Gavião Arqueiro | O Rei do Crime vai aparecer na série? Quais as chances?
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |

O terceiro episódio de Gavião Arqueiro colocou em evidência um rumor que há tempos circulava em torno da nova série do Disney+: a de que o Rei do Crime vai finalmente retornar ao Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês). E o que antes parecia ser apenas um delírio dos fãs começou a ganhar forma e indícios bem claros de que Wilson Fisk está mesmo a caminho.
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A possibilidade de que o líder do submundo do crime em Nova York apareceria na série era algo aventado desde antes da estreia, mas o capítulo mais recente da trama, Ecos, colocou algumas pistas até bastante óbvias de que o vilão é mesmo a grande ameaça invisível da história.
E por que isso é importante? Primeiramente, porque o Rei do Crime da série Demolidor foi uma das melhores coisas que o universo de heróis da Marvel na Netflix apresentou. O ator Vincent D'Onofrio deu vida a esse criminoso que transita do suave ao brutal em questão de segundos de uma forma tão visceral que é difícil imaginar outra pessoa no personagem que sempre foi muito importante nos quadrinhos.
Outro ponto é o que esse eventual retorno representa. Desde o fim do universo da Netflix, os fãs pedem para que alguns personagens sejam integrados de vez ao MCU — sobretudo o Demolidor e o próprio Rei do Crime. E os boatos sobre isso acontecer não são poucos e vão desde Gavião Arqueiro até o vindouro Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, passando por uma suposta imagem do novo visual do personagem. E, mais uma vez, o que antes parecia um delírio começa a soar cada vez como algo bem provável de acontecer.
As pegadas do Rei do Crime
As especulações de que Wilson Fisk poderia aparecer em Gavião Arqueiro começaram antes mesmo da estreia da série, quando alguns fãs perceberam que a Marvel estava evitando falar nos vilões da história. É claro que a relação entre Clint Barton (Jeremy Renner) e Kate Bishop (Hailee Steinfeld) era o centro da coisa toda, mas não tem como ter uma aventura de heróis sem um grande inimigo por trás disso.
E por mais que tudo apontasse para que Jack Duquesne (Tony Dalton) fosse essa ameaça invisível da trama — ele é o vilão Espadachim nos quadrinhos — tudo soava muito óbvio. Assim, parecia natural que outra pessoa estivesse por trás de tudo. E quem se encaixa perfeitamente nesse ponto?
A primeira grande evidência está no primeiro episódio da série, ainda que de forma bem sutil. A cena inicial, ambientada em 2012, traz uma discussão da família Bishop, com Eleanor (Vera Farmiga) brigando com o marido por causa da situação financeira. Em resumo, eles estão falidos em um nível que estão prestes a perder a cobertura em que sempre viveram.
Esse é um detalhe que passa despercebido porque, logo em seguida, vemos como esse evento aparentemente corriqueiro se conecta com o MCU, mostrando a invasão de Nova York do primeiro Vingadores e como Kate passou a admirar o Gavião Arqueiro.
O mais importante dessa cena, porém, é o fato de que os Bishop estão quebrados e, nove anos depois, Eleanor aparece como uma bilionária dona de uma empresa de segurança.
É claro que esse salto financeiro da mãe de Kate pode ser explicado por empreendedorismo e muito suor, mas não há como não suspeitar do crescimento patrimonial tão expressivo em apenas nove anos. E isso fica ainda mais suspeito quando pensamos que esse é um ramo que pode ser muito bem usado para acobertar atividades criminosas de Fisk ou para garantir acesso a informações privilegiadas que o ajudem em seus negócios escusos.
Nos quadrinhos, o modus operandi do Rei do Crime é justamente esse. Ele nunca tem contato direto com o pessoal que realmente suja as mãos — como é o caso da Gangue do Agasalho —, preferindo lidar com pessoas igualmente poderosas e influentes que vão abrir caminho para a lavagem de dinheiro e fechar os olhos para todas as suas ilicitudes. Nesse ponto, a fortuna dos Bishop pode ter vindo justamente dessa parceria.
Quem é o Tio?
Se essa explicação não é o suficiente para você, pode ser que as pistas deixadas no terceiro episódio sejam mais convincentes — até porque elas são bem mais concretas nesse sentido. Afinal, seria Wilson Fisk o tal Tio a que a Gangue do Agasalho se refere?
Em determinado momento do capítulo, Kate e Clint conversam sobre os criminosos e o Gavião Arqueiro pontua que Maya Lopez (Alaqua Cox) não é a verdadeira líder e que há alguém acima dela, “alguém com quem você não quer mexer”.
E esse alguém aparece de relance no flashback inicial que conta a história de Maya. A criança surda está treinando caratê quando seu pai chega e diz que não vai conseguir vir buscá-la mais tarde e que seu tio vai fazer isso. No entanto, fica claro que não se trata de um parente de verdade, mas alguém que tem esse apelido — tanto que as legendas fazem do substantivo um nome próprio. É nessa cena que vemos um homem chegar com seu terno preto e apertar a bochecha da criança.
De todas as pistas deixadas pela Marvel, essa é a que mais sugere que o Tio é mesmo o Rei do Crime. Primeiro porque o homem é branco, enquanto Maya e seu pai são nativo-americanos. Além disso, a mão gordinha e o terno preto lembram muito o visual de Vincent D’Onofrio em Demolidor.
Como se não bastasse, há um pequeno easter egg ainda no flashback. Quando Maya está mais velha e vê o Ronin matar seu pai, ela chega a uma oficina mecânica que serve de base para a Gangue do Agasalho. E o local traz o sugestivo nome de “Fat Man”, ou seja, “Gordo”, que é uma das formas que muita gente se refere ao Rei do Crime nos quadrinhos.
Eco e Fisk nos quadrinhos
Aliás, essa proximidade da pequena Maya com Wilson Fisk é algo que ecoa a relação dos dois nos quadrinhos. Assim como a série apresenta, a garota também tem uma incrível habilidade de percepção que permite que ela mimetize qualquer movimento que ela veja — e o Rei do Crime logo vê maneiras de se aproveitar disso.
Nas HQs, é o vilão quem manda matar o pai de Maya Lopez e prontamente se oferece para adotá-la. Com isso, ele passa a treiná-la e a transforma em uma habilidosa assassina. É nesse contexto que Eco cruza seu caminho com o Demolidor, acreditando que foi o herói responsável pelo assassinato de sua família.
O MCU parece ter adaptado isso muito bem. Ainda que a personagem só tenha perdido o pai quando já era adulta, a cena do caratê deixa claro que esse possível Rei do Crime acompanhou o crescimento da criança já de olho em suas habilidades para poder usar isso a seu favor.
Outro ponto curioso é sobre o futuro de Eco. Os gibis a apresentam inicialmente como essa vilã, mas ela logo descobre a verdade sobre Fisk e vai para cima do Rei do Crime e, a partir de então, se torna uma das heroínas da Marvel. Levando em consideração que Alaqua Cox vai protagonizar sua própria série em breve, não seria estranho vermos a mesma jornada por aqui.
O mistério da Torre dos Vingadores
Além disso tudo, há o mistério em torno do novo dono da Torre dos Vingadores. Desde Homem-Aranha: De Volta ao Lar, a Marvel vem criando um suspense sobre a identidade do comprador do novo dono do prédio. Tanto que, em uma das realidades visitadas em Loki, vemos que o local foi adquirido por uma das versões do vilão Kang, o Conquistador.
Só que uma das teorias vigentes é que, pelo menos na realidade vigente do MCU, esse comprador oculto é outro: o próprio Wilson Fisk. Levando em conta que o ego do personagem é tão grande quanto a sua massa corporal, é algo que faz bastante sentido, ainda mais pensando que ele pode estar de olho na tecnologia Stark que ficou para trás. Basta lembrar que a Gangue do Agasalho invade o leilão no primeiro episódio de Gavião Arqueiro em busca de um relógio ligado ao Homem de Ferro.
E aqui há um detalhe curioso. Na cena inicial da série, vemos que a antiga Torre Stark ficava de frente para o apartamento da família Bishop e, até agora, o seriado não mostrou a construção — uma tentativa de esconder que vem sendo interpretada como uma forma de ocultar a presença do Rei do Crime na história.
Embora esse ponto soe irrelevante, vale lembrar que há um diálogo entre Clint e Kate sobre o prédio, em que o Gavião Arqueiro deixa bem claro que Tony vendeu o local alguns anos atrás, em uma conversa que parece ter sido colocada na trama para lembrar o público desse detalhe do MCU.
E se não for o Rei do Crime?
Se tem uma coisa que WandaVision nos ensinou é que nem todo o diabo que aparece é o Mefisto. Por isso, por mais óbvias que as referências a Wilson Fisk pareçam ser, temos que lidar com a possibilidade de que o tal Tio é outra pessoa e que a Marvel vem plantando pistas falsas para brincar com o nosso hype. Mais uma vez, ela é muito boa nisso.
Excluindo o Rei do Crime, restam poucas opções para quem pode ser o tal líder criminoso que a série propõe existir. Nesse caso, a aposta mais óbvia é o próprio Jack Duquesne.
Isso porque não há como desconsiderar a possibilidade de que tenha sido ele o homem que aparece acompanhando a jovem Maya no karate e o responsável por enriquecer a família Bishop a partir de atividades ilícitas. É mostrado que a sua família é bastante poderosa no submundo do crime e, embora ele seja muito mais um herdeiro do que alguém realmente poderoso, essa sanha por poder é algo que pode fazer dele o grande vilão da coisa toda.
O problema é que, se for isso mesmo, trata-se de uma solução bastante pobre, pois isso é algo que vem sendo sugerido desde o primeiro episódio, o que tiraria o impacto das revelações finais da série. Ao contrário do Rei do Crime, o Espadachim não é ninguém no universo Marvel e isso pode frustrar os fãs caso seja concretizado. De qualquer forma, é uma hipótese que não pode ser descartada.
Gavião Arqueiro pode ser assistida por todos os assinantes do Disney+.