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Entrevistamos a brasileira que venceu cinco vezes o desafio global da Apple

Por| Editado por Patricia Gnipper | 10 de Junho de 2021 às 15h15

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Karina Tronkos
Karina Tronkos

Neste ano, a Apple realizou mais uma edição do Swift Student Challenge, um desafio de programação para estudantes do mundo todo, que convida os participantes a criarem aplicativos interativos com a linguagem de programação Swift. A edição de 2021 contou com 350 participantes, e a brasileira Karina Tronkos, de 24 anos, foi uma das vencedoras do desafio — pela quinta vez consecutiva!

Para a competição, os participantes devem criar um aplicativo com base em um tema escolhido por eles próprios e, se desejarem, podem usar o Swift Playgrounds, um ambiente de desenvolvimento para a linguagem. Depois, os vencedores recebem itens exclusivos da Worldwide Developers Conference (WWDC), uma grande conferência para desenvolvedores realizada pela Apple anualmente nos Estados Unidos. Assim, Karina desenvolveu seu projeto deste ano tomando como base a biomimética, um tipo de estudo que usa a natureza como referência para a criação de produtos e serviços mais eficientes e sustentáveis.

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Ela conheceu a área ao assistir um vídeo sobre design inspirado na natureza e se apaixonou: "logo pensei: 'isso seria um ótimo tema de playground’, e guardei essa ideia até o desafio ser lançado", contou em entrevista ao Canaltech. Claro, o tema é complexo, mas ela encarou o desafio de torná-lo didático e envolvente para seus usuários durante uma experiência interativa de três minutos, que era um dos requisitos da competição. Então, inicialmente, Karina passou os primeiros dias estudando o tema e criando a estrutura do storytelling da aplicação.

A estudante desenvolveu o projeto pensando também no que queria que os avaliadores sentissem ao interagir com a aplicação e com o que poderiam aprender. Ela explica que sempre busca trabalhar com temas em que haja um encontro do interesse dela e da Apple: “sou apaixonada por design e natureza, e a Apple tem tudo a ver com isso!”, diz. Assim, ela uniu estes pontos e destacou a paixão que tem pelo tema e a preocupação da empresa da maçã tem com a sustentabilidade. Seu projeto foi escolhido e ela pôde participar remotamente da WWDC deste ano.

O desafio é voltado para estudantes, e alunos recém-formados dentro de um intervalo de até seis meses também podem participar. Karina se forma no ano que vem pela PUC-RJ e ainda não sabe se irá participar da próxima edição da competição, mas considera a possibilidade: “a princípio não devo mandar, mas se eu encontrar um tema sobre o qual eu queira muito desenvolver um app, enviaria para a competição”, afirma.

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As atividades dela não se encerram por aí: Karina tem também o projeto Nina Talks no Instagram, que já reuniu mais de 80 mil seguidores. Na página, ela aborda temas relacionados a tecnologia, inovação, design e outros assuntos relacionados: “o Nina Talks possui 3 pilares principais: educar, inspirar e empoderar; meu grande objetivo é democratizar conhecimento”, explica, comentando que recebeu várias mensagens de usuários que souberam da competição por ela e conseguiram passar. “Eu não poderia estar mais feliz com essa repercussão e por ver mais brasileiros conquistando prêmios internacionais”, disse.

Uma trajetória de sucesso

A relação de Karina com a tecnologia, o design e a inovação não é recente: os pais dela trabalharam em uma grande empresa de tecnologia, então ela e seu irmão sempre estiveram imersos neste universo. Além de sempre ter gostado das aulas de informática e artes na escola e adorar jogar videogame, ela sempre teve muito incentivo dos pais, algo que considera essencial para o interesse de seguir carreira na área: “todo esse apoio dos meus pais e também ter sido apresentada para esse universo desde cedo fizeram toda a diferença”, conta.

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Foi em 2016 que ela conseguiu um estágio na Apple Developer Academy, um programa de inovação da Apple realizado em parceria com universidades brasileiras — e que lhe apresentou a área de UX design, pela qual se apaixonou e decidiu ser com isso que iria trabalhar. Para completar, também foi lá que ela soube que estudantes de todo o mundo poderiam participar da competição da empresa e concorrer a bolsas para ir à WWDC. A primeira vez que participou do desafio foi em 2017, com um projeto voltado ao ensino do corpo humano para crianças.

No ano seguinte, ela abordou o daltonismo e a importância do desenvolvimento de produtos acessíveis; depois, em 2019, ela estava estudando sobre as mulheres que tiveram grandes carreiras na NASA, como as do filme Estrelas além do tempo, e colocou o tema em prática. “Eu quis abordar a história de uma das mulheres que mais admiro: a Nancy Grace Roman, responsável por colocar o telescópio espacial Hubble no espaço. São incontáveis as mulheres que marcaram a nossa história e muita gente não tem ideia", diz.

Assim, em seu projeto Nancy Grace Roman, a mulher responsável por colocar o Hubble no espaço, ela conta sobre a infância de Roman e sua paixão pelas estrelas; depois, o usuário acompanha a trajetória dela na NASA, e a ajuda a montar o telescópio espacial Hubble. Ao fim da experiência, o telescópio é lançado. "O usuário aprende sobre todas as partes do foguete que levam o Hubble e faz o lançamento. E depois, com o Hubble no espaço, você pode navegar por fotos que foram tiradas por ele.", explica.

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Já em 2020, Karina quis usar um tema relacionado à pandemia, mas que fugisse de assuntos comuns; então, ela aplicou novamente a temática espacial e escolheu levar a Estação Espacial Internacional para seu projeto "por ser um trabalho colaborativo entre várias nações do planeta, e por ‘colaboração’ ser algo que a gente estava e está precisando muito hoje em dia", conta. No projeto Estação Espacial Internacional: um projeto fruto da união de várias nações, o usuário conhece a robô Nina, que sempre quis ser astronauta.

Enquanto a acompanha nesta jornada, o usuário aprende sobre os trajes espaciais, participa da viagem ao espaço e confere imagens das áreas internas e externas do laboratório orbital, aprendendo sobre a vida dos astronautas por lá. Junto de seu projeto no Instagram, Karina vem trilhando um caminho de transformação na área da tecnologia: “quero mostrar que trabalhar com tecnologia não é um 'bicho de sete cabeças' e que o lugar da mulher é na tecnologia sim!”, disse. “Nós precisamos de mais diversidade no universo de tecnologia, não apenas de mulheres, mas de todos os grupos minoritários”, afirma.

Fonte: Apple (1, 2)