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Múmia de dinossauro soluciona mistério sobre preservação da pele dos fósseis

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Outubro de 2022 às 14h10

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Drumheller et al./PLoS One
Drumheller et al./PLoS One

Uma descoberta paleontológica na Dakota do Norte, Estados Unidos, está mudando as concepções dos cientistas sobre fósseis: os responsáveis são os restos mortais de um hadrossauro conhecido como "dino múmia", já que sua pele está preservada de uma forma, até recentemente, inexplicável. O dinossauro bico-de-pato em questão (um Edmontossauro), por conta da região onde foi encontrado, é chamado oficialmente de "Dakota".

Preservados, estão uma pata, uma seção do membro dianteiro e uma parte da cauda, retirados da rocha que preservou e conteve o fóssil. Estima-se que a múmia tenha de 66 a 67 milhões de anos: ela desafiou a paleontologia desde o seu achado. O estudo sobre o caso — publicado na revista científica PLoS One — sugere que pode haver muito mais pele preservada por aí, indetectada pelos cientistas.

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Mumificando dinos

Anteriormente, se acreditava que dinossauros só poderiam ser mumificados por acontecimentos muito específicos. Um deles envolvia o soterramento rápido logo após a morte, e o outro, a permanência do cadáver intacto em um ambiente árido por tempo o suficiente para que a carcaça ficasse preservada. Ao estudar os sedimentos ao redor de Dakota, notou-se que o animal viveu em um lugar úmido e chuvoso.

O corpo do hadrossauro ficou próximo a uma fonte de água em seus momentos finais, e há sinais de ataque por animais carniceiros nos ossos e pele, incluindo ancestrais dos crocodilos e talvez T. rex jovens ou dakotaraptores. Como é possível que a carne, então, não apodreceu, simplesmente? Pois a nova descoberta coloca o motivo justamente na atividade carniceira.

Stephanie Drumheller, paleontologa e especialista em marcas de mordida da Universidade do Tennessee, notou via tomografias que a pele foi esvaziada, e não comprimida pelos sedimentos ao seu redor. A cientista, então, se lembrou de ter visto algo semelhante em restos mortais de mamíferos (especialmente humanos) utilizados em pesquisas antropológicas forenses.

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Corpos de mamíferos, em algumas situações, ficam preservados em ambientes úmidos por meses. Isso acontece porque pequenos animais carniceiros penetram o corpo e deixam um caminho pelo qual líquidos e gases saem, secando a pele e a preservando. Drumheller comenta o aspecto inesperado da situação, difícil de se imaginar por alguém que só leu a literatura paleontológica sobre as múmias — mas que é comum na literatura antropológica forense.

Contraintuivamente, atividade carniceira incompleta acaba ajudando na preservação animal: grandes carniceiros podem arrancar pedaços dos corpos, mas estão em busca de músculos e órgãos internos, mais nutritivos. Ao "cavar" pelos restos, deixam que o gás e os líquidos internos escapem. Os ossos e pele que sobram vão, lentamente, secando e esvaziando, resultando na preservação por até mesmo éons.

Já havia alguns relatos de paleontólogos encontrando pedaços de pele preservada em campo, o que nunca era esperado e levou ao enigma agora explicado — e isso acontecia especialmente com hadrossauros. Mindy Householder, co-autora do estudo, é responsável pela retirada do fóssil de Dakota da rocha há 3 anos, e não trabalhava tendo em mente que encontraria restos de pele fossilizada. Seu treinamento envolvia identificar ossos e removê-los do local onde estão preservados.

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Os métodos para remover ossos podem acabar danificando a pele preservada, perdendo-a para sempre. Com isso, abre-se a possibilidade de que há mais pele de dinossauro fossilizada por aí, o que pode mudar a abordagem dos cientistas em relação aos dinos — e tudo graças ao bico-de-pato de Dakota.

Fonte: PLoS One