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Remover os ovários antes da menopausa pode aumentar chances de Parkinson

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Novembro de 2022 às 19h15

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Pesquisadores descobriram que pessoas com os ovários removidos antes da menopausa podem ter um risco mais elevado de desenvolver Parkinson em idade mais avançada. Isso foi concluído a partir de dados de mais de 5.000 mulheres americanas, incluindo as que tiveram os ovários removidos e as que não tiveram. No caso de quem passou pela cirurgia, as chances de apresentar a doença neurodegenerativa foram 5 vezes maiores.

Os especialistas afirmam que os resultados não provam uma relação de causalidade, ou seja, a cirurgia não causa Parkinson. O estudo, no entanto, corrobora alguns estudos mais antigos que ligam a perda prematura de estrogênio a uma contribuição no desenvolvimento da doença, que, aos poucos vai desabilitando as células que produzem a dopamina, um produto químico que ajudam a controlar o movimento e as respostas emocionais.

Quem teve os ovários removidos antes dos 43 anos tem chances maiores de desenvolver Parkinson, mas não é uma relação causal (Imagem: shurkin_son/Freepik)
Quem teve os ovários removidos antes dos 43 anos tem chances maiores de desenvolver Parkinson, mas não é uma relação causal (Imagem: shurkin_son/Freepik)

Parkinson, estrogênio e menopausa

O Parkinson causa desde tremores, membros enrijecidos e problemas de coordenação a depressão, irritabilidade e problemas com memória e raciocínio — e é 2 vezes mais comum em homens do que em mulheres. É provável que isso se dê por conta do efeito protetivo do estrogênio nas células que produzem dopamina. O hormônio feminino é produzido, primariamente, nos ovários, então a sua remoção antes da menopausa resulta numa queda abrupta do estrogênio.

Pesquisas passadas já ligaram a ooforectomia bilateral, ou remoção de ambos os ovários, ao um risco de desenvolver Parkinson mais tarde na vida, mas a conclusão não é consenso. Esse foi um dos motivos para a pesquisa atual, que estudou 5.500 mulheres do estado americano de Minnesota. Metade delas havia tido uma ooforectomia bilateral entre 1950 e 2007, enquanto a outra metade não passou pelo procedimento e tinha idade equivalente à de sua contraparte.

A cirurgia foi realizada nas participantes tanto para tratar condições não-cancerosas no ovário — como cistos ou outros crescimentos anormais — quanto para diminuir o risco de câncer no órgão. Geralmente, mulheres que passam pela histerectomia, ou remoção do útero, também acabam tendo ambos os ovários retirados, para prevenção de câncer.

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A remoção dos ovários geralmente é feita quando há cistos ou outros problemas no órgão (Imagem: iStock)
A remoção dos ovários geralmente é feita quando há cistos ou outros problemas no órgão (Imagem: iStock)

Os resultados mostraram que 1% de todas as mulheres do estudo tiveram mal de Parkinson, e 1,5% teve parkinsonismo, uma condição onde algum dos sintomas da doença surgem, mas com causas variadas. Houve mais casos de Parkinson entre as 2.750 mulheres que tiveram os ovários removidos — 32 ocorrências contra 21 nas que não passaram pela cirurgia — e de parkinsonismo — 50 versus 32.

Segundo os dados, a idade foi um fator importante: quem teve os ovários removidos antes dos 43 anos teve 5 vezes mais chances de desenvolver a condição, uma relação que não ocorreu quando o órgão era removido em idade mais avançada. Embora isso não signifique que realizar a cirurgia irá causar Parkinson, a relação é merecedora de atenção por parte da comunidade científica.

Mulheres jovens podem ser aconselhadas a retirar os ovários quando são detectadas mutações genéticas que aumentem as chances de câncer no órgão, uma condição que é costumeiramente fatal. Para a maioria das mulheres, no entanto, essas chances são baixas, então os cientistas afirmam que a remoção apenas para prevenir a doença não é justificada frente ao risco aumentado de Parkinson. Discutir os riscos e benefícios com o médico é, como sempre, altamente recomendado.

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Fonte: JAMA Network