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Ponte terrestre de Bering surgiu bem mais tarde na Era do Gelo do que pensávamos

Por| Editado por Patricia Gnipper | 02 de Janeiro de 2023 às 10h14

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NASA/GSFC/JPL/MISR
NASA/GSFC/JPL/MISR

Ao estudar reconstruções geológicas de como seria o nível do mar na Terra de milhares de anos atrás, cientistas descobriram que a Ponte Terrestre de Bering, que conectava a Ásia e a América do Norte, não surgiu até 35.700 anos atrás, menos de 10.000 anos antes do pico da última Era do Gelo, conhecido como Último Máximo Glacial (UMG). Isso é bem mais tarde do que estudos anteriores apontavam, e numa velocidade também impressionante.

O acontecimento teria sido impulsionado pelo crescimento dos mantos de gelo e a diminuição no nível do mar que o fenômeno acarreta. Mais de 50% do volume global de gelo do UMG cresceu após 46.000 anos atrás. Entender as relações e dependências entre o clima e os mantos de gelo é importante para entender a demora no desenvolvimento das calotas após as quedas de temperatura atingirem todo o planeta.

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Quando atravessamos o Estreito de Bering?

Com a água ficando presa nos mantos gelados, o nível dos mares diminui, mas a ciência sempre teve dificuldade em definir quando isso aconteceu, exatamente, na última Era Glacial. Durando de 26.500 a 19.000 anos atrás, o UMG cobriu áreas extensas da América do Norte com gelo, descobrindo uma área de terra conhecida como Beríngia que ia da Sibéria ao Alasca, ligando os continentes e abrigando cavalos, mamutes e outros animais do Pleistoceno.

Quando as calotas derreteram, o Estreito de Bering foi coberto por água novamente, entre 13.000 e 11.000 anos atrás, segundo a nova pesquisa. Com a descoberta, fica claro que a chegada dos humanos nas Américas e a abertura da ponte terrestre foram eventos muito bem sincronizados, com um intervalo de tempo muito menor do que se pensava. Alguns estudos sugerem que alguns humanos até mesmo viveram na Beríngia no ápice da Era do Gelo — eles teriam chegado logo que ela se formou.

Para revelar a linha do tempo, foram analisados isótopos de nitrogênio dos sedimentos do fundo do mar, quando as águas do Oceano Pacífico pôde fluir pelo estreito e chegar até o Oceano Ártico. Os restos do plâncton marinho preservado nos sedimentos foram de especial ajuda na empreitada, coletados em 3 localidades do oeste do Oceano Ártico e mostrando as diferenças entre o nitrogênio dos dois oceanos.

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Subiu mais, subiu depois

Modelagens dos níveis marinhos foram comparados com os mais diferentes cenários de crescimento dos mantos de gelo, e os resultados se mostraram bem diferentes do que se propunha anteriormente na ciência — eles tiveram de ser consistentes com os dados de nitrogênio coletados nos mares durante a pesquisa. O nível do mar era bem maior durante o UMG do que se pensava, chegando a 130 metros a menos do que o atual.

Em um lugar específico como o Estreito de Bering, o nível do mar depende de diversos fatores, como a deformação da crosta terrestre pelo peso do manto de gelo. É como uma massa de pão: a nossa mão aperta uma seção, que afunda e levanta as que estão em volta, assim como o gelo faz com a crosta, a empurrando para baixo, levantando as bordas. As calotas de gelo são tão grandes que também exercem efeitos gravitacionais na água.

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O novo estudo, segundo os cientistas, mostram a complicada relação entre o clima e os volumes globais de gelo, nos dando mais um vislumbre de como funcionam os mecanismos dos ciclos glaciais e permitindo novas possibilidades de pesquisa na área.

Fonte: Science Daily