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Carro elétrico a hidrogênio da Hyundai, Nexo começa teste em novembro no Brasil

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/Hyundai
Divulgação/Hyundai

A Hyundai acelera seus planos para o Brasil. Após uma sequência de lançamentos, a fabricante sul-coreana anunciou que também vai começar, em novembro, testes com sua tecnologia de carro elétrico com célula de hidrogênio no país.

Em pouco mais de 2 meses, a Hyundai iniciou a venda do SUV grande premium Palisade, lançou a pré-venda do crossover elétrico Ioniq 5 no país, apresentando ainda a linha 2025 do Hyundai Creta, que mantém preços e traz novo motor 1.6 turbo a gasolina. 

Logo após anunciar o Novo Creta, Airton Cousseau, presidente e CEO da Hyundai Motor América do Sul e Central, afirmou que o programa de testes com hidrogênio de etanol será conduzido em parceria com Hytron, Raízen e Universidade de São Paulo (SP).

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Trata-se de parceria similar à firmada anteriormente pela Toyota. Mas os termos de teste da Hyundai são diferentes, claro.

É o Creta elétrico?

Quem esperava alguma variante como o Hyundai Creta elétrico, que já roda na Índia, precisa puxar o freio de mão um pouco. Por ora, a fabricante sul-coreana vai usar o crossover Nexo no processo. Aliás, uma unidade do modelo elétrico movido a célula de combustível a hidrogênio (FCEV, na sigla em inglês) está no Brasil desde abril, mas agora troca o status de "veículo de demonstração" pelo de carro de teste.

Essa unidade vai rodar pelo campus da USP, na Zona Oeste de São Paulo (SP), e participará ativamente dos estudos de uso do hidrogênio feito com etanol.

Cousseau afirma, ainda, que a Hyundai pode incorporar outras unidades para ampliar fase de rodagem do teste. 

Quem dirigiu o Nexo sabe que o modelo é mais espaçoso que o Tucson e quase tão amplo quanto o Santa Fe, com 4,67 metros de comprimento, 2,79 m de entre-eixos e centro de gravidade típico de SUV, mas com painéis mais altos na cabine.

A recarga do tanque de hidrogênio é similar ao reabastecimento de carros com tanque de GNV, levando de 6 a 10 minutos.

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Não há planos de venda deste modelo no país, porém. Isso porque o Nexo é um projeto um tanto defasado, anterior a 2018. A própria matriz da Hyundai trabalha em substitutos. Mas serve como laboratório.

Qual o Nexo do teste?

Nos testes que serão feitos em parceria com a USP, o hidrogênio para abastecer o Nexo será obtido não de reações sujas com queima de carvão ou petróleo, nem com caras como de insumos do oceano, mas sim do etanol.

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Assim como no projeto da Toyota com o sedã Mirai, o Nexo vai usar hidrogênio obtido de reformadoras de etanol fabricadas pela Hytron. No momento, as máquinas são capazes de quebrar moléculas de 30 litros de etanol, e transformá-las em 6 kg de hidrogênio, por hora.

Se, em um carro com motor flex 1.0, esses 30 litros de etanol permitiriam rodar cerca de 300 km, o Hyundai Nexo é capaz de rodar por quase 900 km com os equivalentes 6 kg de hidrogênio.

Detalhe: nesta viagem, o modelo da Hyundai ainda consegue ainda purificar quase 450 mil litros de ar.

Isso porque, no processo de obter eletricidade para seu motor, o Nexo puxa o ar da atmosfera, separando seu oxigênio para combinar com o hidrogênio do tanque. Segundo a Hyundai, a poluição é retida pelos filtros internos do carro. O resultado da reação química interna despeja apenas água destilada, além do restante do ar atmosférico limpo, pelo escape na base do veículo.

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Em movimento, além do silêncio e força típicos de carro elétrico (são 163 cv de potência e 40,2 kgf/m de torque), o Nexo tem mostradores que indicam o quanto o carro está "fazendo bem" ao Meio Ambiente.

Vantagem brasileira

Cousseau afirma que o uso do etanol como matéria-prima para obter hidrogênio pode colocar o Brasil em vantagem frente a outros mercados.

"Coreia do Sul, Japão, alguns países da Europa e a Califórnia [Estados Unidos] já usam o hidrogênio como combustível, mas o custo de produção é alto e a estrutura de distribuição, com transporte em tanques, barcos ou gasodutos, tudo muito caro, inviabiliza a escala", afirma o CEO da Hyundai.

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Para o executivo, a chave para o sucesso do Brasil com o hidrogênio está na estrutura já montada para distribuição de etanol: das usinas para qualquer posto de combustível e, daí, para o tanque do carro.

"Não ter a etapa de transporte do hidrogênio, que é mais delicada, portanto mais cara, o Brasil pode transformar o uso do hidrogênio em algo de fato, rentável e de sucesso. A gente pode usar o etanol que já está no posto de combustível para obter hidrogênio", aponta Cousseau.

Mas ainda há desafios. Neste momento, o custo de uma reformadora que produz 6 kg de hidrogênio por hora é alto, "na mesma linha de um carregador elétrica de alta potência, destes de 150 ou 200 kW". Os valores são pouco divulgados no Brasil, mas giram em torno dos R$ 150 mil.

Além disso, a capacidade de produção de hidrogênio ainda é baixa, insuficiente para uma demanda comercial de modelos como o Nexo.

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Ainda assim, o executivo diz que tanto o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), quanto a recém-assinada Lei do Combustível do Futuro podem favorecer o desenvolvimento da tecnologia, redução dos custos e massificação tanto da produção quanto do uso do hidrogênio como combustível no país.

Outros modelos FCEV?

Sobre a baixa produção inicial, não seria uma saída também usar veículos com demanda menor, certamente de porte menor? Qual a chance de um Creta elétrico a hidrogênio ou mesmo um Novo Tucson FCEV? Até mesmo fabricados ou montados no Brasil?

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Cousseau prefere não comentar sobre futuros modelos, mas disse acreditar que os testes podem dar frutos até 2026, "revelando novas oportunidades, sobretudo com incentivo público e ações de parcerias privadas, como a nossa".