Cidade perdida achada em Tonga revoluciona a história no Pacífico
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Com a ajuda da tecnologia laser LiDAR, cientistas encontraram uma cidade perdida na ilha principal de Tonga, Tongatapu. As ruínas, que estavam escondidas sob a vegetação na costa do Pacífico, são uma prova de que a urbanização começou muito antes da chegada dos europeus no arquipélago, mudando a história como a conhecemos por completo.
Os responsáveis pelo achado da cidade são da Universidade Nacional da Austrália, que fizeram o scan aéreo de Tongatapu e revelaram estradas, fortificações, construções comunais e diversos montes de terra conhecidos como sambaquis. Grandes montes de terra específicos da região também foram encontrados — chamados “sia heu lupe”, eles eram usados para o esporte da captura de pombos.
Em um comunicado, os pesquisadores responsáveis afirmaram que estruturas feitas com terra foram levantadas em Tangatapu por volta do ano 300 d.C., ou seja, 700 anos antes do que se pensava. Os assentamentos eram uma maneira de alocar a população crescente, criando o que se chama hoje de urbanização de baixa densidade, o que trouxe mudanças sociais e econômicas importantes.
Urbanização antes dos europeus
Os europeus chegaram em Tongatapu em 1773 d.C., e, na época, acreditaram que o sul do Pacífico não tinha sociedades humanas complexas, um mito que foi desmentido pela descoberta. Mesmo cientistas acreditavam que a densidade populacional da região era baixa demais para o desenvolvimento de assentamentos urbanos.
Nas ilhas do Pacífico, no entanto, uma forma de urbanização de baixa densidade já existia, embora tomando um rumo diferente do modelo europeu. Segundo os pesquisadores, quando pensamos em cidades, geralmente o que vem à cabeça é um modelo europeu tradicional, com acomodações compactas e tortuosas ruas de pedra. Em Tonga, o modelo era bem diferente.
Os radares a laser LiDAR, que tornaram a pesquisa possível, foram desenvolvidos no início da década de 1970 para exploração espacial, mas são muito úteis na arqueologia, já que são capazes de mapear terrenos independente da presença de vegetação ou corpos de água. Com a tecnologia, já foram encontradas cidades perdidas na selva amazônica, no México e na Guatemala, por exemplo.