Astronautas conferem interior da espaçonave Starliner após sua chegada à ISS
Por Wyllian Torres • Editado por Rafael Rigues |

No último sábado (21), os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) se tornaram as primeiras pessoas a visitar a nave Starliner, da Boeing, no espaço. Ela se atracou pela primeira vez ao laboratório orbital durante a missão de teste OFT-2, e deverá retornar à Terra nesta quarta-feira (25), após uma série de testes para avaliar seu desempenho.
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Assim que a Starliner abriu sua escotilha dianteira por volta das 13h04 (horário de Brasília) do sábado, o astronauta da NASA Bob Hines se tornou a primeira pessoa a visitar a nave. Poucos minutos depois, o astronauta da NASA Kjell Lindgren e o cosmonauta russo Denis Matveev se juntaram a Hines.
No início, os tripulantes usavam máscaras e óculos de proteção — um procedimento padrão realizado quando uma nova nave chega à ISS — contra eventuais partículas que estivessem flutuando no interior da cápsula. Uma vez seguros, os astronautas removeram os equipamentos.
Então eles começaram a inspecionar o interior da Starliner e, além de algumas fotos, fizeram um vídeo passeando por ela. “Bem-vindo à Starliner, pela primeira vez no espaço”, acrescentou Hines. A cápsula atracou automaticamente no módulo Harmony da ISS por volta das 21h28 da sexta-feira (20).
Mas antes disso, ela permaneceu próxima à ISS por mais tempo que o programado por conta de alguns problemas em seu sistema de acoplamento. Hines ressaltou que, por se tratar de um teste, falhas assim são esperadas. “Se não encontramos algo assim, provavelmente estamos fazendo algo errado”, ponderou.
Hines, Lindgren e as astronautas da NASA Jessica Watkins e Samantha Cristoforetti chegaram à ISS no mês passado a bordo da nave Crew Dragon da SpaceX, durante da missão Crew-4 — o q uarto voo operacional da empresa para a NASA e a sétima viagem tripulada no geral.
Primeiro retorno da Starliner
Enquanto a SpaceX transporta astronautas para ISS rotineiramente desde maio de 2020, a Boeing enfrentou uma série de falhas nos testes de voo com a Starliner. Primeiro, na missão OFT-1, no final de 2019, e depois em julho do ano passado, na primeira tentativa de lançamento da missão OFT-2.
Finalmente, no dia 19 de maio a missão OFT-2 decolou com a Starliner rumo à ISS. E apesar de alguns problemas técnicos com os propulsores e sistema de resfriamento da nave, ela alcançou o laboratório orbital menos de 24 horas depois.
A NASA firmou contratos com a SpaceX e Boeing em 2014 para o transporte de astronautas à ISS e de volta à Terra. O contrato com a Boeing prevê seis missões tripuladas é estimado em mais de US$ 5,1 bilhões, além de US$ 3,1 bilhões para os trabalhos envolvidos no lançamento comercial. A Boeing gastou US$ 595 milhões com a missão OFT-2 e os atrasos envolvidos nela.
O Programa de Tripulação Comercial da NASA foi criado estabelecer um acesso independente à ISS após a aposentadoria do ônibus espacial. Antes da Crew Dragon, os astronautas acessavam o laboratório orbital apenas com a nave russa Soyuz. Mas a Starliner ainda precisa ser aprovada para fazer o mesmo.
Até a Starliner se despedir da ISS, os astronautas realizarão uma série de testes para verificar seu desempenho. Além disso, eles desempacotarão cerca de 226,7 kg de suprimentos e equipamentos que chegaram com a nave e a reabastecerão com 272,1 kg de carga que voltará à Terra.
A nave está programada para deixar o laboratório orbital por volta das 15h36 desta quarta. Às 19h02, a Starliner fará uma manobra de frenagem para desorbitar. Então o módulo de tripulação reutilizável descartará o módulo de serviço e inciará sua reentrada na atmosfera.
Durante a descida, a nave acionará seus paraquedas e ativará seus airbags para amortecer o pouso em White Sands Missile Range, no Novo México, por volta das 19h49. O retorno da Starliner pode ser adiado caso as condições meteorológicas não sejam favoráveis, mas por enquanto a previsão do tempo segue boa.
Após o pouso, a Boeing levará a Starliner de volta ao Kennedy Space Center, da NASA, onde ela será verificada e reformada para uma futura missão tripulada — só então saberemos se a nave estará pronta ou não para transportar astronautas à ISS.
Fonte: Spaceflight Now