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"Osso" gasoso da Via Láctea é mapeado pela primeira vez

Por| Editado por Patricia Gnipper | 07 de Abril de 2022 às 09h23

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NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC/Caltech)
NASA/JPL-Caltech/R. Hurt (SSC/Caltech)

O primeiro mapa completo dos campos magnéticos em um “osso” da Via Láctea, composto por um filamento de gás na área de maior densidade de um dos braços da galáxia, foi produzido. O trabalho foi realizado com o observatório Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy (SOFIA), e oferece o primeiro retrato completo dos campos magnéticos existentes por ali.

Como o nome indica, os tais “ossos” são as regiões mais densas dos braços da Via Láctea. O primeiro osso foi identificado em 2013 e, desde então, os cientistas já conhecem 18 deles. Embora os astrônomos já tenham coletado medidas do tamanho, massa, temperatura, altitude e densidade destas regiões, os campos magnéticos dos “ossos” ainda não foram examinados.

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É aí que entram as observações conduzidas com o SOFIA, um observatório instalado em um avião Boeing modificado. “Antes do SOFIA, era difícil conseguir imagens dos campos magnéticos em alta resolução, ao longo de toda a estrutura dos ossos”, observou Ian Stephens, astrofísico e autor principal do estudo. “Agora, conseguimos coletar várias medidas independentes da direção do campo magnético nestes ossos”, explicou.

Com o SOFIA, a equipe do estudo observou a luz infravermelha emitida pela poeira em G47, o primeiro osso estudado em meio ao total de 10 deles. Os grãos de poeira ficam alinhados ao longo da direção do campo magnético, o que pode ser detectado através da polarização da luz infravermelha que emitem. Depois, a polarização permite mapear a orientação das linhas do campo magnético em determinado espaço.

Os “ossos” da Via Láctea

Os campos magnéticos das galáxias acompanham seus braços espirais em grandes escalas. Até então, os cientistas acreditavam que os campos dos ossos estariam alinhados em relação a eles, mas o observatório mostrou que, talvez, este não seja o caso. Na verdade, os campos magnéticos não parecem seguir a forma espiral dos braços da galáxia, e também não costumam ficar perpendiculares a eles.

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A equipe explica que os campos magnéticos têm potencial para determinar a taxa de formação estelar, além de guiarem o fluxo dos gases, a forma dos ossos e até a quantidade e tamanho de bolsões densos, cujo colapso formará estrelas. “Ao mapear a orientação dos campos, podemos estimar a importância relativa do campo magnético para a gravidade, para determinar o quanto os campos afetam o processo de formação estelar”, destacou Stephens.

O estudo revelou que, às vezes, os campos magnéticos ficam perpendiculares à parte central do osso; as regiões com campos perpendiculares tendem a ser as mais densas, onde há maior formação estelar ativa. Já em outras, os campos estão paralelos ou alinhados aleatoriamente — nelas, o campo parece ser mais forte contra o colapso gravitacional dos ossos. Assim, as regiões de formação estelar ali são mais fracas em comparação com o colapso gravitacional.

Isso sugere, portanto, que os campos magnéticos ajudam a evitar que o osso G47 colapse e contribuem para a definição da forma dele em regiões de maior densidade. Por outro lado, os campos magnéticos das regiões menos densas estão emaranhados, e não se sabe exatamente o papel que desempenham ali. Como o G47 foi apenas o primeiro osso de uma série de estudos sobre os campos magnéticos dos demais da Via Láctea, trabalhos futuros podem ajudar explicar melhor os campos das áreas de menor densidade.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: The Astrophysical Journal Letters; Via: URSA