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Oppenheimer | O que é verdade e o que é ficção no filme?

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Reprodução/Universal Pictures, Wikimedia Commons
Reprodução/Universal Pictures, Wikimedia Commons

Oppenheimer, filme de Christopher Nolan sobre o físico americano que ajudou na invenção da bomba atômica chegou aos cinemas com a tarefa de contar com fidelidade os acontecimentos mais importantes da vida do cientista. Baseado no livro American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, o filme retrata parte da juventude de Oppenheimer, o seu período como diretor do Projeto Manhattan, supervisionando a criação da bomba atômica, e os anos pós-Segunda Guerra Mundial.

Por ser essa biografia, é comum acreditar que todas as situações apresentadas no longa realmente aconteceram. Só que a gente sabe que há alguns exageros e que a nobre arte do cinema exige algumas liberdades para aumentar certas situações ou criar outras para fazer com que a narrativa fique mais orgânica. Ao mesmo tempo, isso apenas engrandece os momento em que parecem irreais, mas correspondem bem à realidade. Mas como saber qual é qual?

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Para saber o quanto Nolan foi fiel à biografia, considerada o melhor livro sobre o físico, confira alguns pontos do filme e saiba se eles são fatos ou ficção.

Oppenheimer tentou envenenar o professor?

No início do filme, é mostrado que Oppenheimer, interpretado por Cillian Murphy (Dunkirk) estava com problemas em Cambridge com um de seus professores, Patrick Blackett. Ao ser humilhado pelo acadêmico, que o deixa sozinho na sala, Oppie, como era chamado pelos amigos, vê uma maçã em cima da mesa e injeta veneno.

Felizmente, ele consegue se desfazer da fruta envenenada antes do professor ou outra pessoa pudesse comê-la. Parece algo absurdo e um pouco fora do tom que o filme tenta apresentar, mas isso realmente aconteceu. De acordo com a sua biografia, nem Oppenheimer entendeu exatamente por que fez aquilo, provavelmente por causa de inveja e por se sentir deslocado em Cambridge.

A diferença está no fato que a faculdade descobriu o caso e Oppenheimer quase foi expulso, mas acabou sendo colocado em observação e acompanhamento psicológico.

Jean Tatlock foi assassinada?

Oppenheimer teve um caso amoroso com a psicóloga Jean Tatlock, interpretada por Florence Pugh (Adoráveis Mulheres) logo após conhecê-la em uma festa. Ela era ligada ao Partido Comunista, algo que nunca foi um problema para o cientista, mas o relacionamento tumultuoso acabou os afastando.

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O casamento de Oppenheimer não interrompeu possíveis encontros, que só foram parar com o suicídio de Tatlock, em janeiro de 1944.

Isso é mostrado no filme, inclusive com uma cena em que é deixado no ar a possibilidade de sua morte ter sido causada por alguém, já que sua conexão com Oppenheimer, que na época trabalhava no Projeto Manhattan, e o Partido Comunista poderiam colocá-la na mira do governo americano.

O livro de Bird e Sherwin reúne as provas encontradas sobre o suicídio e aceitam essa tese, indicando que, no dia anterior, Tatlock havia comentado sobre sua depressão profunda com uma amiga.

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A dúvida existe também na biografia, já que foram encontrados traços de hidrato de cloral em seu organismo, indicando que ela poderia ter sido desacordada e colocada na banheira para se afogar. Como a verdade nunca foi confirmada, é possível marcar isso como "talvez".

O teste Trinity foi realmente dramático até os momentos finais?

Um dos momentos mais tensos de Oppenheimer é o teste Trinity, o momento em que a primeira bomba atômica seria detonada. Vários fatores tornaram a situação, que já era complicada, ainda mais complexa, como possíveis falhas, uma tempestade que caiu e poderia prejudicar a detonação.

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No fim, tudo dá certo no último momento e o teste é um sucesso. De acordo com a biografia do físico, o experimento foi tenso, mas nem perto do que é mostrado no filme. A realidade trouxe a tempestade com ventos fortes e uma falha em um teste de implosão.

Um meteorologista do exército e o próprio Oppenheimer, que conhecia bem a área, garantiram que tudo ficaria bem até o horário do teste, que acabou atrasando uma hora e meia, mas nada além disso. O teste de implosão falhou por conta de algumas ligações partidas, mas nada que não pudesse ser reparado a tempo do teste final.

Oppenheimer realmente não queria que a bomba não fosse usada?

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Um dos pontos centrais do filme, que acaba se tornando bastante forte no período pós-guerra, é a resistência que Oppenheimer tinha sobre o uso da bomba atômica. Ele chega a compartilhar a ideia, assim como outros cientistas, que a simples fabricação da bomba já seria um aviso suficiente para os inimigos. Mesmo assim, ele ainda se recusa a assinar uma petição que pediria o não uso do armamento.

Em dado momento, Oppenheimer está presente quando o exército escolhe quais cidades serão alvos das bombas, tentando argumentar sobre os temores dos cientistas, mas acaba desistindo.

De acordo com sua biografia, Oppenheimer foi bem menos combativo do que no filme. O físico fica do lado dos militares, argumentando que não é o papel de cientistas decidir como a bomba seria usada. Porém, a cena do secretário do estado argumentando para que Kyoto não fosse escolhida pelo seu valor histórico e por ter passado a lua de mel na cidade foi incluída perto do momento de ela ser filmada.

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Oppenheimer e Einstein eram colegas?

O relacionamento de Oppenheimer e Albert Einstein é retratado de maneira um pouco superficial no filme, mostrando os donos de duas das mentes mais brilhantes do século 20 já se conhecendo e tendo respeito um pelo outro, mas nada além disso.

Isso não estava muito longe da realidade, apesar de Einstein nunca aprovar os estudos feitos por Oppenheimer, e o físico considerar o alemão uma relíquia do passado. Mesmo assim, com o passar dos anos, ambos passaram a se respeitar e tiveram um relacionamento cortês.

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Mesmo assim, a ideia de Albert Einstein dando conselhos sobre a vida e o mundo para Oppenheimer parece ser coisa de Hollywood.

Oppenheimer já está em cartaz nos cinemas.