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Por que pneus de carros elétricos duram menos?

Por| Editado por Jones Oliveira | 23 de Outubro de 2023 às 19h45

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Ivo Meneghel JR/ Canaltech
Ivo Meneghel JR/ Canaltech

Os carros elétricos requerem menos manutenções periódicas do que os modelos tradicionais, pois funcionam de forma diferente: não precisam trocar óleo do motor, velas de ignição, correias e uma série de outros itens. No entanto, no que diz respeito aos pneus, a situação se inverte.

Os pneus de carros elétricos duram menos do que os que calçam os modelos a combustão e precisam ser trocados, em média, na metade do tempo que seria necessário para substituí-los em carros comuns.

Por que os pneus dos carros elétricos duram menos? É o que o Canaltech vai explicar nesta matéria. Para isso, conversamos com representantes de duas montadoras que vêm fazendo bastante barulho no segmento de carros elétricos no Brasil: BYD e GWM.

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Além disso, também buscamos explicações de um executivo da Pirelli, referência na fabricação de pneus High Load (Carga Pesada), como o Cinturato P7 Blue Elect, que calça, entre outros, o Porsche Taycan 4S que a reportagem do Canaltech teve a chance de testar na própria pista da fabricante.

Peso do carro

Um dos motivos que fazem os pneus de carros elétricos durar menos está relacionado ao peso do carro. Vamos utilizar como exemplo dois modelos da JAC Motors. Eles são idênticos no design, mas com uma diferença essencial: a carga extra que os pneus da versão elétrica precisam suportar por conta das baterias.

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O JAC T60 Plus Turbo pesa 1.365 kg, enquanto o E-JS4, “irmão elétrico” do SUV, soma 1.690 kg. Por conta disso, os pneus que calçam este modelo precisam ser, obrigatoriamente, do tipo HL, independentemente da marca escolhida pela fabricante.

“Tivemos que introduzir um novo índice de carga para poder suportar o peso desses veículos. Isso é feito reforçando a construção da parede lateral e usando tecidos sintéticos”, resumiu Ian Coke, diretor de qualidade da Pirelli.

Ricardo Vaz, Gerente de Engenharia da GWM Brasil, assinou embaixo da colocação do executivo da fabricante de pneus, ao relatar que o desgaste em veículos elétricos, tipicamente, tem sido em média de 20% a 30% maior que em um carro a combustão.

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“Os carros elétricos costumam pesar na média de 25% a 30% a mais que um similar a combustão. O maior peso aumenta a tensão sobre os pneus, aumentando assim o desgaste (mais difícil frear, mais difícil acelerar)”.

Torque maior, desgaste maior

O segundo ponto que explica porque os pneus de carros elétricos duram menos do que os de similares à combustão foi atrelado ao torque. Quem já dirigiu um BEV ou um híbrido sabe que ele é entregue de forma imediata e, às vezes, assustadora, dependendo da força com que o pedal do acelerador é pressionado.

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Um bom exemplo é o Haval H6 GT, versão esportiva do SUV híbrido da GWM. Mesmo sem ser um elétrico puro, o carro entrega seus 77,7 kgf/m de torque de maneira imediata, como todo bom BEV também o faz.

“Os motores elétricos possuem maior torque, que também é entregue de maneira instantânea: somando ao maior peso dos carros elétricos, isso faz com que novamente haja um maior desgaste dos pneus, principalmente se o motorista utiliza acelerações fortes frequentemente”, Ricardo Vaz, da GWM.

BYD concorda… em partes

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Para a BYD, tudo o que foi pontuado a respeito da vida útil dos pneus para carros elétricos tem fundamento. Em nota enviada ao Canaltech, porém, a fabricante rebateu a afirmação de que “os pneus gastam mais” em carros elétricos.

“Não existe um desgaste exclusivo para carros elétricos. Deve ser feita uma análise para cada modelo em específico, que deve levar em consideração algumas variáveis, como peso e torque. Portanto, não é possível afirmar que veículos elétricos gastam mais", alegou.

Segundo a marca, todos os pneus que equipam os carros elétricos da BYD são entregues com compostos apropriados, que “apresentam desgastes naturais dentro das expectativas previstas nos testes de qualidade e rodagem”.

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A marca alertou ainda que para garantir que a vida útil dos pneus seja a prevista pela fabricante, o motorista “precisa seguir as orientações do manual do proprietário e respeitar as leis de trânsito."