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A cauda de um grande dinossauro poderia quebrar a barreira do som ao se mover?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Dezembro de 2022 às 13h06

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Francisco Gascó/CC-BY-3.0
Francisco Gascó/CC-BY-3.0

Apesar do rigor científico das pesquisas, de vez em quando os cientistas podem se divertir com hipóteses divertidas e até mesmo absurdas. O estudo espirituoso da vez é fruto da união de paleontólogos e engenheiros aeroespaciais, que simularam o estalar da cauda de grandes dinossauros para ver se o movimento do membro poderia quebrar a barreira do som, criando uma explosão sônica. O objeto de estudo são os saurópodes, os grandes répteis antigos de pescoço longo.

Surpreendentemente, pesquisas nesse campo já haviam sido feitas e definiram que os dinos poderiam, sim, balançar suas caudas mais rápido do que a velocidade do som (Mach 1, que fica a 337 m/s ou 1216 km/h) caso tivessem uma estrutura alongada na ponta, como em um chicote para gado. O potencial do membro para defesa contra predadores e em brigas internas nos grupos de saurópodes seria, então, muito maior.

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Calculando a velocidade da cauda

A ideia, é claro, foi contestada por outros paleontólogos, parecendo um pouco absurda, o que resultou no estudo atual. Ele foca nos diplodocídeos (Diplodocidae), grupo de saurópodes que inclui os famosos Brontossauros, com caudas longas e esguias. A ciência, embora aceite que elas possam ter sido usadas para defesa, também aponta que poderiam ser utilizadas principalmente para contrabalancear os pescoços longos, sondar o chão ao seu redor ou como um estabilizador, uma terceira perna, como nos cangurus.

A curiosidade em torno dos diplodocídeos também advém do seu recorde, já que estão entre as mais longas criaturas que já pisaram no planeta. Como nunca encontramos uma cauda completa, os pesquisadores tiveram de simular seu formato a partir do que já foi achado, combinando 5 restos de fósseis do grupo saurópode. As simulações incluíram, depois, tecidos moles como pele, tendões e ligamentos, se empilhando sobre as 80 vértebras presentes apenas na cauda. Nós, humanos, temos 33 no corpo todo.

Nos registros fósseis, temos apenas algumas impressões da pele dos dinos e ossos, sem vestígios do que estaria na parte interna dos tecidos moles — isso, também, teve de ser "adivinhado" com base na anatomia estimada dos répteis. A grossura da pele foi calculada com base na derme dos crocodilos, modelando a deformação mecânica sofrida pelos tecidos quando a cauda fosse balançada e estalada no efeito chicote.

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As simulações computacionais ligaram a estrutura a uma cintura modelada imóvel, com peso de 1.446 kg e 12 m de comprimento. A pele, sendo complexa com fibras de colágeno para dar elasticidade, fica quase completamente quebradiça ao ser colocada sob altas tensões, segundo os cientistas.

Ao calcular as propriedades dos tecidos moles e o movimento rotacional da cauda, eles descobriram um membro mais rígido do que se pensava, se aproveitando do trabalho dos tendões e da musculatura para evitar a desarticulação das vértebras ao colocar a cauda em movimento. Na simulação, ela acabou não quebrando a barreira do som por conta da fricção muscular nas vértebras e resistência aerodinâmica. Caso superasse a velocidade do som, nessas condições, ela teria simplesmente se quebrado.

Rápida, mas não tanto

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A ponta da cauda se moveu a velocidades de 30 m/s, ou 100 km/h, dez vezes mais lenta do que a velocidade do som. Ou seja: lenta demais para criar um estrondo sônico. Uma estrutura caudal no formato de um chicote não suporta a tensão de se mover a 340 m/s sem se quebrar, independente de ser formada por filamentos de queratina trançada — como outras espécies de dinossauro —, segmentos de pele em 3 partes e queratina ou uma massa de carne como um mangual. Isso mesmo que a cintura aumentasse o movimento da cauda.

Mesmo sem habilidades ultrassônicas, a cauda dos diplodocídeos ainda poderia ter sido usada como uma arma efetiva contra predadores e rivais da mesma espécie. A 30 m/s, o impacto de um rabo de saurópode seria equivalente à pressão exercida por uma bola de golfe viajando a 315 km/h, o que pode não quebrar ossos ou rasgar pele, mas certamente faria um estrago no oponente.

Fonte: Paleobiology