Campo magnético global da coroa solar é medido pela primeira vez
Por Daniele Cavalcante |
Quando o assunto é a segurança do nosso planeta, estudar o campo magnético do Sol tem sido uma das missões mais importantes das últimas décadas - e será crucial nos próximos anos. Por isso, uma equipe internacional de físicos solares se dedicou a um estudo inédito: a medição do campo magnético global da coroa solar.
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Embora os cientistas saibam que o ciclo da atividade solar acontece a cada 11 anos, a nossa tecnologia atual não nos permite prever quando exatamente uma tempestade magnética irá nos atingir. Também não podemos saber a intensidade da próxima que acontecer, podendo ela ser sutil ou catastrófica. Tudo o que podemos é vê-la quando já estiver se aproximando, e tomar as precauções nas poucas horas que ela levará até chegar ao nosso planeta.
Também é preciso ter em mente que os ciclos de atividade solar nem sempre duram exatamente 11 anos. Por isso, saber o máximo sobre o fenômeno será importante. Afinal, uma atividade das grandes pode nos trazer um prejuízo sem precedentes à economia global. Para aprender mais sobre essas atividades magnéticas da nossa estrela, a equipe internacional de físicos mediu o campo magnético da camada mais externa da atmosfera do Sol, e publicou os resultados na revista Nature.
Eles usaram observações do Coronal Multi-channel Polarimeter (CoMP), um instrumento capaz de nos fornecer medições de radiação infravermelha proveniente da atmosfera solar. O pioneirismo do estudo está no fato de ter sido a primeira vez que essa medição foi realizada em torno de todo o globo solar (até então, foi feito apenas a medição na fotosfera). Isso é importante porque campo magnético do Sol governa muitos aspectos do comportamento do astro, resultando nas erupções solares e no aquecimento do plasma na coroa - a camada mais externa da atmosfera solar.
Esse campo magnético atravessa todas as camadas da atmosfera do Sol - a fotosfera, a cromosfera e a coroa solar. E as atividades nessas camadas são diferentes em cada parte do globo. Por exemplo, em algumas partes acontecem explosões, enquanto em outras podem ser observadas manchas solares. Por isso, é preciso obter informações sobre o campo magnético de toda a atmosfera para entender a interação entre ele e o plasma solar.
O novo estudo usou uma técnica chamada magnetoseismologia, que faz uso de ondas magnéticas conhecidas como ondas de Alfvén, que se propagam ao longo dos campos magnéticos. A velocidade com que essas ondas viajam depende da força do campo magnética - ou seja, se pudermos medir a velocidade com que elas estão viajando, podemos estimar a força da atividade no campo magnético.
Como explica o Dr. Morton, um dos autores do estudo, “os dados coletados pelo CoMP revelam que a coroa do Sol está cheia dessas ondas Alfvén e nos fornece a melhor visualização disponível delas”. Ele compara a técnica com o processo usado pelos, que “usam terremotos para descobrir como seria o interior da Terra”.
A técnica poderá permitir aos pesquisadores a criação de mapas globais do campo magnético coronal, preenchendo assim a lacuna das medições atuais do magnetismo solar. Isso pode representar um salto na compreensão de como o campo magnético atua e altera as diferentes camadas da atmosfera da nossa estrela, assim como dos mecanismos físicos responsáveis pelas erupções e pelo ciclo de onze anos.
Fonte: Phys.org