Pegadas mostram como megaraptor ficou enorme com o tempo
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Em uma coincidência deveras Cretácea, as pegadas de dois tipos de raptor diferentes foram encontradas na mesma planície lamacenta preservada ao longo das eras. Aumentando a importância do achado, uma das espécies era desconhecida e representa a maior das pegadas de raptor já encontradas pela ciência. O novo dinossauro foi descrito em um artigo na revista científica iScience.
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Ganhando o nome de Fujianipus yingliangi, em homenagem ao local de encontro das marcas, os cientistas estimam que o animal teria chegado a 1,8 metros de altura no quadril e 5 metros de comprimento, maior do que as representações dos velociraptors na cultura pop.
Pegadas de raptor são únicas, apresentando duas garras responsáveis por segurar o peso da espécie em um total de quatro garras por pata. Enquanto uma terceira era menor, uma quarta era maior do que todas as outras — e o papel que ela tinha ainda é debatido.
Inicialmente, se acreditava que ela servia para rasgar presas e rivas, mas a teoria mais aceita atualmente é que era usada para imobilizar as presas para o abate com a boca. Essa parte do membro é especializada o suficiente para não ser usada na caminhada, identificando facilmente raptores entre os fósseis.
O maior dos raptores
O novo espécime foi encontrado em Fujian, na prefeitura de Longyan, na China. O local é famoso por guardar pegadas de diversos dinossauros, mas a amostra mais marcante é a que guarda o F. yingliangi junto às marcas de um Velociraptor, espécie menor que tinha apenas 1 metro de comprimento. As pegadas do animal maior têm cerca de 36 centímetros.
Ao IFLScience, o cientista Anthony Romilio, um dos autores do estudo, contou haver uma “conta de padaria” usada como regra para pegadas de dino — ao multiplicar o comprimento da pegada por quatro, se chega à altura do animal na cintura.
Comparando pegadas com ossos de raptor, no entanto, a taxa de conversão ficou mais próxima a 5,5. Seria uma cintura mais alta que a da maioria dos humanos, neste caso. O animal do estudo provavelmente era da família Troodontidae, menos musculosa e mais inteligente do que os velociraptores e que surgiu no final do período Jurássico, há cerca de 95 milhões de anos.
Os cientistas consideram a coincidência do achado bastante interessante, já que os raptores seriam mais raros do que os dinossauros herbívoros que caçavam. A diferença da direção dos animais indica que nenhum deles caçava o outro, e sinais sugerem que estavam andando relativamente devagar.
A lama ficou datada entre 80 e 105 milhões de anos atrás, e os autores do estudo sugerem que as espécies de raptor foram ficando cada vez maiores à medida que o Cretáceo avançava — e teriam ficado muito grandes, provavelmente, caso o asteroide não tivesse caído e formado a cratera de Chicxulub. Ótima notícia para nós, mas péssima para eles.
Fonte: iScience com informações de IFLScience