Jornada de 1.000 km de jovem mamute pode dar pistas sobre extinção
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Há aproximadamente 14.000 anos, a presa de uma mamute de 20 anos chegou a um acampamento humano em Swan Point, no estado americano do Alasca. Aos cientistas, a jornada do marfim até o local continuará misteriosa, já que não sabemos se o animal foi caçado ou simplesmente morreu e teve seus restos encontrados pelos antigos. Análises da sua química óssea, no entanto, podem ser mais reveladoras do que você imagina.
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A extinta mamute (Mammuthus primigenius) ganhou, inclusive, um nome pelo conselho local — Élmayuujey'eh —, e estava no primor da vida, já que era uma jovem adulta. Análises de seus isótopos (átomos carregados) mostram que ela não estava desnutrida e morreu na mesma estação em que o campo de caça sazonal de Swan Point estava montado. Mas sua história é bem mais longa do que isso.
A jornada da mamute do Alasca
Assim como os anéis de uma árvore, as presas da mamute mostram sua história. Segundo cientistas da Universidade do Alasca, responsáveis pelo estudo, ela teria sua origem no Canadá, e morou a maior parte da vida no estado de Yukon, que faz fronteira com o Alasca. Em três anos, no entanto, ela viajou cerca de 1.000 km para chegar ao estado americano, e era parente próxima de outros espécimes encontrados no campo de caça, incluindo um bebê e outro jovem.
Ela não tinha relação, no entanto, com outros mamutes encontrados nas proximidades, reforçando a evidência dos isótopos de que a mamute havia migrado junto a uma manada familiar. Sua nova residência no Alasca foi um local com a maior densidade de sítios arqueológicos da região, com restos de até 20.000 anos. Eles foram deixados pelos primeiros humanos a migrar da Eurásia, viajando pela ponte terrestre de Bering da época glacial.
Os pesquisadores também compararam a jornada de Élmayuujey'eh com a de um mamute macho milhares de anos mais velho — ele teria migrado por distâncias muito maiores, mas que, muitas vezes, coincidiram com a rota da parente mais nova.
A confluência de humanos e mamutes na Beríngia não é coincidência, segundo os cientistas, mas sim uma estratégia e comportamento móvel planejado por nossos ancestrais. O estudo deverá ajudar no entendimento científico sobre a extinção e hábitos dos mamutes, que são alvo de esforços para uma “ressuscitação” que ajudaria na mitigação das mudanças climáticas.
Fonte: Science Advances