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A Usina de Chernobyl e seus arredores podem se tornar Patrimônio da Humanidade

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Gleb Garanich/Reuters
Gleb Garanich/Reuters

Uma antiga usina nuclear abandonada e seus destroços não são exatamente o que vem em mente quando pensamos nos lugares que receberam o título de Patrimônio da Humanidade, pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Contudo, isso é exatamente o que os oficiais da Ucrânia querem que aconteça com a Usina Nuclear de Chernobyl, que protagonizou o maior acidente nuclear do mundo, em 1986. Hoje, 35 anos após o acidente, os oficiais tentam incluir as ruínas da antiga usina e seus arredores na mesma lista que inclui monumentos icônicos, como os pilares de Stonehenge, no Reino Unido.

Foi em 26 de abril de 1986 que erros de projeto somados a falhas humanas resultaram em uma explosão no reator nº 4 da Usina Nuclear de Chernobyl. A explosão causou a morte quase imediata de dois trabalhadores da usina, enquanto mais 31 funcionários e bombeiros morreram após o acidente, em grande parte pelos efeitos da radiação. Outras milhares de pessoas também sofreram com doenças relacionadas à exposição excessiva, como câncer. Com o ocorrido, os oficiais soviéticos evacuaram uma área de quase 30 km ao redor da antiga usina, que ficou conhecida como "zona de exclusão", e nuvens radioativas se espalharam pela Europa. 

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Assim, a ideia do governo da Ucrânia é adicionar a usina e a zona de exclusão para a lista de Patrimônios da Humanidade, organizada e mantida pela UNESCO. Se der certo, o título poderá ajudar o local a receber mais apoio financeiro para a conservação, além de atrair turistas. Para que um lugar seja considerado um candidato para a lista, a instituição pede que tenha “valor universal excepcional” e apresente pelo menos uma qualidade que corresponda aos critérios de seleção, como representar uma tradição cultural ou exemplificar um tipo de construção arquitetônica ou tecnológica que represente uma fase importante na história humana, por exemplo.

Tanto formações naturais quanto construções podem fazer parte da lista, como é o caso da Grande Barreira de Corais, na Austrália, e a Grande Muralha da China. Contudo, antes de enviar o pedido para a instituição, os locais que buscam a proteção da Unesco têm que fazer parte de uma lista local de herança cultural e histórica. Segundo Oleksandr Tkachenko, Ministro da Cultura e Política de Informação do país, o ministério pensou em incluir a usina abandonada e seus arredores para uma lista dessas, mas agora os oficiais querem expandir a proposta para incluir também a zona de exclusão: “acreditamos que colocar Chernobyl na lista de herança da UNESCO é um passo inicial e importante para tornar este local como um destino único de interesse para toda a humanidade”, disse Tkachenko.

Hoje, os arredores da usina continuam com altos níveis de radiação, e o que restou após a evacuação foram construções abandonadas. Pripyat, a cidade que foi construída a 3 km da usina para abrigar os funcionários, também se tornou uma cidade fantasma — embora alguns moradores tenham retornado por conta própria para suas casas, grande parte dos prédios continua deserta e abandonada, ocupada somente pela vegetação e animais que retornaram gradualmente para lá.

A cidade foi liberada para visitantes somente em 2010 e, desde então, a região vem atraindo turistas e fotógrafos — tanto que, após a série Chernobyl, do HBO, a sala de controle do reator em que tudo aconteceu tornou-se um dos pontos turísticos mais procurados por viajantes de todo omundo. 

Fonte: Live Science, Reuters, Unesco