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283 fósseis de dinossauro são encontrados em obra em Uberaba (MG)

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Andre Borges Lopes/CC-BY-3.0
Andre Borges Lopes/CC-BY-3.0

Uberaba, município do estado brasileiro de Minas Gerais, já tem fama estabelecida como "cidade dos dinossauros", mas a última ocorrência superou as expectativas mesmo dos habitantes mais calejados. Foram encontrados 283 fósseis em uma única obra residencial, empilhados entre amontoados de calcário na região da construção, que levanta 467 casas.

Com pouco mais de 340 mil habitantes, a cidade do Triângulo Mineiro fica acima de uma formação geológica composta principalmente do já citado calcário. Ele ajuda sobremaneira na fossilização dos ossos, já que entra no tecido ósseo e os mineraliza, preservando-os para a posteridade. Além disso, a camada do solo no município é estreita, tornando a malha urbana muito propícia para o surgimento dos restos primitivos de animais com milhões de anos de idade.

Conhecido como conjunto habitacional Tamareiras, o local do último achado revelou os ossos a pouco mais de 2 metros sob o chão, mas tais descobertas já aconteceram em perfurações de poços, duplicações de rodovias e construções dos mais diversos tipos. O Hospital Regional de Uberaba, por exemplo, em 2011, revelou restos de um megaraptor, carnívoro de 8 metros do período Cretáceo.

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Uberaba e seus achados paleontológicos

Mais tarde, em 2013, dois fósseis foram localizados enquanto um shopping era erigido no bairro nobre de São Bento, e um terreno vizinho revelou, em 2015, um titanossauro, pescoçudo do Cretáceo superior, durante a construção de um condomínio. O achado mais curioso de Uberaba, no entanto, provavelmente ocorreu no bairro rural de Peirópolis, com 300 habitantes, onde foi construída a estação da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, levando a Santos.

Um trecho da ferrovia que passava pela cidade tinha uma curva acentuada que levava a descarrilamentos, e que precisava de retificação. Durante essas obras, rochas de calcário começaram a surgir em profusão, levando o Departamento Nacional de Produção Mineral a enviar um dos primeiros paleontólogos do Brasil, Llewellyn Ivor Price, a trabalhar no local. Professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), ele faleceu na década de 1980.

Em 1947, Price estava visitando uma cancha de bocha em Peirópolis quando notou algo incomum — uma das bolas do jogo, apesar de aparentar ser uma pedra arredondada, era um ovo fossilizado de titanossauro, já sem casca devido ao uso. Publicando um estudo sobre o achado em 1951, o pesquisador foi pioneiro de achados como esse, o primeiro do Brasil e da América do Sul.

Museu dos Dinossauros e importância cultural

A importância do cientista foi tanta que, atualmente, Uberaba abriga o Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price (CPPLIP), que faz parte do Complexo Científica Cultural de Peirópolis e fomenta o desenvolvimento de projetos e artigos científicos na área. Vinculado à UFTM, o complexo abriga todos os fósseis do município, e expõe peças originais e reproduções de criaturas já encontradas por ali, como megatérios (ou preguiças-gigantes) de milhares de anos atrás e dinossauros de 80 milhões de anos.

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O município é prolífico em fósseis de tal forma que uma portaria definiu, em 2015, que qualquer obra cujas escavações cheguem à camada de rochas abaixo do solo é obrigada a ter o acompanhamento de um paleontólogo, ajudando a preservar quaisquer achados no local. Os objetos são, pela lei, propriedade da União.

Em 2022, o Museu dos Dinossauros de Uberaba recebeu 120 mil visitantes, e o município planeja ampliar ainda mais esse turismo, pleiteando o projeto Terra de Gigantes. Inclusos nele, estão os fósseis, o gado (já que a cidade é o principal polo de genética bovina do Brasil) e Chico Xavier, habitante ilustre que atrai milhares de visitantes mesmo após sua morte, em 2002.

O projeto quer dar vida a um geoparque em Uberaba, com 4.540 km² e reunindo elementos históricos, culturais e geológicos, requisitos da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) para o enquadramento nesse conceito. Com isso, poderão ser melhor preservados e desenvolvidos, gerando reanda e melhoria na qualidade de vida — ao menos, é o que deseja a coordenadora do projeto, Stela Mariana de Morais. Tendo recebido o dossiê do geoparque em novembro de 2022, a Unesco fará uma vistoria no local em outubro deste ano.

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Fonte: Tab Uol