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Atividade solar está acima do esperado, e a "culpa" pode ser das previsões

Por| Editado por Rafael Rigues | 23 de Junho de 2022 às 11h45

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NASA, ESA, SOHO-EIT Consortium
NASA, ESA, SOHO-EIT Consortium

Um novo estudo de Scott McIntosh, físico solar do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica nos Estados Unidos, junto de outros autores, sugere que a atividade solar observada atualmente pode indicar que os cientistas precisam rever as formas de prever e até de analisar os ciclos do nosso astro. O Sol está bem mais ativo do que o previsto para o ciclo atual, e os autores propõem uma nova forma de prever a atividade solar.

A cada 11 anos, em média, os polos magnéticos do Sol trocam de lugar um com o outro; portanto, o polo magnético do norte se torna o do sul, e vice-versa. Essa troca acontece junto do máximo solar, nome que indica o pico de atividade do Sol com mais manchas solares, erupções e ejeções de massa coronal. Após a inversão dos polos, a atividade solar diminui.

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Depois, ela volta a subir até alcançar um novo pico — no momento, estamos na subida de atividade do 25º ciclo solar. Para analisar a atividade dos ciclos, os cientistas trabalham com as manchas solares (regiões que aparecem como manchas escuras na superfície do Sol), mas alguns acreditam que a quantidade delas não seja uma boa referência para a previsão dos ciclos.

“O ciclo das manchas solares não é a parte primária, é a secundária”, observou McIntosh. Ele destacou que, neste caso, a primária seria o chamado “Ciclo de Hale”, um ciclo magnético de 22 anos, e que o ciclo das manchas solares é apenas um pedacinho de algo muito maior.

Segundo os modelos atuais, as manchas solares são o resultado de um processo que une a rotação do Sol às linhas do campo magnético do nosso astro. “Você tem um sistema muito complexo dentro do Sol, e assim como todos os sistemas físicos, fazemos simplificações ou aproximações para tentar entender o que está acontecendo”, disse McIntosh. Só que pode haver outros processos por trás delas.

O comportamento do Sol

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Considerando as limitações dos modelos, ele propõe que as manchas solares podem vir de padrões de interferência, causados pelos campos magnéticos dos Ciclos de Hale. “O ciclo das manchas solares é um resultado da interação entre estes ciclos magnéticos maiores”, disse ele. “Os campos magnéticos querem se cancelar o tempo inteiro”.

Com base nas descobertas da tal interferência, ele e seus colegas conseguiram previsões do ciclo solar atual, que correspondem melhor com as observações atuais do que o proposto por previsões oficiais (que trabalharam com as manchas solares). “O ciclo solar atual trouxe uma oportunidade”, ressaltou ele.

Enquanto os demais cientistas estivessem trabalhando com as manchas solares, McIntosh e seus colegas seguiram em direção oposta. “Isso significa que, se nos aproximamos [das previsões dos demais], então realmente vamos precisar rever como as estrelas criam campos magnéticos”, disse.

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Vale lembrar que, por enquanto, o cenário proposto por ele e seus colegas é teórico, e ainda há lacunas a serem preenchidas: por exemplo, o mecanismo que impulsiona as faixas de atividade magnética no Sol é desconhecido; é possível que ondas gravitacionais tenham papel importante nisso, mas não há informações suficientes para ter certeza.

Por isso, mais dados serão necessários — principalmente nas áreas próximas dos polos do Sol, durante a formação do novo ciclo. Normalmente, não é possível observá-los em função da posição da Terra em relação à estrela, mas a missão Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia, poderá estudá-los por volta do início do novo ciclo.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Frontiers in Astronomy and Space Sciences.

Fonte: Frontiers in Astronomy and Space Sciences; Via: Science Alert