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Marte pode ter abrigado microrganismos "autodestrutivos" no passado

Por| Editado por Patricia Gnipper | 10 de Outubro de 2022 às 16h28

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ESA & MPS for OSIRIS Team
ESA & MPS for OSIRIS Team

Um estudo de cientistas liderados por Boris Sauterey, astrobiólogo do Instituto de Biologia da Escola Normal Superior, na França, sugere que, se Marte tiver abrigado microrganismos produtores de metano, eles teriam causado uma grande mudança climática por lá. Ao invés de aquecer o planeta, o metano teria causado um resfriamento descontrolado, levando os possíveis microrganismos para cada vez mais fundo na crosta marciana para tentar sobreviver.

Para o estudo, os pesquisadores consideraram as bactérias metanogênicas na Terra, que emergiram em meio aos primeiros seres vivos do nosso planeta. Elas produziram metano, composto que ajudou a aquecer e estabilizar o clima terrestre — hoje, o metano é considerado um dos mais preocupantes gases causadores do efeito estufa.

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Pensando neste cenário, os cientistas consideram que, como os organismos metanógenos são alguns dos seres vivos mais simples e resistentes conhecidos, eles poderiam sobreviver em Marte. Assim, os autores usaram estudos anteriores da biosfera da Terra e produziram um modelo do planeta vizinho no período Noachiano, época em queprovavelmente tinha água líquida e uma atmosfera espessa por lá.

Sauterey explica que, naquele período, a superfície de Marte tinha grandes semelhanças com aquelas da Terra primordial, e a equipe esperou demonstrar que os organismos metanógenos causariam algum efeito semelhante na biosfera marciana. Entretanto, eles chegaram a um cenário bem diferente: conforme os microrganismos devoravam o hidrogênio e produziam metano, eles desaceleraram o efeito estufa que aquecia Marte.

Já existiu vida em Marte?

Os modelos mostraram que, conforme o Planeta Vermelho foi esfriado, a maior parte da água se transformou em gelo e a temperatura caiu para -60 ºC. Em algumas centenas de milhões de anos, os microrganismos teriam sido forçados a se abrigar a mais de 1 km de profundidade, mas os pesquisadores identificaram também alguns lugares que sugerem que tenham sobrevivido mais perto da superfície.

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Um deles é a cratera Jezero, o local que o rover Perseverance vem explorando e coletando amostras, e os demais são as planícies Hellas e Isidis Planitia. “Os lugares mais quentes são, normalmente, os mais profundos”, observou Sautey. “No fundo destas crateras e vales, o clima é muito mais quente do que no resto da superfície, e é por isso que seria muito mais fácil procurar evidências destas formas de vida ali”, acrescentou.

Ele observa que as conclusões do estudo sugerem que, se tiver existido, a vida em Marte não é naturalmente autossustentável como alguns biólogos consideram que seja tenha sido o caso na Terra. “Os ingredientes para a vida estão em todos os lugares no universo, então é possível que a vida apareça regularmente”, disse. “Mas a inabilidade da vida em manter condições habitáveis na superfície do planeta faz com que seja extinta muito rapidamente”.

Embora os modelos indiquem que os microrganismos não poderiam sobreviver na superfície de Marte a longo prazo, Sauterey especula que, talvez, o planeta ainda tenha organismos descendentes daquela biosfera primitiva — e, se este for o caso, os seres podem estar sob os três pontos indicados. Além disso, ele acredita que a equipe pode ajudar os cientistas a entender se os planetas do Sistema Solar e de outros mundos podem ter vida.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Astronomy.

Fonte: Nature Astronomy; Via: Space.com, Inverse