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Incaprettamento | Método de sacrifício era comum no Neolítico

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Abril de 2024 às 13h46

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Ludes et al./Science Advances
Ludes et al./Science Advances

Durante o período Neolítico, também chamado de Nova Idade da Pedra, diversas mulheres foram mortas em sacrifício por um método chamado incaprettamento, onde uma corda é amarrada em seus pescoços e ligada às pernas pelas costas — causando um enforcamento “auto-imposto”. Um novo estudo identificou dezenas de mortes pelo método ao longo de mais de 2.000 anos.

A análise começou após uma nova análise do túmulo de Saint-Paul-Trois-Châteaux, descoberto há mais de 20 anos nas proximidades da cidade de Avignon, na França. A sepultura imita um silo, local para armazenar grãos, e guardava os restos mortais de três mulheres enterradas há cerca de 5.500 anos.

A equipe multidisciplinar de cientistas franceses publicou uma análise dos achados na última quarta-feira (10) no periódico científico Science Advances, onde concluem que duas das mulheres foram mortas por incaprettamento e enterradas ainda vivas, provavelmente em um ritual ligado à agricultura.

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Mortes e rituais no Neolítico

Segundo contou o autor principal do estudo, Eric Crubézy, à Live Science, há vários sinais ligando o túmulo à agricultura. Os símbolos incluem a construção de uma estrutura de madeira alinhada com o sol nos solstícios e diversas pedras de moagem enterradas próximas. Por fim, o enterro ter sido em um silo reforça a possibilidade dessa ligação ritual. 

Os pesquisadores seguiram com a análise em 20 outros casos prováveis de incaprettamento em 14 sítios arqueológicos diferentes do Neolítico, datados entre 5.400 a.C. e 3.500 a.C.

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Artes em pedras na Caverna de Addaura, na Sicília, datadas do Mesolítico (Idade da Pedra) e feitas entre 14.000 a.C. e 11.000 a.C. mostram, aparentemente, duas figuras amarradas de acordo com o método de execução, e artigos as descrevendo foram estudados pelos cientistas.

Segundo Crubézy, o método surgiu no Mesolítico, antes do advento da agricultura, e tomou significado associado à prática durante o Neolítico. Esse tipo de sacrifício parece ter se espalhado por toda a Europa, com evidências da prática indo da Espanha à Tchéquia. O mais antigo foi em Brno-Bohunice, na Tchéquia, em cerca de 5.400 a.C, e o mais recente é o do estudo na França.

Apesar de o material das cordas que ataram as mulheres em Saint-Paul-Trois-Châteaux já ter se decomposto, a posição de suas pernas e outras características denunciam o incaprettamento. A terceira mulher enterrada parece ter falecido de causas naturais, ficando em posição normal à época, de lado e no centro do túmulo.

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As outras mulheres teriam sido sacrificadas cerimonialmente junto à falecida, sendo mais jovens do que ela no momento da morte. Elas foram mantidas no lugar com fragmentos pesados de pedra de moagem, indicando que provavelmente estavam vivas quando foram enterradas.

Embora não se saiba por que o método era utilizado, Crubézy acha possível que esse tipo de morte fosse vista como alguém tendo estrangulado a si mesmo — e não como um assassinato.

Fonte: Science Advances com informações de Live Science