Estudo revela quais neurônios morrem durante doença de Parkinson
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Um novo estudo revelou quais neurônios específicos morrem com o surgimento da doença de Parkinson, o que pode desencadear novos tratamentos direcionados a esses neurônios vulneráveis. As descobertas foram publicadas na revista Nature Neuroscience.
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O artigo menciona a degradação dos neurônios dopaminérgicos dentro de uma região do cérebro chamada substância negra, uma das principais marcas da doença de Parkinson. Essa área é responsável pela produção de dopamina, e tem um papel importante na recompensa e no vício.
A dopamina é um dos neurotransmissores, e ajuda a regular o humor, a cognição e a coordenação motora. A perda das células relacionadas com essa química pode levar a sintomas como tremores, depressão e declínio cognitivo.
Os autores desse artigo científico descobriram, no entanto, que nem todos os neurônios da dopamina presentes na substância negra são afetados. Para chegar a essa informação, o grupo analisou um total de 22.048 células cerebrais de pessoas que tiveram Parkinson antes de morrer.
A equipe mediu os padrões de expressão gênica dentro dessas células, e descobriu dez subpopulações distintas de neurônios dopaminérgicos dentro da substância negra. Um desses grupos teve presença mais notável na região inferior, padrão que já tinha sido relacionado a doenças neurodegenerativas.
A conclusão dos cientistas envolvidos no projeto é que esses neurônios podem ser os primeiros danificados, e contam com a maior expressão de genes associados ao risco de desenvolver a doença de Parkinson. Outro aspecto observado pelos pesquisadores é que esses neurônios são especialmente vulneráveis à degeneração, no caso de pessoas com suscetibilidade genética à doença.
Doença de Parkinson
Segundo o National Institute on Aging, Parkinson é um distúrbio cerebral que causa movimentos não intencionais ou incontroláveis, como tremores, rigidez e dificuldade de equilíbrio e coordenação. Os sintomas geralmente começam gradualmente e pioram com o tempo.
Conforme a doença progride, o paciente tende a ter dificuldade em andar e falar, e ainda pode ter alterações mentais e comportamentais, como problemas de sono, depressão, dificuldades de memória. A doença parece afetar mais homens do que mulheres, mas a ciência ainda não descobriu exatamente o porquê.
Um risco claro é a idade: embora a maioria das pessoas com Parkinson desenvolva a doença após os 60 anos, cerca de 5% a 10% têm início antes dos 50 anos.
Recentemente, a ciência vem se concentrando em entender melhor os neurônios. Em fevereiro, por exemplo, cientistas descobriram um tipo inédito de comunicação neuronal no cérebro. Por sua vez, a tecnologia trabalha para encontrar uma forma de reverter o Parkinson.