Crítica Ruptura | Série do Apple TV+ é uma das melhores de 2022
Por Natalie Rosa • Editado por Jones Oliveira |
Desde que estreou no Apple TV+, em fevereiro, a série Ruptura vem sendo assunto nas redes sociais, se tornando um grande fenômeno da plataforma de streaming.
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Criada por Dan Erickson, produzida e dirigida por Ben Stiller, Ruptura conta a história de Mark Scout (Adam Scott), um homem que tem a mente dividida entre o pessoal e o profissional.
Enquanto está no trabalho, Mark não sabe quem ele é na vida pessoal, quem são seus amigos, familiares e hobbies. E quando está em casa, não faz ideia de quais são as suas tarefas na empresa Lumon Industries e quem são seus colegas de trabalho.
Distopia
Uma das temáticas de séries e filmes que mais fazem sucesso entre os fãs de ficção científica são as distopias, que trazem uma realidade desesperadora e opressiva de diferentes formas.
Em Ruptura, a distopia está relacionada à saúde e tecnologia, trazendo questões já abordadas na série Black Mirror, que também fez bastante sucesso em todas as suas temporadas. A trama mostra a divisão da mente dos trabalhadores como uma forma equivocada de melhora na qualidade de vida.
No entanto, o esquecimento de quem você é na vida pessoal ou no trabalho acaba colocando os trabalhadores em situações antiéticas, ou que ferem seus próprios princípios. A incógnita dssa dúvida, inclusive, acaba gerando mais desconforto e insatisfação.
Série e vida real
Apesar de se tratar de uma série de ficção e com elementos distantes da realidade, Ruptura é uma daquelas produções que fazem alusão ao mundo real, trazendo questões do nosso dia a dia vivendo em sociedade.
A primeira semelhança é trazer reflexões sobre sermos pessoas diferentes no ambiente de trabalho, sem precisar de nenhum tipo de cirurgia neurológica para isso. Em ambiente corporativo, precisamos gerenciar o humor, as tarefas, o contato e a socialização, se adaptando a uma forma inventada de existir.
Em casa, há a liberdade para sermos nós mesmos, seguindo nossas próprias regras. Ainda assim, é difícil viver uma vida corporativa sem pensar na vida pessoal, assim como é difícil ter uma vida pessoal sem pensar em trabalho.
Minimalismo ou exagero?
Ruptura também conquista pela estética existente dentro do ambiente de trabalho, mesmo que cause estranheza na mesma proporção. Nos escritórios, vemos a mistura de uma tecnologia de ponta com equipamentos que remetem aos anos 1980 e 1990, como se os funcionários não pudessem nem saber em que ano estavam.
Na sala em que Mark trabalha, vemos um ambiente que, facilmente, poderia abrigar dezenas de pessoas sendo o local de trabalho de apenas quatro. A paleta de cores é extremamente bem combinada, assim como os ângulos e posições dos objetos, e os locais são extremamente limpos e organizados, compondo um perfeccionismo perturbador. Já do lado de fora, as coisas são normais.
Por que Ruptura fez sucesso?
A série do Apple TV+é uma obra intrigante, causando uma primeira impressão que traz muitas dúvidas sobre o que está acontecendo. Quando começamos a entender, Ruptura começa a mesclar a tecnologia com o desespero.
Então, a trama passa a se tornar uma produção investigativa, uma vez que já entendemos os dramas dos personagens e começamos a torcer por eles. Mas o enredo da série não é tão simples assim, apresentando várias camadas intensas e profundas. É como se a cada resposta viesse uma dúvida ainda maior.
O mistério, sem dúvidas, acaba sendo o maior atrativo de Ruptura, e isso começa com Mark recebendo a informação de um ex-colega de trabalho que, escondido, desfez a cirurgia e hoje paga pelas consequências da quebra de contrato.
Os momentos desesperadores sobre o que está acontecendo são manifestados através da personagem Helly, interpretada por Britt Lower. Antes da revelação sobre a sua identidade no mundo externo, desde o primeiro dia após o procedimento ela se demonstra inquieta.
É quando os protagonistas passam a ter os mesmos pensamentos que a revolta, de fato, começa. Mas o que complementa o suspense é que nada de bom pode existir em um ambiente que não quer que você lembre do que faz lá, então a Lumen é concretizada como uma grande vilã.
O mistério, suspense e qualidade visual de Ruptura não seriam nada sem grandes performances, com o elenco da trama também ganhando mérito. Além de Adam Scott e Britt Lower entregarem grandes atuações, a série ainda conta com a participação da veterana Patricia Arquette, que rouba a cena interpretando a inimiga dos trabalhadores da Lumen.
Ruptura não é simplesmente uma série sobre tecnologia, apenas se apoiando na temática para fazer uma crítica ao universo corporativo e à transformação mental que algumas pessoas podem passar para ter um trabalho. Mesmo assim, é possível aproveitar a qualidade que a produção oferece quando se busca por algo não tão profundo, mas também não superficial, sendo uma boa trama de mistério e suspense.
Antes mesmo da primeira temporada chegar ao fim, Ruptura foi renovada pelo Apple TV+ para novos episódios. Enquanto o dia não chega, você pode assistir à primeira temporada completa na plataforma de streaming da Apple.