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Tropas russas dominam Zaporizhzhia, a maior usina nuclear da Europa

Por| Editado por Patricia Gnipper | 04 de Março de 2022 às 11h22

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Zaporizhzhya NPP via YouTube via REUTERS
Zaporizhzhya NPP via YouTube via REUTERS

A usina nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia, foi tomada por tropas russas no fim da noite desta quinta-feira (3). Autoridades locais relataram que o ataque resultou em um incêndio, mas de acordo com informações do país à Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), o incidente não afetou equipamentos essenciais e, até o momento, não houve mudanças nos níveis de radiação.

No Facebook, a Inspetoria Estatal Ucraniana para Regulamentação Nuclear afirmou que a usina havia sido tomada por forças militares da Rússia, e acrescentou que os funcionários continuaram trabalhando por lá. “Até o momento, não foram registradas mudanças na radiação”, disseram, na publicação.

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O incêndio na usina começou durante o início da madrugada desta sexta-feira (4) e foi controlado algumas horas depois. Segundo informações da IAEA, um projétil foi disparado durante a noite e atingiu um prédio de treinamentos próximo dos reatores da usina, causando um incêndio localizado. Andriy Tuz, representante de Zaporizhzhia, disse que um dos reatores ficou exposto ao ataque.

Já na manhã de sexta (4), Igor Konashenkov, representante do Ministério da Defesa da Rússia, alegou que o ataque na usina foi uma sabotagem ucraniana, e o descreveu como uma “provocação monstruosa”. Segundo ele, uma patrulha móvel da Guarda Nacional Russa ficou sob ataque de um grupo de sabotagem ucraniano, que teria iniciado o incêndio e fugido. Segundo oficiais, a usina está operando normalmente sob o controle das forças russas.

Os seis reatores da usina, que fornece energia para aproximadamente quatro milhões de casas, não parecem ter sido danificados, e o monitoramento internacional não apontou picos de radiação. "Sobrevivemos a uma noite que podia ter parado a história, a história da Ucrânia, a história da Europa”, disse Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano. Segundo ele, uma explosão em Zaporizhzhia seria o equivalente a “seis Chernobyls”.

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Os riscos do ataque à usina de Zaporizhzhia

Apesar de, inicialmente, não haver aumento na radiação, a Inspetoria alertou que a perda da capacidade de controlar o resfriamento do combustível nuclear irá levar a liberações radioativas excessivas no ambiente — e, se isso acontecer, a instituição sugeriu que os níveis de radiação no ambiente podem exceder aqueles de todos os outros acidentes nucleares, incluindo os de Chernobyl e Fukushima.

Já a IAEA afirmou que nenhum dos sistemas de segurança da usina foram afetados, e que não houve liberação de material radioativo. Mesmo assim, especialistas afirmam que o ataque criou uma situação perigosa: se um reator (o dispositivo que gera energia para as usinas nucleares) e as instalações ao redor dele forem danificados, o dispositivo pode acabar superaquecido, seguido do derretimento de seu núcleo e consequente liberação de material nuclear.

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Entretanto, a usina de Zaporizhzhia é consideravelmente mais segura que a de Chernobyl — ao menos é o que diz o Dr. Mark Wenman, do Imperial College. Segundo ele, o reator está em um prédio de concreto reforçado com aço, que pode suportar eventos externos extremos, sejam naturais ou de ação humana, como explosões e colisões de aviões.

Por outro lado, perturbações no fornecimento de energia à usina podem causar problemas sérios, já que os reatores não podem ser simplesmente desligados. Eles precisam ser resfriados lentamente, ao longo de mais de 30 horas. Por isso, os ucranianos estavam desativando os reatores para protegê-los. No momento, somente um dos seis que integram a usina está em funcionamento.

Fonte: Reuters (1, 2), AFP, BBC, The Guardian, CNBC