Google e Microsoft abandonam trégua de seis anos em meio a disputas pela nuvem
Por Felipe Gugelmin | Editado por Claudio Yuge | 30 de Junho de 2021 às 15h30
Seis anos após decidirem realizar uma trégua judicial e resolver seus problemas de forma interna, o Google e a Microsoft voltaram a escalar sua competitividade em abril. Segundo a Bloomberg, o pacto entre as empresas já tinha passado por diversos desgastes, graças a disputas que envolviam o mundo das buscas e o pagamento a produtores de conteúdos.
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A trégua entre as empresas foi firmada em 2015, em um momento no qual Sundar Pichai assumia como CEO do Google e Satya Nadella estava iniciando seus planos dentro da Microsoft. Na ocasião, as corporações decidiram resolver uma série de ações judiciais sobre patentes que estavam pendentes e colaborar para resolver pendências de forma bilateral antes de relatar problemas a reguladores do mercado.
A intenção das duas companhias era cooperar em áreas de interesse mútuo, como a inteligência artificial, eliminando os custos necessários para manter longas batalhas legais em andamento. Segundo a Bloomberg, nem mesmo o acordo foi capaz de garantir a paz entre as empresas, que entraram em disputa sobre a maneira como o Google pagaria produtores de conteúdo e a respeito de como a companhia vendia publicidade em seu sistema de buscas.
A Microsoft acredita que departamentos de marketing devem ter acesso igualitário a diferentes sistemas de busca ao organizar campanhas baseadas na tecnologia do Google. Já a empresa comandada por Pichai argumenta que a rival só se opõem a suas práticas porque vê nela uma ameaça a produtos como o Azure (de computação na nuvem) e à suíte de aplicativos Office.
Relação desgastada
Os primeiros sinais de desgastes entre as organizações surgiram há mais de dois anos, quando a Microsoft protestou quanto à maneira como o serviço Search Ads 360 funcionava. Segundo a empresa de Seattle, o sistema de buscas do Google não fornecia acesso aos recursos mais recentes do Bing — o que significa que era mais fácil comprar espaço na plataforma do Google do que no oferecido pela Microsoft.
A disputa passou pelos processos estabelecidos bilateralmente entre as corporações, mas não chegou a uma conclusão considerada satisfatória, mesmo quando Pichai e Nadella lideraram diretamente sobre o assunto. Isso levou ao acionamento de entidades regulatórias no Reino Unido e nos Estados Unidos, o que ajudou a desgastar a relação entre as empresas.
O fim da trégua surge em um momento no qual grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Facebook, Google e Amazon, estão sendo avaliadas de forma mais críticas por entidades regulatórias. No começo de junho, legisladores dos Estados Unidos apresentaram projetos de lei que visam limitar o poder de mercado dessas empresas, e o Departamento de Justiça do país tem acelerado sua investigação sobre as práticas que o Google exerce sobre o mercado de anúncios.
Apesar do fim do pacto de não agressão, as duas empresas continuam a cooperar em diversas áreas. Além do navegador Edge da Microsoft ser baseado na tecnologia Chromium do Google, a empresa revelou recentemente que o Windows 11 vai chegar aos consumidores com a capacidade de rodar aplicativos do Android através da loja desenvolvida pela Amazon.
No entanto, isso não significa que a convivência entre as duas é pacífica: o Google tem feito diversos questionamentos sobre a segurança de softwares como o Microsoft Exchange, e pode exercer pressão sobre reguladores para dificultar aquisições como a da Nuance Communications, pela qual foram pagos US$ 20 bilhões. Enquanto isso, a empresa de Seattle deve continuar questionando o domínio da rival no campo das buscas e continuar trabalhando para minimizar o impacto das ferramentas de produtividade oferecidas por ela.
Fonte: Bloomberg