Review Fiat Argo Drive 1.0 | Nova geração se faz necessária
Por Felipe Ribeiro • Editado por Jones Oliveira

Nosso primeiro contato com o Fiat Argo foi no já longínquo ano de 2019, na versão topo de gama vendida na época, a HGT 1.8 automática. Para aquele tempo, o hatch italiano gozava de uma vantagem boa em relação a rivais mais tradicionais, já que era mais bem acabado, tinha bom desempenho e apresentava bom nível de tecnologia e requinte.
Mas as concorrentes se mexeram bem e, mesmo com um bom número nas vendas, o Fiat Argo claramente está para trás quando pensamos em alguns requisitos na hora de comparar os modelos diretamente.
Tudo, ou quase tudo, tem a ver com a idade do projeto e o tipo de investimento que a Stellantis terá que fazer para uma próxima geração do hatch, que deve chegar em um ou dois anos e, talvez, com outro nome.
Contextualização feita, hora de falar como foi o convívio com a que, talvez, seja a variante mais vendida do Fiat Argo, a Drive 1.0. Será que esse carro ainda faz sentido mesmo com tantos bons concorrentes?
Prós
- Espaço interno
- Consumo
- Desempenho bom para um 1.0
- Acerto de suspensão
- Acabamento
Contras
- Faltam itens de segurança
- Central multimídia já poderia ser mais moderna
- Preço um pouco acima do esperado
Conectividade, Segurança e Tecnologia
A expectativa na hora de avaliar um carro considerado de entrada ou de combate é bem mais baixa quando falamos de tecnologia embarcada. Mesmo assim, o Fiat Argo dá algumas deslizadas quando pensamos, sobretudo, na segurança.
De série, a versão Drive vem com apenas dois airbags e não há a possibilidade de instalar as bolsas laterais e de cortina nem como opcionais. Os controles de estabilidade e tração, além dos sistema de partida em rampa, podem ser colocados com R$ 450 a mais no preço-base.
Se considerarmos que o Argo é um carro compacto de entrada, essas falhas até que merecem ser contemporizadas, mas há concorrentes que entregam mais do que isso por quase o mesmo preço. Não podemos chamar o hatch da Fiat de inseguro, porque não seria verdade, mas esses pontos merecem atenção e a marca sabe disso.
Já no campo da tecnologia e da conectividade, o Argo, embora até que bem equipado, poderia ter recebido as novas centrais da Stellantis, como vimos em modelos como Strada e Pulse.
A primeira geração da uConnect segue por aqui e, mesmo funcionando bem, já carece de mais funções, como o módulo Fiat Connect Me e o espelhamento de celulares sem fio.
De modo geral, a atual geração do Fiat Argo não ganhou as atualizações que deveria ter recebido e isso deixou o hatch um pouco defasado. Para brigar com os concorrentes, as armas são outras.
O Fiat Argo oferece mais do que o básico, mas concorrentes estão bem à frente do ponto de vista de segurança e tecnologia
— Felipe Ribeiro
Experiência de Uso e Conforto
Se em alguns aspectos a idade começa a pesar para o Fiat Argo, em outros mostra que a Fiat trabalhou bem no seu hatch e sabe como fazer carros pensando no mercado nacional.
Falhas de segurança e recursos tecnológicos à parte, o hatch brilha no que chamamos de uso corriqueiro, ou seja, no que foi proposto desde o início para as variantes mais em conta: ser um bom meio de transporte, com conforto, espaço, estilo e baixo consumo de combustível.
O grande trunfo do Argo está justamente no convívio com ele. O bom motor 1.0 Firefly de 77cv e 10,9 kgf/m de torque é perfeito para o uso na cidade, proporcionando uma direção ágil e suficiente. Isso também fica refletido no consumo, com médias de 14 km/l no perímetro urbano.
O uso na estrada não é ruim, mas aqui o comportamento tem que ser mais sóbrio, sem ultrapassagens ou coisas do gênero. Indo com mais tranquilidade, chegamos a anotar 16,5 km/l de média com gasolina no trajeto rodoviário.
O câmbio de cinco marchas está bem escalonado e não apresenta mais aquele curso longo histórico de modelos da Fiat, algo que, certamente, dá até mais prazer em dirigir.
E por falar em prazer, a suspensão do Fiat Argo é um capítulo à parte. Para quem está acostumado com os carros da empresa há mais de uma década como eu, é bom ver como a empresa capricha na hora de pensar os carros para o mercado brasileiro.
Ao mesmo tempo que o conjunto é robusto, passa enorme conforto ao rodar, mesmo em ruas acidentadas. O silêncio a bordo também é algo que merece elogios, bem como o espaço interno, proporcionado pelas boas medidas.
O hatch tem 3,99m de comprimento, 1,50m de altura, 1,72m de largura e distância entre-eixos de 2,52m. Com esses números, muitos motoristas de aplicativo têm apostado no modelo italiano, já que as viagens, além de econômicas, são confortáveis.
Os itens de conforto presentes no Fiat Argo até que são condizentes com a proposta do carro. Há ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos dianteiros, desembaçador traseiro, ajuste de altura do volante, chave canivete com telecomando e ajustes elétricos dos retrovisores.
O Argo consegue competir com rivais por conta do seu ótimo nível de conforto, desempenho e consumo de combustível
— Felipe Ribeiro
Design e Acabamento
O Fiat Argo passou por poucas mudanças desde o seu lançamento, todas elas na dianteira e no design das rodas. O carro não é feio, é verdade, mas poderia ter recebido mais atenção com um facelift mais profundo. Além disso, o conjunto óptico com a luz diurna de LED não está mais disponível nessa versão.
Já no interior, o tempo até que fez bem para o hatch. Tudo segue bem acabado e o modo como a Fiat brinca com texturas do painel é um ponto muito positivo. Sim, é tudo de plástico, mas nessa categoria não se pode exigir mais do que isso.
Nossa unidade estava munida de rodas aro 15 com calotas, maçanetas pintadas na cor do veículo e pintura cinza metálica. O volante já é o mesmo de outros modelos da marca italiana e os demais comandos como do ar condicionado e a manopla de câmbio seguem os mesmos desde 2017.
Concorrentes
Em sua faixa de preço, além de Hyundai HB20 e Chevrolet Onix, podemos considerar concorrentes do Fiat Argo Drive 1.0 o VW Polo Track, Citroën C3, Renault Stepway 1.0 e Peugeot 208 1.0.
Fiat Argo Drive 1.0: O hatch compacto italiano vale a pena?
A Fiat tem méritos inegáveis no projeto do Argo e a prova disso é que o hatch segue vendendo bem até hoje, trazendo um bom conjunto mecânico e conforto para seus passageiros, entretanto, a idade desse modelo já começa a aparecer e exige a entrada de mais tecnologia e segurança para seguir competitivo.
Para o uso urbano, o Argo Drive 1.0 vale muito a pena e pode muito bem ser seu único carro na garagem.
O Fiat Argo Drive 1.0 sai por a partir de R$ 84.490, mas há versões por a partir de R$ 80.990.
No Canaltech, o Fiat Argo Drive 1.0 foi avaliado graças a uma unidade gentilmente cedida pela Stellantis.