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Todos percebemos o mundo da mesma maneira? Estudo busca descobrir diferenças

Por| Editado por Luciana Zaramela | 04 de Outubro de 2022 às 14h07

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Statuska/Envato Elements
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De que cor é o vestido? Ave ou coelho? Yanny ou Laurel? Ilusões de ótica e ilusões auditivas estão por aí aos montes. O que ficou a ser discutido, no entanto, são as diferenças na percepção que nos levam a ter interpretações diferentes do mundo: é claro que, a cada ocorrência viral dessas, explicamos como o cérebro de cada um funciona diferente, mas que tal levarmos a discussão a um campo mais profundo da ciência?

Você já deve ter ouvido falar que o azul que eu vejo é diferente do azul que você vê. A cor tem o mesmo nome, é claro — mas como nós interpretamos a informação ao nível cerebral é outra coisa. Não estamos meramente "lendo" o que o mundo nos traz com os nossos sentidos, mas estamos interpretando o contexto o tempo todo.

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Contexto e percepção da realidade

As sombras em uma superfície ditam como vamos perceber o seu brilho, e expressões faciais podem significar coisas diferentes de acordo com a situação. Toda experiência consciente é permeada pelo contexto: a questão é que, geralmente, não estamos atentos a ele. Alguns cientistas têm buscado entender melhor as diferentes maneiras de percebermos a realidade, com base em algumas teorias.

Segundo eles, as nossas experiências sensoriais, na verdade, acontecem de cima para baixo — as informações que vêm "de cima para baixo", ou de fora para dentro, seriam refinadas pelo cérebro, que está mais adivinhando o mundo do que o percebendo. Ao invés do contexto influenciar a percepção, seria ela a pré-definir algumas coisas.

Estaríamos, o tempo todo, fazendo previsões sobre as informações alimentadas a nós, as utilizando para atualizar as previsões seguintes. Como definem os cientistas, seria uma "alucinação controlada", ligada à realidade por uma dança de previsões e correções, nunca idêntica à realidade. Isso significa que nossos cérebros, diferentes entre si, fazem adivinhações ligeiramente diferentes, gerando uma diferença em como percebemos o mundo.

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Geralmente, as diferenças na nossa percepção ficam escondidas na subjetividade, atrás das palavras comuns que usamos para descrever a realidade. Mas nem sempre: descrições de alucinações e delírios têm milhares de anos, mas são geralmente interpretadas como uma falha na percepção, ao menos em comparação à maneira normativa com que construímos nosso modo de perceber o mundo.

Neurodiversidade e seus limites

A neurodiversidade é uma maneira mais recente que arranjamos de descrever como pessoas experienciam o mundo de maneira diferente. Nem sempre elas significam um distúrbio, embora seja mais fácil lembrar dos déficits de atenção e autismo quando falamos no assunto. A sinestesia, por exemplo, descrita como uma mistura dos sentidos, é levada como uma espécie de criatividade mais aguçada, ou uma habilidade cognitiva extra.

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Esse conceito, no entanto, ainda não abarca todas as diferenças com que vemos o mundo, já que cada indivíduo tem sua própria interpretação, mesmo que não seja tão diferente a ponto de se tornar uma diferença no comportamento ou descrição das experiências. O "Censo da Percepção" (Perception Census) é o projeto de alguns cientistas que busca mudar isso, mapeando a diversidade perceptual da maior quantidade de seres humanos possível.

Para participar, basta ser maior de 18 anos e completar experimentos online e ilusões interativas, fornecendo dados e mostrando como a percepção humana se relaciona às outras. Assim como não há uma etnia melhor do que a outra, não há uma maneira mais correta de perceber o mundo, e é isso que a pesquisa espera mostrar: todas as maneiras válidas de interpretar o planeta. Os primeiros resultados dessa investigação devem sair ainda no final deste ano.

Fonte: Perception Census via The Guardian