Cidade maia perdida na selva mexicana é encontrada com ajuda de raios laser
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Graças a imageamento via satélite e toda uma série de ferramentas modernas, quase todo o mundo já está mapeado a essa altura, com poucos lugares desconhecidos ainda aguardando a descoberta pelo ser humano. As florestas e selvas do mundo, no entanto, ainda guardam alguns segredos — arqueólogos encontraram, agora, uma cidade perdida dos maias no interior da selva densa da península de Yucatán, no sul do México.
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Chamada pelos pesquisadores de Ocomtún, que significa “coluna de pedra”, a localidade estava a 60 km de caminhada floresta adentro, e trazia consigo praças, construções piramidais, colunas de pedra e outras estruturas organizadas em padrões anelares concêntricos.
Abandonada há muito tempo, a cidade já não possui muitas das características do passado, e os cientistas acreditam que algumas das colunas podem ter sido a entrada para ambientes mais altos. Um saguão para jogo de bola também foi achado, servindo para recreação e provavelmente para propósitos religiosos.
Antes de chegar a pé em Ocomtún, foram feitos escaneamentos aéreos com tecnologia LiDAR (do acrônimo inglês light detection and ranging), que usa o reflexo de raios laser projetados no solo para revelar estruturas escondidas sob as árvores e a vegetação rasteira da selva, invisíveis ao olho nu. Aos pesquisadores responsáveis, da Academia Eslovena de Ciências e Artes, a maior surpresa foi o local ficar em uma península de altitude elevada, cercado por terras úmidas extensas.
Ocomtún na sociedade maia
As florestas tropicais do México são enormes, com cerca de 3.000 km² de selva inabitada, e pouco conhecimento humano sobre o que pode estar embaixo da folhagem. Ocomtún, por exemplo, cobre mais de 50 hectares entre as grandes construções e várias pirâmides de mais de 15 metros de altura. Os arqueólogos acreditam que a cidade tenha sido um centro importante entre 250 e 1.000 d.C., na chamada Era Clássica da civilização maia.
Para ter uma datação mais precisa da época em que esse povo habitou o local, serão realizadas análises de fragmentos de potes de cerâmica encontrados no sítio arqueológico. O povo maia já foi, por séculos, a civilização dominante na Mesoamérica, região que compreende a América Central e a maior parte da seção sul da América do Norte. Eles são conhecidos pelos seus importantes avanços na astronomia, arquitetura, matemática, cultura, sistemas de calendário e muito mais.
Os maias foram vítimas de um colapso no século IX d.C., provavelmente causado por uma combinação de guerra civil, seca, desastres ambientais e outros fatores menores. A última cidade maia, Tayasal, caiu apenas no século XVII, com a chegada dos invasores espanhóis.
Fonte: INAH, Science Alert