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Mistérios de Marte: 5 perguntas sobre o Planeta Vermelho ainda sem respostas

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

Marte é um planeta que atrai interesse popular e científico há séculos — tanto que a humanidade já passa dos 60 anos de missões enviadas com destino ao Planeta Vermelho, para buscar respostas para perguntas antigas, além de trazer novos questionamentos. Mesmo com tanto que já descobrimos sobre nosso vizinho, ainda há vários mistérios de Marte, que, por enquanto, seguem sem solução.

De todos os planetas que formam o Sistema Solar, o Planeta Vermelho foi o mais explorado até o momento — além da Terra, claro. Com as informações coletadas pelos diferentes visitantes robóticos já enviados para lá, foi possível descobrir que este é um planeta com uma fina atmosfera, além de ser bastante seco e frio — características nada agradáveis para formas de vida existirem.

Agora que missões tripuladas com destino a Marte não parecem mais algo que aconteceria somente nas obras de ficção científica, pode ser que estejamos mais próximos de conseguir as respostas para perguntas antigas, como a existência (ou não) de vida por lá, o que aconteceu no passado do planeta para torná-lo o mundo árido que é hoje, entre outras questões.

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5 mistérios de Marte que ainda não foram resolvidos

Descubra, abaixo, alguns dos mistérios de Marte que continuam sem resposta, que vão desde a ocorrência de metano até os desafios para a possível sobrevivência humana por lá no futuro:

Por que o metano ora aparece, ora some?  

O metano é a mais simples das moléculas orgânicas. Como esse gás pode ser produzido por processos bióticos na Terra, identificá-lo em Marte poderia indicar uma possível bioassinatura de seres vivos — mas, por outro lado, o metano também pode ser gerado por processos que não dependem da vida, como a atividade vulcânica ou pela interação da água com minerais. Por isso, encontrá-lo no Planeta Vermelho talvez sinalize algum processo do tipo em andamento.

Por enquanto, o metano apareceu de formas bem discrepantes para instrumentos diversos. Por exemplo, a sonda europeia Mars Express identificou o gás na atmosfera em 2003, enquanto o rover Curiosity, que explora a cratera Gale desde 2012, encontrou níveis variados do metano na região, incluindo um pico em 2019. Em contraste, temos ainda o orbitador Traces Gas Orbiter, também da Agência Espacial Europeia, que não detectou sinais de metano na atmosfera marciana.

Esse mistério da presença e ausência do metano, somado às discrepâncias nos dados coletados pelas diferentes missões que estudam Marte, intriga cientistas há tempos e pode estar mais próximo de uma solução. Um novo estudo propôs que, talvez, essas diferenças apareçam porque a concentração do metano varia ao longo do dia na região da cratera. Como pode haver mais processos em andamento que destroem o gás, mais estudos são necessários.

O que aconteceu com a água de Marte?

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Há cerca de 4 bilhões de anos, a Terra e Marte compartilhavam várias características, como temperaturas mais amenas e água suficiente para formar oceanos e lagos. Mesmo que o Planeta Vermelho pareça ter sido quase um “irmão” da Terra no passado, o que encontramos hoje é um vizinho frio e árido, que mostra apenas vestígios e fósseis dos rios e lagos que um dia ocorreram por lá. Ainda não se sabe exatamente o que aconteceu com toda essa água que já existiu no planeta, e os cientistas propõem que grande parte dela teria desaparecido.

Segundo a teoria mais aceita atualmente, essa água teria escapado para o espaço em um passado distante. Contudo, como não ficou claro o que realmente aconteceu, há vários estudos em andamento para investigar para onde a água do planeta foi e quais processos estariam envolvidos nesse mistério. Por exemplo, as tempestades de poeira que varrem Marte podem ter “culpa” nisso, por terem contribuído para transformar o planeta no deserto que é hoje.

Já outro cenário propõe que, de fato, o escape atmosférico é um mecanismo a ser considerado, mas não sozinho. Ao analisar a proporção de deutério para hidrogênio na atmosfera marciana, pesquisadores acreditam ser possível que grande parte da água tenha ficado retida na crosta marciana, ao invés de ter escapado para o espaço.

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De onde vieram as luas Fobos e Deimos? 

Marte é orbitado pelas luas Fobos e Deimos. A primeira tem diâmetro de 22 km e é a mais interna, enquanto a outra tem apenas 12 km de diâmetro e é a mais externa. As duas têm formas curiosas e tão irregulares que lembram muito pouco as de luas propriamente ditas e, para completar, têm crateras na superfície que correspondem àquelas encontradas em asteroides.

Assim, por muito tempo, foi considerado que ambas seriam asteroides capturados pela gravidade do planeta. Contudo, se este fosse o caso, elas teriam que orbitar Marte seguindo uma trajetória excêntrica com inclinação aleatória, algo bem diferente do que acontece: ambas têm órbita quase circular, que acompanha o plano equatorial de Marte. Outro cenário sobre as origens delas, que compete com o que mencionamos acima, propõe que as duas luas teriam acompanhado a formação de Marte logo no início do Sistema Solar.

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As origens delas ainda não estão esclarecidas, e há vários estudos em andamento para tentar entender de onde podem ter vindo — um deles, por exemplo, propõe que as duas teriam uma origem violenta, nascidas de um único impacto ocorrido há bilhões de anos. Felizmente, a agência espacial japonesa JAXA planeja enviar uma missão com um orbitador e rover rumo a Fobos, em 2025, que irá explorar a lua e coletar amostras dela e, quem sabe, ajude a esclarecer de onde elas vieram.

A vida existe — ou pode ter existido — em Marte?  

Pois é, esta é uma pergunta que os cientistas tentam responder há mais de um século. Hoje, já sabemos que, no passado, Marte foi um planeta mais úmido e com temperaturas um pouco mais amenas do que aquelas encontradas por lá hoje, as quais tornam o planeta muito pouco hospitaleiro para formas de vida como conhecemos poderem existir e se desenvolver em condições tão pouco favoráveis.

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Naquele período remoto, havia locais que poderiam, talvez, ter abrigado vida microbiana — a cratera Gale, por exemplo, já teve um lago, cuja água poderia ser adequada para formas de vida. Ainda não sabemos ao certo se esses microrganismos realmente ocorreram no planeta e, caso tenham existido, eles podem ter se comportado como aqueles da Terra, que vivem abaixo da superfície e utilizam os produtos de reações químicas que ocorrem quando as rochas entram em contato com a água.

Embora os engenheiros da NASA sigam protocolos rígidos para minimizar a quantidade de organismos que possam "pegar carona" em missões espaciais, existem chances de que, caso alguma forma de vida seja identificada por lá, esta tenha vindo da Terra. De qualquer forma, novas respostas para esta questão devem aparecer com o tempo: a NASA pousou o rover Perseverance em Marte para estudar a cratera Jezero, local que comporto um lago há bilhões de anos. Se seres vivos tiverem realmente existido no planeta, a cratera pode ter sinais deles preservados.

Humanos podem viver em Marte? 

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Para descobrir se, afinal, a vida existiu — ou, quem sabe, ainda exista — em Marte, pode ser necessário enviar humanos para lá para investigarem esta e outras questões pessoalmente. Há missões tripuladas para o planeta nos planos de agências espaciais como a NASA, que planeja levar astronautas para o planeta na próxima década, mas esta não é uma tarefa nada fácil.

Primeiro, a melhor janela de lançamentos com o momento de maior proximidade entre a Terra e Marte se abre somente a cada dois anos. Além disso, há vários desafios científicos e tecnológicos que precisam de solução para uma empreitada dessas poder sair do papel, já que os astronautas vão enfrentar longos meses de viagem e ficarão expostos a condições perigosas para o corpo, como a radiação espacial, que os acompanharia até o fim da missão.

Após conseguir pousar o veículo, a tripulação teria que conseguir viver e trabalhar em um planeta tão diferente do nosso usando o que há disponível por lá, para depender o mínimo possível de envios de suprimentos da Terra — a água, por exemplo, teria que ser extraída tanto para os astronautas consumirem quanto para ser usada na produção de combustível de foguetes. Por fim, temos, ainda, questões relacionadas à saúde física e mental dos astronautas, que vão passar um longo período confinados com os colegas de cabine, longe de casa, e terão efeitos no corpo, como aqueles causados pelo excesso de tempo de exposição à microgravidade.

Fonte: Space.com (1, 2), Live Science, Universe Today, Smithsonian Mag, Interesting Engineering, BBC