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Análise | Fiat Argo HGT surpreende e traz tecnologia e refinamento aos compactos

Por| Editado por Jones Oliveira | 26 de Dezembro de 2019 às 10h22

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Matheus Argentoni/Canaltech
Matheus Argentoni/Canaltech

O mercado de carros compactos nunca foi tão concorrido como atualmente. O padrão estabelecido pelas montadoras tem feito com que vejamos modelos cada vez mais equipados e tecnológicos, algo que era impensável tempos atrás. A FIAT, desde o lançamento do Uno Mille, em 1984, sempre estabeleceu os rumos do mercado de carros de entrada, tendo perdido a liderança apenas com o lançamento do Chevrolet Onix, que, por sua vez, trouxe avanços para o segmento e determinou quais caminhos seguir desde então.

Em 2017, a montadora italiana anunciou o FIAT Argo, que, segundo ela, lançaria um novo segmento dentro do mercado automotivo brasileiro: o dos compactos premium. O Argo foi responsável não apenas pelo início desta "nova" categoria, mas também por, de uma vez só, aposentar três modelos da empresa de uma só vez: o Palio, o Punto e o Bravo, sendo que estes dois últimos eram projetos globais da marca.

Lançado com três opções de motor e com itens antes vistos apenas em carros superiores, o Argo é um produto de destaque dentro do mercado brasileiro — e não apenas dentro do seu segmento. Com muitos itens tecnológicos e acabamento dos mais refinados em sua categoria, dá para dizer que ele tem um belo futuro pela frente.

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O Canaltech passou um tempo com o Argo HGT e, também, com o Argo Precision 1.8, os modelos topo de linha da gama, e contará para você o que achou desse carro. Andiamo!

Tudo tem um propósito

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Argo, na mitologia grega, foi uma embarcação construída com a ajuda da deusa Athena com o objetivo de levar Jasão e os argonautas de Iolcos até Cólquida para recuperar o Velocino de Ouro. E, assim como na mitologia, o FIAT Argo foi projetado com um propósito: entrar na briga com Onix, HB20 e Ka e, de uma só vez, eliminar três modelos da montadora italiana para reposicioná-la no mercado.

Logo de cara, podemos ver que o carro chama muito a atenção, sobretudo em sua versão HGT. Com visual esportivo e imponente, com linhas passionais e agressivas, o Argo é um colírio para os olhos e não fez com que sentíssemos saudades do Palio, do Punto nem do Bravo.

Mas não é apenas no design que o Argo HGT chamou a atenção. Seu pacote tecnológico impressiona, principalmente se levarmos em conta que ele é um projeto de 2017. Para começar, sequer precisamos apertar qualquer botão para entrar no veículo, uma vez que ele está equipado com sensor presencial, algo que vimos em poucos carros dos que testamos aqui no Canaltech.

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Ao entrar na cabine, o Argo ganha o condutor logo de cara com um conforto absurdo, acabamento muito refinado para seu segmento e muitos itens que deixam sua estada dentro do veículo muito mais agradável. A começar pela central multimídia uConnect, de 7 polegadas, uma das mais completas do mercado. Além das funções padrão de entretenimento, ela possui informações sobre a condução do carro, climatização, bússola e, claro, o espelhamento com Android Auto e Apple Car Play.

Os materiais utilizados no acabamento do FIAT Argo, mesmo em versões mais baratas, impressionam pela qualidade. Sim, o plástico está presente, mas ele possui um toque diferenciado, muito mais agradável, com encaixes de muito bom gosto.

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Quando olhamos para frente, temos à disposição um cluster dos mais legais da categoria, com uma enorme tela TFT de 5 polegadas que reúne todas as informações necessárias para o motorista, com um computador de bordo completo. Ele mostra, além do consumo, detalhes de mídia, velocímetro digital, limitador de velocidade, autonomia, medidor de pressão dos pneus, entre outros itens.

O volante, por sua vez, tem excelente empunhadura e, apesar de ter apenas ajuste de altura, é favorecido pela coluna de direção do Argo, que é bem equilibrada e proporciona ao motorista total conforto ao guiar. Outro ponto interessante no volante é o controle da mídia, que fica localizado na parte de traz da peça, o que, certamente, ajuda o condutor a não se distrair.

Completam os itens de conforto e design o ar digital de uma zona, rebatimento automático dos retrovisores (outro item que não foi visto nem em carros de R$ 200 mil), luz diurna, espelho eletrocrômico, rodas de liga leve aro 17, farol de neblina, sensor crepuscular, sensor de chuva, câmera de ré, park alert, partida por botão, sistema start-stop e follow me home.

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Uma menção honrosa também deve ser dada ao isolamento acústico da cabine. Viajar no Argo é uma delícia também por conta do pouco barulho. Nem mesmo no trânsito intenso da Marginal Tietê e com chuva forte o ruído chegou a atrapalhar uma conversa.

Pelo menos na aparência e nos equipamentos, o Argo faz jus à estratégia da FIAT. Mas quanto ao resto, vamos ver?

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Impõe respeito, mas gosta de beber

Como o Argo HGT anda? Bem, primeiro temos de explicar que essa versão está equipada com um motor 1.8 eTorq de 139cv e 19,3 kgf/m de torque, que foi completamente remodelado para ser usado no Argo, no Cronos e no Jeep Renegade. Os números crus são dignos de um hatchback médio, mas algo em seu comportamento merece ressalvas que citaremos mais adiante.

Em momento algum o Argo HGT nos deixou na mão — pelo contrário. Sua potência e torque são dos melhores da categoria e o câmbio automático de seis velocidades deixa a condução muito divertida e segura, além, é claro, dos paddle shifts, que podem ser usados caso o condutor queira fazer reduções mais imediatas. Segundo a montadora, o Argo 1.8 vai de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos.

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O problema aqui fica na chegada do torque. O arranque do Argo é mais do tipo linear, bem comum aos carros com motor aspirado, mas o torque chega a 3.250 RPM, o que pode irritar em dados momentos. Para efeito de comparação, o torque do Chevrolet Onix Plus, que testamos aqui no Canaltech, chega logo depois dos 1.000 RPM graças ao seu 1.0 turbo. A vantagem do Argo, neste caso, vai para o comportamento na estrada, com retomadas muito mais agressivas devido ao tamanho de seu motor. Para quem leu nossa análise do Onix vai se lembrar que, na estrada, o Chevrolet deixou a desejar — o que é normal para o tipo de motor.

Outro ponto que faz a diferença no desempenho — e também no consumo — é o peso do automóvel: 1.243 kg. Para um carro desse tamanho, o Argo HGT (e o Precision também) é bem pesado, mas, com o bom acabamento e o motor grande, esse peso pode ser explicado. E como citamos o consumo, é melhor você se preparar: o Argo HGT bebe demais. Nos nossos testes, ele teve consumo médio de 7km/l na cidade e 9km/l na estrada com etanol e 9km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada com gasolina.

A FIAT sabe disso e promete mudanças para os próximos anos. A expectativa é que a nova geração de motores FireFly, os modernos propulsores de três cilindros da montadora que equipam as versões mais baratas do Argo, a 1.0 e 1.3, também equipem as versões mais avançadas do Argo (incluindo a Trekking) e do Cronos, o sedã derivado deste modelo. Os SUVs da Jeep também serão equipados com esses novos motores a partir de 2020.

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Quem sabe não podemos esperar as versões T-Jet do Argo e Cronos? Vale lembrar que a FIAT lançou edições turbinadas do Punto e Bravo anteriormente, com muito boa aceitação do mercado. Esses carros, inclusive, são muito procurados entre os seminovos.

Seguro e preparado para nossas ruas

O Argo também impôs novos padrões dentro da FIAT quando o assunto é segurança. O carro foi o primeiro compacto da empresa a ter controle de estabilidade e tração em suas versões mais caras — HGT e Precision (1.8) e GSR (1.3). Além disso, ele possui controle eletrônico de frenagem, controle de torque em curvas e direção elétrica progressiva — esta última, a melhor dentro do segmento.

E por falar em direção elétrica, outra coisa que merece ser destacada no Argo, não apenas em sua versão HGT, é sua dirigibilidade. A visibilidade é das melhores do mercado nacional e sua suspensão possui um ajuste muito gostoso, equivalente a carros de segmentos superiores. Ao contrário de modelos concorrentes, o compacto da FIAT não passa todo o impacto das nossas ruas esburacadas para seus ocupantes.

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Nas curvas, a suspensão se comporta um pouquinho diferente no modelo HGT se compararmos com o Precision e, até mesmo, o Drive. Ela fica um pouco mais rígida, o que confere um bom controle ao condutor.

Quanto aos airbags, o Argo HGT é equipado com quatro. Concorrentes como o Polo e o Onix possuem seis e sete, respectivamente. Algo que deve ser atualizado já em 2020.

Objetivo alcançado

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Se a FIAT queria fazer um produto que fosse capaz de substituir bem o Palio, Punto e Bravo (e, por que não, o Idea) e fazer frente aos rivais, ela conseguiu. O FIAT Argo, principalmente em sua versão topo de linha, é um automóvel completo e que nos faz sentir em um modelo de segmento superior.

Seu padrão de conforto e acabamento o coloca, com facilidade, como o melhor dentro do segmento compacto, mesmo que, para isso, tenhamos que gastar um pouco mais. Mesmo concorrentes mais modernos como os novos Onix e HB20 possuem tamanho refinamento dentro de sua cabine, mesmo que eles estejam equipados com itens até mais avançados, o que é normal, já que são projetos mais recentes.

Apesar de seu consumo ser ruim, o desempenho é muito bom e é capaz de preencher bem a necessidade dos usuários que não abrem mão da passionalidade e do estilo da montadora italiana.

A FIAT, aliás, prepara mudanças não apenas na motorização, mas também no design do Argo, que deve ganhar um facelift em breve. Outro ponto que deve evoluir no produto é sua conectividade, já que a montadora italiana já planeja incluir internet a bordo do veículo e uma parceria para pagamentosover the air, algo que deve aparecer em 2021.

O FIAT Argo HGT te ganha nos detalhes e, apesar de alguns pormenores, é um carro que vale a pena ter. Ter um automóvel desperta vários sentimentos, e o Argo é capaz de te deixar, no mínimo, satisfeito.

Este modelo utilizado na análise possuía todos os itens opcionais instalados, mas o Argo HGT pode ser comprado a partir de R$ 69.990 em sua versão manual.

O FIAT Argo HGT e o FIAT Argo Precision 1.8 utilizados nesta análise foram gentilmente cedidos ao Canaltech pelo Grupo FCA do Brasil.