 2023, publicada em 28 de março. As agências não detalharam como será o encerramento da missão, apenas que ela “terminará suas operações programadas para o ano fiscal de 2022, seguida de um desligamento ordenado”.
A diretora de comunicações externas da USRA, Suraiya Farukhi, disse que o encerramento das operações do observatório ainda está em debate entre NASA, DLR e o Deutsches SOFIA Institut (parceiro alemão da USRA no projeto). Segundo ela, mais de 700 voos ainda estão planejados, incluindo 30 sobre a Nova Zelândia.
Mais de 100 programas de observação foram aprovados na última chamada de propostas do SOFIA, mas certamente nem todos serão concluídos até setembro. No início do ano, a USRA solicitou novas propostas que começariam em outubro — que serão mantidos até novas orientações da NASA, de acordo com Farukhi.
Thomas Zurbuchen, administrador associado para ciência da NASA, disse que o fim do SOFIA não afetará em nada as relações norte-americanas com a Alemanha. Segundo Zurbuchen, as agências espaciais estão planejando um workshop para definir potenciais novos projetos “em futuros campos científicos”.
A missão SOFIA começou a ser desenvolvida em 1996 e o primeiro voo foi feito em 2010, mas somente em 2014 o observatório atingiu sua capacidade operacional. Em seus anos de trabalho, o SOFIA realizou importantes observações de planetas, regiões de formação de estrelas e até mesmo de água em cratera iluminada da Lua.