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Será possível o transplante de útero para mulheres trans no futuro?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 06 de Abril de 2021 às 09h30

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Light Field Studios/Envato Elements
Light Field Studios/Envato Elements

Na história da medicina, foi somente há sete anos que o primeiro bebe nasceu de um útero transplantado. Nesse período, o procedimento deixou de ser tão experimental e, pelo menos, 60 transplantes do tipo já foram realizados no mundo, sendo que pelo menos 18 foram bem-sucedidos. Agora, pesquisadores questionam até onde a ciência pode avançar na questão, levantando novas possibilidades, como as dos transplantes em mulheres trans e o potencial do órgão para gerar bebês saudáveis.

“Não há uma razão ética para negar o acesso ao procedimento”, afirma Jacques Balayla, obstetra-ginecologista e cientista clínico da Universidade McGill, no Canadá. Ao lado de outros quatro pesquisadores, o médico publicou um artigo na revista científica Bioethics, discutindo as perspectivas do transplante para mulheres trans. Durante a evolução da medicina, cientistas quebraram paradigmas e foram julgados, como nos estudos sobre a fertilização in vitro, mesmo que tenham permitido que milhares de famílias se formassem.

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Com menos de 20 nascimentos contabilizados no mundo através da prática, os autores do artigo explicam que isso se deve ao nível de complexidade. Para essas cirurgias, podem ser usados tanto órgãos de doadores vivos quanto mortos. No entanto, após a gravidez e o parto, obrigatoriamente via cesariana, as pessoas que foram receptoras do transplante devem removê-lo cirurgicamente, também. Isso porque este é o único transplante temporário na medicina.

Mulheres trans poderiam engravidar no futuro?

Segundo os autores do estudo, a eventual implantação de um útero doado e a gestação no corpo de um indivíduo trans não deve representar nenhuma barreira fisiológica, desde que várias condições e ausências nesse processo sejam suplementadas. No entanto, a questão continua a ser ainda teórica e experimentos do tipo não foram tentados.

“Uma mulher que nasce sem útero” e uma mulher trans que faz a transição “devido à disforia de gênero têm uma reivindicação semelhante à maternidade se considerarmos que ambas têm direitos equivalentes para cumprir o potencial reprodutivo de seu gênero", aponta Balayla. A partir deste ângulo, o médico apoiaria a realização de pesquisas aprovadas para estes fins.

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Com o início dessa discussão, Balayla pensa que será possível desenvolver uma estrutura ética, a fim de avaliar quais circunstâncias devem ser discutidas para aquelas que buscam o procedimento.

Quais são os critérios para um transplante de útero?

Para avaliar os critérios do transplante de útero, em 2012, foram publicados os “Critérios de Montreal para a Viabilidade Ética do Transplante Uterino”. O texto funciona como um guia, orientando quais pessoas podem ser possíveis candidatas de um transplante de útero e um critério específico estabelece de que o indivíduo deve ser uma mulher cisgênero, nascida com os cromossomos sexuais do tipo XX, em idade reprodutora. 

Agora, a discussão levantada por Balayla pretende ampliar esses critérios que foram adotados como padrão internacional na época. A partir do sucesso que a comunidade médica obteve, nos últimos anos, com estudos aprofundados sobre gestações, partos mais seguros e prevenção da rejeição, seria viável iniciar novas pesquisas voltadas para as mulheres transgênero. Antes disso, será necessário repensar a prática clínica para incluir este grupo e ensaios pré-clínicos precisariam, primeiro, demonstrar a segurança e o sucesso do transplante de útero para a replicação em humanos.

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Para acessar o artigo completo sobre o desafio dos transplantes de útero, publicado na revista científica Bioethics, clique aqui.

Fonte: McGill University e Futurity