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Peixe mais rápido do mundo é filmado caçando pela primeira vez na história

Por| Editado por Luciana Zaramela | 22 de Fevereiro de 2023 às 13h07

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NOAA National Ocean Service/Domínio Público
NOAA National Ocean Service/Domínio Público

Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram gravar o peixe mais rápido do mundo — o peixe-vela — caçando em alto mar, em uma iniciativa que revela segredos da vida do incrível animal, que é difícil de se acompanhar e estudar durante sua rotina por razões óbvias. Não espere, no entanto, imagens e ângulos super claros, já que, apesar de importantíssimas, as gravações são complicadas de se decifrar.

Isso só foi possível por conta de cientistas da Nova Southeastern University (NSU), mais especificamente, do seu Instituto de Pesquisa Guy Harvey (GHRI, na sigla original), que desenvolveram um rastreador cheio de complementos, incluindo sensores modernos e uma câmera de vídeo, presas aos peixes estudados. Dessa maneira, pudemos acompanhar o comportamento de um peixe-vela (Istiophorus platypterus) longe da superfície, em seu habitat, livre de interferências e distrações humanas.

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Filmado por acaso

O local escolhido para o estudo foi uma das melhores áreas de pesca do mundo, no sudoeste do Panamá, chamada Tropic Star Lodge. Na maior parte do dia, os peixes-vela sobem à superfície e mergulham novamente até a cada termoclina da água, onde ela fica gelada. Essa área pode concentrar presas que não querem entrar na água fria, uma vantagem explorada pelo caçador aquático estudado.

Inicialmente, os pesquisadores queriam descobrir quanto tempo o peixe-vela leva para se recuperar após ser solto depois da captura por praticantes de pesca recreativa, o que se tornou outro estudo. Como a câmera continuou a gravar após a recuperação do animal, no entanto, sua fascinante prática de pesca foi revelada, o que surpreendeu os autores.

Peixes-vela são conhecidos pela grande barbatana dorsal (daí o nome) e o bico alongado que lhe confere uma espécie de espada para caça — não confundir com o peixe-espada, que, apesar de similar, pertence a uma espécie diferente. Esses peixes podem nadar em grupo ou sozinhos, e já foram vistos atacando cardumes, usando o bico para rasgar e atordoar as presas. Como isso costuma ser feito na superfície, sua observação é mais fácil.

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Quando não estão nessas caças em bando, no entanto, acredita-se que os peixes-vela sejam bem solitários. Conseguindo deixar os olhos e cérebro mais quentes do que a água ao seu redor, eles têm vantagem quando caçam em águas frias ou mal-iluminadas, queimando muitas calorias por dia, em contrapartida. Por isso, se pensava que precisavam caçar entre uma caçada e grupo e outra, para repor esse gasto, mas isso nunca havia sido documentado — até agora.

Ciência e conservacionismo

Os pesquisadores avisam que as imagens não são nada cinematográficas, pouco chamativas para as redes sociais. No geral, são filmagens mostrando majoritariamente água, mas é possível distinguir o peixe nadando rápido em direção à superfície em um dado momento, o que denunciou algo diferente: era a caçada, que trouxe o animal de cerca de 45 kg de 60 metros de profundidade até a superfície, em um tiro incrivelmente rápido, para pegar um pequeno atum.

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Com curvas rápidas e viradas de cabeça, entre ímpetos de aceleração e frenagem que o levavam a quebrar a superfície da água por vezes, o predador conseguiu capturar a presa, voltando a nadar normalmente em seguida. Não é possível manter um peixe desses em cativeiro, então observar seu comportamento in natura nos mostra sua biologia básica de formas inéditas. O rastreador complementou as imagens com outras informações, usadas para estimar as calorias gastas pelo animal e as ganhas pelo alimento.

Estima-se que o peixe-vela em questão precisa de aproximadamente metade de um atum pequeno como o capturado por dia, ao menos para alcançar suas demandas energéticas. Esforços como esse são importantes para gerar medidas de proteção aos animais, que estão ameaçados de extinção no Atlântico. Para uma pesca sustentável, é imprescindível conhecer os peixes e como funcionam em seu habitat, revelado de forma surpreendente pela pesquisa.

Fonte: Scientific Reports, Ices Journal of Marine Science