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Espécie extinta de águia gigante viveu na Austrália há mais de 50 mil anos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 21 de Março de 2023 às 21h40

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John Megahan/PLoS Biology
John Megahan/PLoS Biology

Fósseis encontrados no sul da Austrália levaram à descoberta de uma nova espécie de águia gigante que habitou a grande ilha há centenas de milhares de anos — é a extinta Dynatoaetus gaffae, uma ave de rapina da família dos acipitrídeos (Accipitridae), relacionada às águias, falcões e abutres-do-velho-mundo.

O animal tinha uma envergadura de 3 metros e garras enormes com até 30 cm de extensão, fortes o suficiente para agarrar cangurus e aves igualmente grandes, um tamanho que lhe confere o título de maior ave de rapina a já ter vivido no continente australiano. Ela teria vivido durante o Pleistoceno, época que foi de 700 mil a 50 mil anos atrás.

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Grandes aves de rapina do passado

Mesmo com o tamanho impressionante em comparação com as aves modernas, a espécie ainda é menor do que as maiores águias já extintas, a águia-de-haast (Hieraaetus moorei), da Nova Zelândia e a Gigantohierax suarezi, de Cuba. A D. gaffae é mais próxima aos abutres-do-velho-mundo da Ásia e África e da águia-filipina ou águia-pega-macaco (Pithecophaga jefferyi).

Junto ao recentemente descrito Cryptogyps, a águia gigante do passado integra os novos gêneros de aves de rapina exclusivos à Austrália, animais aparentados às águias e abutres que viveram há cerca de 50 mil anos. Seu desaparecimento também é importante à ciência, já que demonstra que as aves de rapina também foram impactadas pela extinção em massa que eliminou a maior parte da megafauna do continente.

Com as garras de até 30 cm, a D. gaffae teria conseguido caçar cangurus-gigantes juvenis e grandes pássaros não-voadores, como as moas, e outras espécies da megafauna, como o maior marsupial do mundo, o vombate-gigante (Diprotodon), e a goanna-gigante (Varanus priscus), um tipo de lagarto-monitor australiano. Ela também teria convivido com espécies ainda vivas, como a águia-audaz (Aquila audax), o que tem implicações importantes para seu ecossistema.

Com essa maior diversidade nas aves de rapina do continente, podemos inferir que a águia-audaz era mais limitada em relação aos locais aonde vivia e o que comia, já que deveria competir diretamente com a D. gaffae por seus preciosos recursos.

Os fósseis da espécie foram coletados da Caverna Mairs, dos Montes Flinders, no sul da Austrália, entre 1956 e 1969, incluindo um esterno, um úmero distal e duas falanges ungueais. Mais 28 ossos, que incluíam o neurocrânio, vértebras e fúrcula e mais ossos da asa e da perna, porém incompletos, foram encontrados no mesmo local em 2021. Com isso, foi possível identificar indivíduos da mesma espécie em outra coleções, como a Cooper Creek e a das cavernas de Victoria e Wellington.

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A ciência vinha notando uma ausência de grandes predadores na Austrália durante o Pleistoceno, algo estranho para um continente com tanta diversidade na megafauna e em outros grupos animais, e o Dynatoaetus gaffae veio para ajudar a preencher essa lacuna.

Fonte: Journal of Ornithology