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Fóssil de formiga gigante do Canadá levanta questões sobre migração primitiva

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Março de 2023 às 15h25

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Bruce Archibald/The Canadian Entomologist
Bruce Archibald/The Canadian Entomologist

Cientistas da Universidade Simon Frasier descobriram o fóssil de uma formiga gigante com 50 milhões de anos em Princeton, no Canadá, o que levantou questões importantes sobre a dispersão de animais e plantas no Hemisfério Norte no início do período Cenozoico, envolvendo principalmente mudanças climáticas do passado.

O espécime representa a primeira formiga extinta do gênero Titanomyrma achada no Canadá, inseto gigante com a massa corporal de uma carriça (pássaro com cerca de 10 cm) e asas com envergadura de 15 centímetros. Ele foi encontrado por um residente da cidade, Beverly Burlingame, e chegou aos pesquisadores Bruce Archibald e Rolf Mathewes através do museu local. Um artigo com a análise do fóssil foi publicado na revista científica The Canadian Entomologist.

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Migração de formigas gigantes

Há uma década, junto a outros colaboradores, Archibald encontrou outro fóssil de Titanomyrma em uma gaveta de museu, vindo, desta vez, de Wyoming, nos Estados Unidos. Em termos geológicos, esses restos são de eras próximas às de outros fósseis já conhecidos da Alemanha e Inglaterra, levantando a questão de como os gigantes insetos primitivos teriam viajado de um continente a outro, já que aparecem, na mesma época, em lados opostos do Oceano Atlântico.

Sabemos que a América do Norte e a Europa eram conectados por terra através do Ártico à época das formigas gigantes, já que a deriva continental não havia separado as massas de terra o suficiente, mas isso ainda deixa o problema do clima em aberto. Os locais que abrigaram as Titanomyrma, no início do Cenozoico, eram quentes, batendo com as temperaturas preferidas pelas formigas com as maiores rainhas da atualidade. O Ártico, mesmo sendo mais quente, ainda era muito frio.

Em 2011, os cientistas que buscaram explicar a migração da formiga gigante de Wyoming teorizaram que o animal teria aproveitado as vantagens de curtos períodos de aquecimento global, chamados de hipertermais, onde as condições de temperatura teriam ficado amigáveis para a movimentação das Titanomyrma. O problema é que a teoria dizia que as formigas não poderiam ser encontradas no frio do norte canadense, já que não tinha o calor necessário. O achado recente quebrou essa parte da hipótese.

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Geologia, clima e mistério

A trama se adensa quando consideramos que o fóssil canadense pode ter sido distorcido pela pressão geológica durante sua fossilização, o que dificulta a determinação de seu tamanho real — seria a formiga tão grande quanto a maior das rainhas Titanomyrma ou poderíamos reconstruí-la com um tamanho reduzido?

Caso fosse menor do que parece, a formiga poderia ter se adaptado a um clima mais frio através de uma redução de tamanho, extinguindo espécies grandes no norte do Canadá e se encaixando na teoria de 2011. Outra possibilidade é que o cientistas simplesmente estão errados e a espécie gigante conseguia tolerar o frio, refutando também a teoria do cruzamento do Ártico, que poderia ter sido feito em meio ao clima gelado.

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O mistério da migração da Titanomyrma está sendo estudado pelos pesquisadores, que buscam responder a perguntas sobre a dispersão de animais e plantas em um continente com clima muito diferente do que vemos hoje, cuja influência pode ser vista em padrões atuais. Para descobrir mais sobre o inseto primitivo, precisamos encontrar mais fósseis, que poderão ajudar a entender o aquecimento global de outrora e nos dar ideias interessantes de como lidar com condições parecidas no futuro da terra.

Fonte: The Canadian Entomologist