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Povos do Neolítico descarnavam e desmembravam os mortos antes do enterro

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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International Journal of Osteoarchaeology
International Journal of Osteoarchaeology

Arqueólogos encontraram evidências de que povos do Neolítico descarnavam e desmembravam cadáveres há 6.000 anos, onde hoje é a Espanha. Ao invés de serem indícios de algum antigo assassinato brutal, no entanto, esses fatos são sinais de práticas funerárias logo após a morte, segundo estudos. Os ossos que trouxeram essas pistas estavam nas tumbas de Los Zumacales e La Cabaña, e uma pesquisa sobre eles foi publicada na revista científica International Journal of Osteoarchaeology.

As tumbas de pedra, que ficam no norte espanhol, continham os restos de mais de duas dezenas de homens, mulheres e crianças, além de pontas de flecha, sovelas (ou furadores, um instrumento que marceneiros usam para furar), ferramentas de pedra diversas e fragmentos de cerâmica. Os achados são já antigos, mas foram reavaliados pelos cientistas para chegar às conclusões atuais.

Ritual funerário ou canibalismo?

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Análises mostraram que de 70% a 90% dos ossos foram fraturados e fragmentados perimortem, ou seja, em torno da hora da morte ou imediatamente após o fato. Alguns ossos do braço estavam com fragmentos em forma de borboleta, segundo os cientistas, o que é gerado por forças perpendiculares aplicadas ao osso fresco.

Marcas de impacto também foram notadas, indicando a aplicação de força percussiva, ou por batidas. Havia, ainda, marcas de corte em V, provavelmente feitas por ferramentas de corte para descarnar os mortos. Estudos anteriores concluíram que os enterros do local haviam sido limpos ou movidos de local após algum tempo, mas o novo estudo diz que as fraturas e cortes seriam parte de uma prática de “manejo da morte”, um ritual para lidar com entes queridos perdidos.

De qualquer forma, é difícil saber as motivações dos povos antigos. Pode ser que o objetivo fosse acelerar a decomposição, ou usar os ossos como objetos funerários ou relíquias. Os pesquisadores não descartam, ainda, a possibilidade de canibalismo, algo presente em algumas sociedades do passado, especialmente no final do Paleolítico (entre 35.000 e 10.000 anos atrás) no noroeste da Europa.

Como não há provas muito concretas, os cientistas cautelosamente classificam as chances da antropofagia com um grande “talvez”. Não há dicas mais específicas no local sobre as práticas funerárias, e, como é raro encontrar habitações da época, não há como saber detalhes da vida desses humanos antigos, que provavelmente forrageavam e plantavam alguns cereais, num modo de vida semi-nômade focado na criação de animais.

Fonte: International Journal of Osteoarchaeology com informações de LiveScience