5 séries que quebram a quarta parede
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |
A estreia de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis pegou muita gente surpresa por usar um tipo de linguagem não tão comum em séries de TV: a quebra de quarta parede. É aquele momento em que o personagem parece estar ciente de que ele está dentro de um programa ou que a gente está acompanhando aquela história. Uma brincadeira de metalinguagem que pode ser feita desde uma conversa direta com o espectador até uma simples olhadela para a câmera.
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É um recurso até bastante simples — os gibis da Turma da Mônica fazem isso há muito tempo —, mas que aparecem com pouca frequência no mundo do audiovisual. Por isso mesmo, ver o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês) brincando com isso foi uma ótima novidade.
Só que isso não é uma exclusividade da Mulher-Hulk e outras produções já fizeram esse mesmo tipo de uso da metalinguagem para dialogar e interagir com o público em suas histórias. Assim, se você ficou interessado nesse tipo de abordagem, conheça algumas outras séries que também quebram a quarta parede.
5. Sex and the City
Algumas séries ficaram muito famosas pelo uso da metalinguagem e Sex and the City não é uma delas. Então por que a gente a colocou em nossa lista? Pelo simples fato de as poucas vezes que o recurso foi aplicado na trama funcionou perfeitamente dentro da proposta apresentada.
A quebra da quarta parede no seriado acontece apenas na primeira temporada, quando Carrie (Sarah Jessica Parker) realmente conversava com o público e fazia comentários sobre as situações que ela acabara de vivenciar. E isso era ótimo, porque transformava o espectador em uma espécie de cúmplice da protagonista, que desabafava e contava confidências com quem estava assistindo. Era quase como se a gente fosse parte do grupo da personagem.
Só que brincar com a metalinguagem não é tão simples assim e, após alguns testes, os roteiros desistiram desse recurso e a trama seguiu por um caminho mais tradicional.
4. Um Maluco no Pedaço
De forma bastante parecida, Um Maluco no Pedaço também transformava o público em cúmplice em momentos específicos. No caso, as interações de Will Smith com o espectador eram bem mais discretas, limitadas quase sempre a uma olhada para a tela ou um comentário aqui e ali.
E esse é um dos segredos da quebra de quarta parede: ela funciona muito mais em doses homeopáticas do que sendo repetida de forma contínua. Parar a história a todo momento para falar com a câmera pode deixar a narrativa truncada e as interações de Will com quem está assistindo à série era bastante pontual e na dosagem certa.
É algo que deu tão certo que ajudou a construir a imagem de Will Smith como esse amigão de todo mundo. Afinal, acompanhamos diversas temporadas em que ele realmente conversava com a gente, de modo que todo mundo se sentia próximo ao personagem.
3. House of Cards
Apesar de todas as polêmicas envolvendo Kevin Spacey, House of Cards sempre foi uma excelente série. Era basicamente o Game of Thrones do mundo real, com todo o jogo político que a gente adora ver, mas sem dragões e com políticos de verdade fazendo tudo pelo poder. E a parte mais aterradora disso tudo, é que esse protagonista sem escrúpulos parecia estar nos puxando para dentro de seus esquemas.
Uma das primeiras séries originais da Netflix, House of Cards apresentou a metalinguagem a todo um público que nunca tinha visto esse tipo de interação com o público. E tudo a partir das olhadas que Frank Underwood dava para a câmera, deixando seu sarcasmo e espírito de porco vazar daquele mundo ficcional e invadir o nosso. Pior: era como se a gente fosse, de certo modo, tão corrupto quanto ele.
2. The Office
O fato de ser um mocumentário faz de The Office a série perfeita para brincar com a quebra da quarta parede. Essa ideia de um documentário falso faz com que seja muito fácil os personagens interagirem com a câmera. Tanto que, em muitos momentos, a gente não sabe se eles estão conversando para essa produção que não existe ou se estão conversando com a gente mesmo. É tanta camada que a gente se perde.
É um formato que foi replicado em outros seriados que também repetem essa proposta, como Modern Family e, mais recentemente, em um episódio de Wandavision que faz um tributo a essas séries. Contudo, The Office é quem mais se destaca por incorporar a metalinguagem tão bem à história que está sendo contada e, o que é pior, fazer com que a gente se sinta parte dessa empresa.
1. Fleabag
Mas é impossível falar de quebra de quarta parede sem citar Fleabag. A série roteirizada e protagonizada por Phoebe Waller-Bridge se tornou um ícone da cultura pop por transformar esse recurso em um elemento fundamental na sua narrativa. Mais uma vez, vemos a interação da personagem com o público funcionar como esse canal de confidência e proximidade, mas tudo é tão bem feito que é impossível imaginar essa história sendo contada sem essas interações. A cumplicidade é parte fundamental da história.
É mais ou menos aquilo que a gente viu antes em Sex and the City, mas levado a um novo nível e abraçando o recurso sem vergonha ou arrependimento. Por isso mesmo, Fleabag se tornou a grande referência quando o assunto é metalinguagem — e a própria Mulher-Hulk: Defensora de Heróis carrega muito dessa influência.