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5 gerações de uma mesma família são identificadas em túmulo de quase 6 mil anos

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Corinium Museum
Corinium Museum

Os restos mortais de 27 pessoas de uma mesma família foram encontrados em túmulo do período Neolítico com quase 6.000 anos, localizado na Inglaterra. A descoberta, liderada pela Newcastle University, revela uma linhagem de cinco gerações, sendo a primeira árvore genealógica da pré-história remontada por análises de material genético.

As gerações descendem de um homem e quatro mulheres, sugerindo que os casamentos eram polígamos na alta classe desta sociedade neolítica. O geneticista populacional Iñigo Olalde, que é co-autor do estudo, disse que a análise reconstrói uma das árvores genealógicas mais antigas já mapeadas.

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Para Olalde, é questão de tempo até que novas técnicas sejam aplicadas a outras coleções antigas de DNA humano e mais descobertas como essa apareçam. "Provavelmente nos próximos meses ou um ano, teremos muitos mais", acrescentou o pesquisador.

Neolítico, o Período da Pedra Polida

O Neolítico, também conhecido como Período da Pedra Polida, é compreendido entre 10 e 4 mil a.C. Os ossos do estudo continham restos humanos de 35 pessoas, descobertos na década de 1980 no túmulo Hazleton North, no oeste da Inglaterra.

Por muitos anos, o túmulo esteve ameaçado pelas atividades de aração do fazendeiro proprietário da região. Por isso, a escavação resgatou estes restos para preservá-los. Então, outro grupo de pesquisadores extraiu o material genético deles.

Olalde e sua equipe trabalharam com sequenciamento genético para descobrir se esses ossos possuíam algum nível de parentesco. Para a surpresa dos pesquisadores, tratava-se de uma grande família. "Foi bastante surpreendente, mas muito divertido, encontrar toda essa família", ressaltou.

Dos 35 corpos identificados, 27 foram relacionados pelo DNA. Os homens eram geralmente enterrados próximos de seus pais e irmãos, sugerindo uma descendência patrilinear — isto é, todas as gerações estavam associadas à mais antiga através dos membros masculinos.

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Em formato de L, o túmulo possuía duas câmaras: uma ao norte e outra ao sul da estrutura. Onde esses indivíduos foram enterrados, dependia das mulheres da primeira geração das quais descendiam. Descentes de duas mulheres foram enterrados ao sul e os de outras duas ao norte.

Os pesquisadores acreditam que essas mulheres da primeira geração tinha um papel social significativo na sociedade neolítica, reconhecido enquanto o túmulo ainda era construído há quase 6.000 anos.

Relações além do DNA

A equipe descobriu quatro homens cujas mães pertenciam à parte da linhagem, mas seus pais não. Eles seriam enteados vindos de relações anteriores destas mulheres ou com homens de fora da família, e seus filhos não foram reconhecidos por seus parceiros.

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Duas crianças foram identificadas, mas nenhuma filha adulta foi encontrada. Provavelmente estas foram enterradas junto de seus respectivos parceiros, em outros locais. Além disso, três mulheres e cinco homens com nenhuma relação foram encontrados ali.

Segundo Olalde, as mulheres foram casadas com os homens enterrados no túmulo, mas não tiveram filhos ou, ainda, suas filhas foram sepultadas em outro lugar — possivelmente com seus parceiros. Já os homens poderiam ter sido adotados pela família ou conectados por algum tipo de relação que as evidências não apontam.

Tudo indicia que o túmulo neolítico seja formado por ancestrais imediatos de pessoas que vieram da Europa continental para a Grã-Bretanha, imigrantes fazendeiros daquela época. As relações de parentesco provavelmente refletem estruturas familiares ainda mais antigas.

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A estudo foi publicado na revista Nature.

Fonte: Nature; Via ScienceAlert