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Crítica Heartstopper | Segunda temporada é impecável e aquece o coração

Por| Editado por Jones Oliveira | 02 de Agosto de 2023 às 19h05

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Desde que estreou na Netflix, em 2022, Heartstopperchamou a atenção dos assinantes do streaming por entregar uma história doce e sensível, mas que também trazia temas ácidos e importantes. Baseada nos quadrinhos homônimos de Alice Oseman, a série volta para a sua segunda temporada no dia 3 de agosto e não poderia estar melhor.

Com roteiro afiado escrito pela própria Oseman e personagens bem desenvolvidos, a produção sabe conduzir o enredo sem deixá-lo cair na superficialidade ou na mesmice. Além disso, os novos episódios abrem outros debates importantes como o do transtorno alimentar, da assexualidade e das consequências do bullying na vida de uma pessoa.

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Para começar, como já era esperado. a nova temporada foca na luta interna que Nick Nelson (Kit Connor) trava para se assumir como um homem bissexual, e é preciso dizer que a série acerta de novo ao tratar o tema. Não são raras as produções LGBTI+ que apagam a bissexualidade ou tratam tais pessoas como se elas estivessem sempre confusas sobre o que querem.

Aqui, Nick entende que o fato dele gostar de meninos não apaga a atração que sente pelo gênero oposto e que ele não precisa escolher entre um e outro quando pode se entender como uma pessoa bi. Há inclusive provocações sobre essa questão, quando alguns colegas dizem "não sabia que Nick era gay", e quando seu irmão homofóbico pontua "quero conhecer quem te transformou em gay". Mesmo cansado dessa ladainha, Nick sempre retruca defendendo a letra B da sigla.

Ainda falando no personagem, a forma como o roteiro constrói sua vontade de se assumir para os amigos e familiares é primorosa e, ao mesmo tempo, angustiante. Por vezes, a narrativa fica lenta, mas essa quebra de ritmo serve para mostrar justamente aquele momento em que as palavras ficam presas na garganta.

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Já o relacionamento dele com Charlie (Joe Locke) parece frio no começo da temporada, o que cria a sensação de que os roteiristas esqueceram como é importante colocar em cena a chama da paixão, especialmente no início do namoro. Com o avançar da história, no entanto, vamos entendendo que essa distância diz respeito a como Charlie está se sentindo emocionalmente.

O bullying e as consequências na vida de quem sofre

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Ainda falando sobre os sentimentos de Charlie, nos novos episódios, apesar de empolgado com o namoro, ele começa a ficar amuado e até a parar de comer. Esse gancho foi fundamental para fazer com que o personagem tivesse um desenvolvimento à parte e não ficasse apenas na sombra de Nick. Além disso, foi por meio dessa mudança de comportamento que a autora aprofundou mais sobre como o bullying sofrido na época da descoberta da sua sexualidade foi responsável por fazer com que ele desenvolvesse atitudes autodestrutivas.

Apesar do bullying ser retratado em vários filmes e séries, não é sempre que vemos as consequências dele na vida de uma pessoa, e Heartstopper acertou justamente ao mostrar que, mesmo depois de muito tempo e em um momento de aparente felicidade, o resultado desse processo de humilhação pode continuar destruindo a sua vítima.

Outro acerto foi começar a abordar a questão da assexualidade e do interesse arromântico. Embora esses temas não tenham ganhado muito destaque ainda, fica no público a vontade de que eles sejam melhor explorados em uma próxima temporada. E, contando que o texto de Oseman é preciso e respeitoso, provavelmente, serão retratados de maneira correta.

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Protagonistas e coadjuvantes fazem de Heartstopper uma série cada vez melhor

Além de Joe Locke e Kit Connor que vivem os protagonistas, os coadjuvantes também agradam e ganham espaço suficiente para terem suas próprias histórias desenvolvidas e não ficarem apenas como papagaios de piratas.

No núcleo teen, Corinna Brown teve mais destaque com sua Tara Jones e mostrou que faz bonito tanto nas cenas de drama como nas mais cômicas. Sua namorada em cena, Darcy (Kizzy Edgell), também ganhou um arco para chamar de seu e, apesar das duas aparecerem quase sempre juntas, a série consegue preservar a individualidade de cada uma. Aliás, isso é algo que Heartstopper faz com maestria: cria e desmancha casais, mas sempre preservando a história de cada integrante, sem unificá-los em uma grande massa romântica. Mais um acerto do texto que tem um olhar cuidadoso para seus personagens.

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Outro que também apareceu mais foi Tobie Donovan, que vive Isaac. Ele conseguiu transitar bem entre as várias cenas em que seu personagem fica introspectivo e os momentos que interage em grupo. Já na parte dos adultos, Olivia Colman, que brilhou em The Crown e A Filha Perdida, também entregou uma atuação primorosa, mas soube dosar seu talento para não ofuscar Connor, que vive seu filho em cena e que era a verdadeira estrela.

Por fim, com muitos mais acertos do que erros, um elenco afiado, um texto primoroso e personagens diversos, Heartstopper entrega uma segunda temporada excelente que, além de levantar questões importantes como as já citadas acima, ainda aborda problemas nas relações familiares. Tudo isso, sem falar nas excelentes cenas de romance conduzidas com muito bom gosto.

Quem gosta da série ainda pode esperar uma terceira leva de episódios já que a trama deixa pontos em abertos que deverão ser resolvidos em futuros capítulos. Lembrando que a segunda temporada chega à Netflix no dia 3 de agosto.