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Máximo solar em 2024 pode causar caos na internet?

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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Goddard Space Flight Center
Goddard Space Flight Center

O atual ciclo solar chama a atenção dos especialistas em clima espacial desde 2020 por sua atividade acima do previsto. Uma nova previsão da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) indica que o pico de atividade vai começar em 2024, um ano antes do que se esperava. Para alguns cientistas, isso representa um grande perigo para nós.

Em 2020, quando o ciclo atual ainda estava no início, a NOAA se juntou a um painel formado por várias instituições científicas, cada qual com suas previsões, e concluiu que a essa década seria de tranquilidade em nossa estrela. Em outras palavras, sem muitas explosões em sua superfície.

Contudo, os pesquisadores que monitoram o comportamento do Sol notaram um aumento da quantidade de manchas solares, ficando acima dessas previsões. Essas manchas trazem erupções, que podem gerar ejeções de massa coronal (CME) em nossa direção.

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Um ciclo solar dura em média 11 anos e tem três etapas:

  • Mínimo solar: quando o Sol não apresenta quase nenhuma atividade;
  • Máximo solar: período de maior atividade;
  • Declínio: diminuição rumo ao mínimo solar do ciclo seguinte.

Atualmente, estamos no ciclo de número 25, que teve início em dezembro de 2019 e tem seu máximo anteriormente previsto para 2025. Mas os dados atualizados demonstram que a quantidade de manchas já superou o máximo solar 24 — e ainda temos chão a percorrer.

Observações de manchas solares e suas erupções ajudam os cientistas a prever as tempestades solares com cerca de dois a quatro dias de antecedência (dependendo da velocidade das partículas ejetadas). Essas tempestades são causadas pelas CMEs, que são nuvens de plasma da coroa solar expelidas em direção ao espaço.

O que são tempestades geomagnéticas

Quando essas nuvens atingem nossa atmosfera, ocorre uma tempestade geomagnética. O fenômeno é responsável pelas auroras boreais, mas também representa um perigo para as redes elétricas na Terra. Essa é a principal preocupação do professor Peter Becker, da Universidade George Mason. Ele fez um alerta sobre tais riscos em agosto, quando cientistas da universidade receberam apoio para trabalhar com o Departamento da Marinha para estudar a atividade solar e seus efeitos.

“A Internet atingiu a maioridade numa época em que o Sol estava relativamente calmo e agora está entrando em uma época mais ativa”, explicou. “É a primeira vez na história da humanidade que houve uma interseção do aumento da atividade solar com a nossa dependência da internet”.

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Becker comanda o projeto com o Laboratório de Pesquisa Naval para criar um sistema de alerta que dê tempo de preparo, caso uma tempestade solar perigosa venha em nossa direção. O intervalo é curto: após uma CME poderosa, que pode atingir diferentes velocidades, o tempo para mitigar os efeitos são de dois a quatro dias.

"[A atividade solar e seus impactos nos sistemas da Terra] são especialmente importantes para a Marinha — e, principalmente, para o Departamento de Defesa —, proque as explosões altamente energéticas do Sol podem ter um impacto forte e negativo na comunicação de rádio e de internet na Terra", disse Becker. "E elas podem também ter efeito prejudicial em sistemas de navegação e redes elétricas na Terra", acrescentou.

Quando nuvens de plasma atingem nosso planeta, o campo magnético terrestre nos protege, mas essa interação também pode criar um excesso de carga elétrica indo em direção ao solo. Se necessário, governos, empresas e instituições vão ter poucos dias para tomar providências e evitar uma catástrofe tecnológica.

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Efeitos de tempestades solares na internet

O professor alerta que sistemas de aterramento não resolvem o problema, pois “se você direcionar correntes indutivas para a superfície da Terra, isso pode causar um efeito reverso, e você pode acabar na verdade fritando as coisas que você achava que estavam relativamente seguras".

Becker destaca que a internet não foi projetada para suportar interferências em comunicação em tal proporção. “Se colocar isso no contexto do auge da internet, com seus eletrônicos muito delicados, é algo que poderia fritar o sistema por um período de várias semanas a meses, em termos do tempo que levaria para reparar toda a infraestrutura — todos os interruptores eletrônicos, todos esses armários eletrônicos em todos esses prédios de escritórios. Isso tudo poderia fritar”, alertou ele.

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O professor destacou também os efeitos econômicos causados por fenômenos do tipo. As estimativas de Becker são de que uma evento como este causaria um prejuízo na ordem de 10 a 20 bilhões de dólares por dia, apenas na economia dos EUA.

Fonte: George Mason University, Fox Weather