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Mundo Mistério | Episódio 8 promove discussão sobre o aquecimento global

Por| 20 de Setembro de 2020 às 14h00

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Reprodução/Netflix, Edição/Canaltech
Reprodução/Netflix, Edição/Canaltech
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Um dos assuntos mais polêmicos e responsáveis por dividir opiniões e gerar fake news é o aquecimento global, que muitos consideram como uma grande conspiração. E foi com isso em mente que a série Mundo Mistério, da Netflix, resolveu fechar a primeira temporada abordando essa questão. O Canaltech fez um especial trazendo à tona os aspectos mais científicos e tech de cada um dos episódios da série protagonizada pelo youtuber Felipe Castanhari, e não poderia ser diferente com o oitavo e último episódio.

"Os episódios foram temas que eu escolhi basicamente por amostragem do meu canal, sabendo que a minha audiência gostaria que eu fizesse um vídeo sobre, e temas que eu sei que teriam sinergia com a ciência. Então a gente tinha que passar pela ciência, os temas precisavam ser explicados pela ciência, esses mistérios, e cada um deles foi focado em mostrar ciência em um aspecto específico", conta Castanhari. Ele também já falou ao Canaltech sobre os bastidores por trás da série.

No episódio em questão, os personagens se deparam com a visita do proprietário do laboratório (Wendel Bezerra), que foi acusado de crimes ambientais e está buscando uma maneira de provar que suas fábricas não têm culpa em relação a poluição e ao aquecimento global. Sem ter conhecimento das intenções do proprietário, Castanhari, o zelador Betinho (Bruno Miranda) e a Dra. Thay (Lilian Regina) passam a expor diferentes teorias e comprovações acerca do aquecimento global e do efeito estufa, com direito a uma comparação da situação nas últimas décadas, por exemplo.

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Para entender melhor os conceitos propostos no episódio, conversamos com Allan Pscheidt, coordenador do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário FMU. Ele começa explicando que o aquecimento global é um fenômeno resultante dos gases de efeito estufa na atmosfera do planeta que permite que parte dos raios solares na superfície do planeta seja refletida de volta, mantendo temperaturas que possibilitam a vida.

Diferente do que se imagina, esse aquecimento, na verdade, é benéfico e evita o congelamento do planeta, contudo como é causado por gases é afetado por eles: o aumento ou a diminuição dos gases de efeito estufa interfere na temperatura global. "Na história do planeta, ciclos de carbono marcaram a alteração climática e a extinção de espécies, contudo, desde a revolução industrial o nível de gases efeitos, principalmente dióxido de carbono e metano, atingiu proporções maiores que todo o registro paleoclimático conhecido. Além do dióxido de carbono e metano, são outros gases estufa: óxido nitroso, perfluorcarbonetos e vapor de água", explica o professor.

Já o efeito estufa é o fenômeno causado pela retenção do calor gerado pelos raios solares na forma de radiação infravermelha no planeta. Allan explica que quando os raios solares atingem a superfície terrestre, parte é emitida como radiação infravermelha de volta para a atmosfera. Os gases estufa na atmosfera absorvem este calor que é em parte irradiado de volta para a superfície e aquecem o planeta. Este processo é fundamental para a existência da vida. Contudo nas últimas décadas o aumento de gases estufa na atmosfera impactou no aquecimento global.

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Como o próprio episódio deixa claro, o aquecimento global é um assunto que traz muitas fake news e teorias conspiratórias. "Como a dinâmica de variação de temperatura é natural no planeta, há dificuldade na compreensão das mudanças climáticas e o impacto humano no aquecimento global. A distorção de conceitos científicos e a manipulação de dados também contribui para a desinformação e influência em decisões".

Quem tem culpa no aquecimento global?

O episódio ainda levanta uma questão: quem seria o culpado pelo aquecimento global? Seria o Sol? A estrela anã responsável por possibilitar luz para a fotossíntese das plantas e, assim a produção de alimentos para o ciclo alimentar, também possibilita calor para a existência da vida no planeta. No entanto, segundo Allan, não há nenhum estudo científico que sugira algum efeito prejudicial do Sol no aquecimento global.

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"Toda a emissão de gases estufa causada por plantas e animais esteve dentro da variação normal na dinâmica do clima de temperaturas, contudo a atividade humana, principalmente na queima de combustível fóssil e carvão, gerou desde a Revolução Industrial um acúmulo de gases estufa na atmosfera e, com isso, o aumento maior de temperatura que comparado ao registro climático anterior. Soma-se a isso a destruição de florestas e a poluição dos oceanos que mata a vida marinha responsável pelo consumo de metano e dióxido de carbono da coluna de água", explica o professor.

Mas se o Sol não é culpado, então qual exatamente é a culpa dos seres humanos no aquecimento global? Segundo Allan, a Revolução Industrial trouxe avanços significativos na produtividade e relações trabalhistas, contudo a maior atividade humana aliada à queima de combustíveis e crescimento das cidades e desmatamento possibilitou maior concentração de gases estufa, ameaçando toda a vida do planeta que é a nossa única morada. "Assim, se faz urgentemente necessário buscar alternativas sustentáveis de produção de energia, diminuição da queima de combustíveis, políticas de conservação ambiental e preservação de florestas, além da recuperação das áreas degradadas evitando processos como a desertificação e o derretimento das geleiras", aponta o coordenador do curso de Ciências Biológicas.

Questionado sobre o porquê do assunto ser tão polêmico, Allan disserta que a ciência se baseia em dados e em tecnologia para obtenção desses dados, e a desconfiança surge porque a Ciência trabalha com hipóteses para explicação dos fenômenos e não com verdades universais. "As teorias podem ser estudadas, revisadas e alteradas conforme o avanço tecnológico e a compreensão dos cientistas. Também a produção científica não implica no desenvolvimento ou reposta positiva de algo, as vezes os dados são inconclusivos ou negativos, necessitando de novos estudos ou novas tecnologias que ainda não existem", aponta.

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"E isso é por outro lado, a ciência tem como premissa a divulgação e a informação integral, contudo os dados podem ser manipulados por outras pessoas afim de criar cenários e possibilidades favoráveis ou desfavoráveis a uma tomada de decisão. A conspiração surge quando governos, empresas ou grupos colocam na equação apenas os efeitos econômicos a curto prazo. O avanço tecnológico demanda investimentos contínuos em estudos científicos e na valorização de todas as áreas de conhecimento", o professor conclui.

Esse e outros assuntos científicos fazem parte da primeira temporada de Mundo Mistério, que já se encontra no catálogo da plataforma de serviços streaming.

A segunda temporada ainda não foi confirmada, mas Castanhari já demonstra empolgação: "O formato é uma coisa muito nova, que a gente teve que descobrir no meio do processo, então eu fiquei feliz com o resultado, mas eu vejo coisas que a gente poderia fazer diferente e poderia melhorar. Tudo o que eu espero é poder aplicar uma segunda temporada".