Por que o Batman de Robert Pattinson não está em The Flash?
Por Durval Ramos | Editado por Jones Oliveira | 15 de Fevereiro de 2023 às 18h00
Quem não acompanha as idas e vindas do mundo das adaptações de quadrinhos pode ter se surpreendido pelo fato de o novo trailer de The Flash ter trazido dois Batman de uma só vez. Em um mundo em que o multiverso é o termo da moda, a presença de duas versões do herói nem chega a ser tão impactante, mas sim o fato de um deles não ser o personagem que vimos há pouco tempo no cinema.
Com The Batman sendo o sucesso estrondoso que foi, é natural que muita gente esperasse ver o Homem-Morcego de Robert Pattinson interagindo com o Flash (Ezra Miller) ou mesmo com o Cavaleiro das Trevas de Ben Affleck, em um crossover de gerações ao estilo Homem-Aranha: Sem Volta para Casa.
Contudo, o encontro que temos é um pouco diferente, pois o ex-Crepúsculo ficou de fora e a reunião que acontece é com Michael Keaton, o primeiro ator a viver o herói nos cinemas. E, por mais que esse retorno seja muito empolgante — como o trailer já deixou bem claro — a dúvida sobre a ausência do Bruce Wayne mais recente foi sentida.
E existem várias razões que ajudam a explicar por que a Warner decidiu manter Pattinson de fora dessa bagunça que veremos em The Flash.
Mundo diferentes e a questão cronológica
O primeiro grande motivo para o Batman de Robert Pattinson não aparecer em The Flash é bem simples: questão de cronologia. A Warner já deixou claro que os filmes dirigidos por Matt Reeves vão seguir em um universo isolado do restante do Universo Cinematográfico da DC (DCU, na sigla em inglês), seguindo pelo selo Elseworlds. Em outras palavras, trata-se de uma realidade totalmente distinta.
Em termos narrativos, isso não seria um problema, já que a premissa de The Flash é brincar com o multiverso e fazer esses mundos diferentes colidirem. Só que, nesse caso, o peso simbólico pesa muito mais.
Quando a Warner faz questão de frisar que o Batverso de Reeves existe alheio ao restante do DCU, ele deixa bem claro que a ideia é fazer essa história seguir isolada das maluquices de quadrinhos, dando liberdade para o diretor criar histórias mais pés no chão, assim como vimos em The Batman.
A principal questão é que, se o Batman de Pattinson aparecesse em The Flash, isso iria ter que ter alguma implicação em The Batman 2. Afinal, o maior detetive do mundo (e toda sua paranoia) teriam contato com outra realidade e seus heróis e isso mudaria com toda a certeza o modo com que aquele Homem-Morcego encara o mundo.
Seria uma interação que afetaria de forma direta a continuidade do que Matt Reeves está planejando para o personagem e seu entorno. Então, como a ordem da Warner é não deixar ninguém mexer na caixa de brinquedos do cineasta, deixar o Bat-Pattinson de fora é mais do que lógico.
The Flash está sendo produzido há muito mais tempo
The Flash é um filme que demorou tanto para sair que a gente esquece qual era a proposta original para ele. Caso você tenha esquecido, o longa foi anunciado em 2014 como parte do então Universo Cinematográfico Estendido da DC (DCEU) — ou apenas Snyderverso.
A ideia era dar continuidade àquela história que foi apresentada em Batman vs. Superman: A Origem da Justiça e mostrar como o Velocista Escarlate se transformou depois dos eventos de Liga da Justiça. A proposta era termos esse Barry Allen ainda aprendendo a ser um herói, o que faria com que ele fosse tutorado por ninguém menos do que o Batman de Ben Affleck. Seria mais ou menos a relação entre Peter Parker e Tony Stark que vimos em Homem-Aranha: De Volta ao Lar.
Também estava previsto um filme do Homem-Morcego que seria estrelado e dirigido pelo próprio Affleck, deixando claro o quanto o estúdio apostava na sua interpretação do herói.
Só que a coisa desandou forte. Com a saída de Zack Snyder do projeto e os fracassos desses filmes, tudo precisou ser reformulado. O tal filme do Batman descarrilhou tanto que o projeto saiu das mãos de Affleck e outro diretor assumiu as rédeas: Matt Reeves — o que significa que o Bat-Pattinson é fruto dessa bagunça toda.
Ao mesmo tempo, o longa do Flash seguiu sendo escrito e reescrito por quase uma década. Com o Snyderverso desmoronando, a Warner decidiu que iria fazer com que o filme do velocista fosse um recomeço para o DCEU. Assim, inspirados na saga Ponto de Ignição dos quadrinhos, o filme iria levar Barry Allen para outras realidades para criar uma nova continuidade mais organizada.
Já nesse novo contexto, a ideia de trazer Michael Keaton já era notória, principalmente após o sucesso de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. A diferença é que a Warner iria além do easter egg — como veremos a seguir.
E, enquanto The Flash tentava juntar os cacos do DCEU, a Warner seguiu com Bat-verso de Matt Reeves em paralelo quase como um plano de contingência. Enquanto seu universo compartilhado seguia patinando, os filmes do Batman sempre foram sinônimos de sucesso. Assim, Robert Pattinson permaneceu isolado dos seus colegas fantasiados até como forma de o projeto não ser contaminado pela confusão que vinha de lá.
Planos para Michael Keaton
Como dito, a ideia da Warner com The Flash era marcar um novo momento para o DCEU. Já sem a influência de Zack Snyder, a ideia era usar o filme como um reset para criar uma nova continuidade sem tantas idas e vindas. E, nessa realidade construída a partir dali, Michael Keaton seria muito mais do que uma participação especial.
A ideia que começou a ser ventilada na época é que Ben Affleck faria apenas uma ponta na trama e seria dispensado do papel de Batman de uma vez por todas — até porque ele nunca escondeu sua má vontade com o papel — e Keaton assumiria a função de Homem-Morcego definitivo do DCEU daquele ponto em diante. Com Flash bagunçando o multiverso, o herói do filme de 1989 reassumiria a titularidade.
E os planos iriam além de The Flash. Além de ser o mentor Barry Allen, esse Bruce Wayne mais velho iria participar de um outro filme que, mais tarde, foi descoberto que seria o Batman do Futuro. Sim, a intenção era recriar a trama do clássico desenho com Keaton encontrando um jovem Terry McGinnis e o treinando para ser seu sucessor como protetor de Gotham.
Seria uma forma de fazer da participação do veterano ator algo muito maior do que apenas uma participação especial e, por isso, faria sentido não colocar Robert Pattinson nessa história toda. Para o futuro desse DCEU, o ex-Crepúsculo era mesmo inútil.
Contudo, no final de 2022 e em meio à revolução que a DC enfrentou entre o lançamento de Adão Negro e a chegada de James Gunn, o cancelamento desse projeto de Batman do Futuro foi confirmado — antes mesmo de o filme ter sido anunciado, diga-se de passagem.
Assim, com a definição do DCU de Gunn que deixou de fora o próprio The Flash, tudo isso vai ficar apenas no papel.
Quem vai ser o novo Batman do DCU?
Dito isso tudo, vem a pergunta de um bilhão de dólares: quem será o novo Batman do DCU. James Gunn já confirmou que o herói vai estar em Bravos e Destemidos e que até será pai, mas não revelou quem será o ator a vestir o manto do morcego.
Mas uma coisa é certa: não será ninguém que já assumiu o papel antes. O todo-poderoso do DC Studios disse que a ideia é trazer um novo ator, o que significa que não será Ben Affleck e muito menos Michael Keaton, que acabou fazendo uma participação especial apenas mesmo.
Já em relação a Robert Pattinson, ele segue sendo o Batman, mas apenas do universo de Matt Reeves. Como dito, essas histórias seguem existindo dentro do Elseworlds da DC e de forma isolada. Assim, vamos continuar a vê-lo espancando bandido pelas ruas de Gotham e sem se relacionar com os demais heróis que chegam ao cinema.