Review Jaguar I-Pace | Elegância e eficiência sem abrir mão da potência
Por Paulo Amaral • Editado por Jones Oliveira |
O Jaguar I-Pace foi lançado em 2019 e, desde então, não passou por muitas mudanças radicais. E nem precisava, para falar a verdade. Emprestado à reportagem do Canaltech em sua versão EV400 SE, o SUV mostrou que reúne as principais características que o cliente que busca por um carro elétrico procura.
Dotado de dois motores elétricos, instalados um em cada eixo, o I-Pace não impressiona pelo potente ronco do motor, que só emula o som quando o modo esportivo está ativado. Mesmo sem ter sob o capô o V8 do “irmão” F-Pace SVR, ele é, também, um digno merecedor do adjetivo “esportivo”.
Afinal de contas, são 400cv de potência e um torque de 71 kgf/m entregues na mão de quem estiver sentado ao volante, em uma combinação capaz de atingir 200 km/h de velocidade máxima, metade dela em apenas 4,8 segundos.
Durante o tempo que passou com o Canaltech, porém, o Jaguar I-Pace mostrou que não vive apenas da potência e do torque absurdos. E é isso que vou mostrar a vocês neste review completo sobre o SUV da luxuosa marca britânica.
Conectividade e Segurança
O Jaguar I-Pace tem um pacote recheado de itens voltados para conectividade e segurança. Além da central multimídia compatível com Android Auto e Apple Carplay (apenas via cabo), o SUV britânico tem GPS nativo, controle via comando de voz, 6 tomadas USB, 2 tomadas de 12V, carregamento wireless e atualização de software OTA (over-the-air).
No campo da segurança, os recursos são tão caprichados que, vez ou outra, se tornam até “chatos” (no bom sentido). O I-Pace chegou a “resistir” a uma mudança de faixa em uma manobra rápida porque não acionei a seta para indicar a transição, mais por conta da necessidade de ser rápido do que por esquecimento.
Além do recurso de centralização de faixa, usado e aprovado, tive a chance de colocar à prova outros itens embarcados no SUV elétrico, como a frenagem de emergência e o monitor de colisão traseira (sempre, claro, simulando situações, e não colocando a mim ou outras pessoas em qualquer risco).
A imagem da câmera de ré também é extremamente nítida, e deu aquela mãozinha mais do que necessária na hora de manobrar o SUV de generosas proporções (4.682 mm de comprimento x 2.011 mm de largura x 1.566 mm de altura x 2.990 mm de entre eixos) em locais menos espaçosos.
Outra experiência bacana foi a de pré-condicionar a cabine antes mesmo de entrar no carro. Ao acionar o recurso por meio do sistema InControl, ele estava com a temperatura agradável e ideal para partir rumo aos testes, mesmo com o calor sufocante que fazia em Jundiaí. O ajuste também pode ser feito de forma remota, por meio do app da marca.
Conforto e Experiência de uso
Dirigir um carro elétrico, seja ele qual for, é sempre uma experiência bacana. Quando o modelo tem bastante potência e um torque absurdo e imediato, então, a missão se torna ainda mais divertida. E o Jaguar I-Pace, com seus 400cv e 71 kgf/m, mostrou que tem lugar cativo na lista de carros mais legais do segmento.
O comportamento do carro, tanto no trânsito mais intenso quanto ao pegar pistas livres, me fez esquecer por um momento que estava testando um SUV, tamanha a agilidade, precisão e rapidez de resposta do volante aos comandos.
Os 4.682 mm de comprimento x 2.011 mm de largura x 1.566 mm de altura x 2.990 mm de entre eixos do Jaguar I-Pace não afetam a dirigibilidade do crossover, que apresentou excelente desempenho até em curvas mais acentuadas, se mantendo o tempo todo “no chão” e com rolagem mínima de carroceria.
Outro ponto positivo a ser destacado no uso do SUV elétrico britânico diz respeito à autonomia. Segundo o fabricante, ela é de 446 quilômetros por carga no ciclo NDEC, número que cai para 329 no padrão PBEV, do Inmetro.
Durante o tempo em que passou comigo, entre idas e vindas para São Paulo, Jundiaí e Louveira, foi possível notar que o I-Pace é até mais eficiente do que pede o órgão brasileiro. Rodei cerca de 390 km em circuito misto, sem abdicar de uma ou outra aceleração mais forte, e devolvi o carro à concessionária com um “cheirinho” de carga.
O ponto negativo ficou por conta do pouco espaço para carregar bagagens. O enorme estepe acaba ocupando boa parte dos 656 litros do porta-malas e dificultou até mesmo a acomodação correta de uma compra um pouco maior no supermercado.
Vale lembrar também que há um compartimento interno que pode ser utilizado para bolsas e sacolas, mas ele também é ínfimo, pois parte do espaço fica ocupada com o carregador veicular residencial que vem junto ao comprar o I-Pace.
Design e Acabamento
Apesar de não ter linhas tão agressivas quanto as encontradas no Porsche Taycan, superesportivo da marca alemã, ou canos de escape portentosos, como no F-Pace SVR, o “monstro” V8 da família inglesa, o Jaguar I-Pace também é um carro com design bastante atraente.
O teto baixo, a dianteira bem trabalhada no encaixe entre a grade e os faróis, a traseira reta e as rodas de 20 polegadas são complementos perfeitos para quem se propõe a ser diferente dos outros, mas, ao mesmo tempo, mais discreto, especialmente na cor preta, como na unidade emprestada para o Canaltech.
Por dentro, o acabamento é primoroso, com material sensível ao toque nas portas e painéis, bancos confortáveis na frente e atrás e bom espaço para até dois adultos se acomodarem sem maiores problemas.
O carro não cansou ninguém durante os testes, mesmo em trajetos mais longos, até por conta da facilidade com que consegue transpor imperfeições das vias, valetas e lombadas — que são muitas —, na região em que moro.
Concorrentes
Os principais concorrentes do luxuoso crossover britânico são alemães: o Audi e-Tron e o Mercedes-Benz EQC, que custam entre R$ 699 mil e R$ 711 mil, dependendo das configurações.
O BMW iX, que parte de R$ 680 mil em sua versão mais básica, também é uma alternativa ao Jaguar I-Pace, embora os dois primeiros sejam apontados com frequência como concorrentes mais diretos do modelo britânico.
Jaguar I-Pace: Vale a pena?
Após passar um tempo de posse do Jaguar I-Pace EV400 SE 2023, posso dizer com absoluta convicção que o carro britânico é, sim, uma excelente opção para quem está em busca de luxo, elegância e eficiência sem abrir mão da potência e do desempenho que outras marcas oferecem.
O I-Pace se mostrou excelente no trânsito, o que pode torná-lo prático para quem precisa usar o carro no dia-a-dia, e ao mesmo tempo foi capaz de oferecer o nível de conforto que o consumidor do nicho premium exige e espera.
O Jaguar I-Pace 2023 tem preços entre R$ 687 mil e R$ 777 mil e tem concessionárias espalhadas por 21 dos 27 estados brasileiros — a grande maioria em São Paulo (13).
*O Jaguar I-Pace avaliado neste review foi gentilmente emprestado à reportagem do Canaltechpela Jaguar do Brasil.