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Crítica As Marvels | Trio principal salva filme da mesmice do MCU

Por  • Editado por Durval Ramos | 

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Divulgação/Marvel Studios
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É inegável que a Marvel passa por um período um pouco complicado com suas produções para o cinema e TV. Apesar de algumas darem muito certo, outras falham miseravelmente e sempre trazem à tona a questão se o público está cansado de adaptações de super-heróis.

As Marvels, novo filme do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU na sigla em inglês), coloca Capitã Marvel (Brie Larson), Ms. Marvel (Iman Velani) e Monica Rambeau (Teyonah Parris) em uma aventura divertida, ainda que seja bastante inofensiva e, em alguns momentos, não aproveite todo o potencial que tem. Mesmo assim, o filme ainda consegue se manter com a química do trio principal, que torna a experiência bem proveitosa.

E essa foi a maneira mais branda de falar "gostei do filme, mas ele tem problemas que não são propriamente apenas dele".

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Mais alto

As Marvels começa com uma tarefa um pouco complicada que é a de juntar três obras diferentes em um só filme. O longa, que nasceu como Capitã Marvel 2, serve como sequência para o filme de Carol Danvers, uma semi-segunda temporada de Ms. Marvel e um spin-off de Wandavision.

Por conta disso, ele já poderia começar com o freio de mão puxado, já que necessitaria apresentar ao público que não acompanhou as séries da Disney+ quem são exatamente Kamala Khan e Monica Rambeau.

A diretora Nia DaCosta (A Lenda de Candyman) faz isso com bastante competência, simplesmente jogando as personagens na ação logo de cara, fazendo rápidas apresentações sobre elas. Um destaque é a forma como Kamala é apresentada, pegando elementos da sua série, com uma pequena animação que mostra como conseguiu seus poderes e seu fascínio pela Capitã Marvel, ao mesmo tempo em que já mostra como é sua personalidade juvenil.

É justo dizer que isso também só funciona pelo carisma de Iman Vellani no papel. Sim, a jovem que começou recentemente a sua carreira como atriz ainda tem pontos a evoluir, mas é inegável o carisma e energia que ela traz ao filme, como aconteceu na sua própria série.

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Você realmente acredita que aquela é uma adolescente que cresceu fascinada por super-heróis, podendo viver entre eles. Inclusive, isso é algo que me incomodava um pouco com a adaptação do Homem-Aranha no MCU, já que Peter Parker não é muito mais velho que Kamala e, mesmo assim, ainda age de maneira mais contida ao se ver no meio de outros heróis.

É só ver a reação de Kamala ao ir para o espaço em comparação a Peter em Vingadores: Guerra Infinita. Você acredita na empolgação dela porque é o que qualquer um em seu lugar faria, então, ponto para o filme.

Já Monica Rambeau, novamente interpretada por Teyonah Parris, consegue desenvolver melhor sua personagem no filme, ainda que sirva muito como uma peça que explica como tudo deve funcionar, usando pseudociência que em vários momentos cansa o espectador.

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Porém, quando ela está em contato com Kamala e Carol, as coisas começam a funcionar de maneira mais natural, mostrando muito da química entre as personagens.

E Carol, que depois de um filme inteiro e algumas participações, finalmente ganha uma personalidade em As Marvels, permitindo que Brie Larson seja menos mecânica no papel. A atriz, tão criticada por uma parcela dos fãs da Marvel, tem a sua melhor participação como a Capitã Marvel nesse filme.

Enquanto nos outros títulos ela age quase como um summon de Final Fantasy, aparecendo em momentos críticos para dar porrada e sumir, em As Marvels, você entende melhor suas atitudes, seus anseios e motivos pelos quais está sempre sozinha. A interação que tem com Kamala e sua sobrinha Monica dá leveza à personagem, algo que se mostra muito bem-vindo para sua presença no MCU.

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Mais longe

Só que o filme precisa de uma história e ele tem uma. Ela não é particularmente inspirada ou grandiosa, mas funciona o suficiente dentro do que se propõe. A trama coloca as três heroínas interligadas por seus poderes por uma vilã Kree, Dar-Benn, interpretada por Zawe Ashton (Velvet Buzzkill), que tem contas a acertar com a Capitã Marvel.

Agora juntas, as heroínas precisam impedir a vilã de destruir planetas os quais Carol Danvers um dia já chamou de lar. É uma história bem genérica para filmes de gibi, não trazendo muitas nuances ou profundidade para ser explorada.

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Esse é um dos problemas de As Marvels, que apesar de ser divertido, é bastante raso. Em vários momentos, é possível encontrar motivações de personagens que poderiam ser mais explorados, ou caminhos que a história revela, mas opta em seguir pela rota mais simples.

A própria vilã, Dar-Benn é extremamente fraca, algo infelizmente comum no MCU, simplesmente por suas motivações não serem apresentadas de maneira contundente. A razão pela qual ela quer se vingar da Capitã Marvel é muito válida e, em alguns momentos, parece que o filme quer mostrar que a heroína é bastante falha, fazendo muito mais estrago do que deveria por onde passa, mas evita seguir esse caminho.

A impressão que dá é que existia esse desejo de fazer um filme um pouco mais provocativo, que explorava melhor esses pontos, mas alguém (possivelmente de boné) entrou no caminho e pediu para deixar tudo leve e simples.

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Funciona, mas perde a oportunidade de ser muito mais do que é.

Mais rápido

O marketing de As Marvels foi ruim. Isso é inegável e chegamos a questionar os motivos por trás dessa aparente desconfiança da Marvel em tentar vender o filme para o público. Obviamente, existem partes da internet que reclamariam da produção antes de ver um frame sequer, algo que de fato começou quando o filme foi anunciado.

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Porém, tudo foi muito estranho, parecendo que o próprio estúdio não estava botando fé no filme. O resultado final está longe de ser ruim e, quando comparado com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, filme que recebeu vários trailers, pôsteres e afins, é uma obra-prima.

As Marvels tem um clima mais leve e, em alguns momentos, diria até propositalmente bobo, evocando um tom bem "gibi" mesmo. Existe toda uma parte do filme que certamente será criticada por muitos, por basicamente ter o seu momento "musical da Marvel", mas funciona pela interação das personagens.

O mais interessante é que todo esse receio em divulgar o filme e todas essas críticas sem antes mesmo da estreia chegam na produção que entrega exatamente algo que há anos todos querem ver nos filmes da Marvel. O estúdio até apertou o botão do pânico dias antes da estreia do filme para tentar puxar o público usando isso, mas aí a informação já tinha vazado na internet.

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Não deixa de ser engraçado que um dos filmes que boa parte do público não estava tão confiante seja o escolhido para começar algo que praticamente todo mundo quer ver.

No fim das contas, As Marvels é um filme que, em boa parte, vale mesmo por conta do seu trio principal. Brie Larson finalmente parece estar mais à vontade no papel de Carol Danvers, Teyonah Parris se desenvolve mais como Monica Rambeau, e Iman Vellani recebe toda a nossa atenção e cuidado pois merece todo o MCU para ela.

Sua história não é a mais revolucionária da franquia da Marvel, mas consegue ser uma boa diversão bobinha para quem quer matar umas horas dentro de uma sala de cinema. É a fórmula Marvel em sua melhor forma — o que não víamos há algum tempo.

As Marvels está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.