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Qual é o lugar mais radioativo do mundo?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 20 de Março de 2022 às 13h00

Unsplash/Kilian Karger
Unsplash/Kilian Karger
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Ao contrário do que muita gente pensa, o lugar mais radioativo do mundo não é Chernobyl — embora esse tenha sido um dos piores acidentes nucleares da história da humanidade. Hoje, os maiores níveis de radiação nocivos ao corpo humano e ao meio ambiente são encontrados na cidade de Fukushima, no nordeste do Japão.

O desastre nuclear em Fukushima, no entanto, não foi diretamente provocado por falha humana — como aconteceu em Chernobyl, ao norte da Ucrânia, em abril de 1986 —, mas pelo colapso de três dos seis reatores nucleares após um violento tsunami atingir a região em 2011.

Anos após o acidente, Fukushima (e boa parte das áreas ao seu redor) apresenta níveis de radiação no solo mais altos do que os medidos em Chernobyl, onde até mesmo a água subterrânea está contaminada.

Conheça o lugar mais radioativo do mundo

O desastre nuclear de Fukushima, em 11 de março de 2011, ocorreu após um terremoto de magnitude 9 abalar o Japão. Um resultado direto do fenômeno foi um tremendo maremoto que atingiu e destruiu muitas cidades do Japão.

Mapas das áreas contaminadas ao redor da usina em Fukushima poucos dias após o acidente nuclear. A cidade se tornou o lugar mais radioativo do mundo (Imagem:Reprodução/NNSA)
Mapas das áreas contaminadas ao redor da usina em Fukushima poucos dias após o acidente nuclear. A cidade se tornou o lugar mais radioativo do mundo (Imagem:Reprodução/NNSA)

O maremoto atingiu a Central Nuclear de Fukushima 1, levando ao colapso da unidade. Teoricamente, os reatores deveriam desligar no caso de algum desastre natural, mas, obviamente, isso não passou de um dado teórico.

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Três dos seis reatores nucleares da usina derreteram, passando a liberar grandes quantidade de material radioativo — tornando-se o pior acidente nuclear desde Chernobyl. Segundo a Escala Internacional de Acidentes Nucleares, definida pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEIA), Fukushima atingiu o nível 7 — o mais alto da escala de perigo.

Visão aérea da Central Nuclear de Fukushima 1 no dia seguinte ao acidente (Imagem: Reprodução/NNSA)
Visão aérea da Central Nuclear de Fukushima 1 no dia seguinte ao acidente (Imagem: Reprodução/NNSA)

Atualmente, a radiação superficial em Chernobyl apresenta baixos níveis que não ameaçam mais o meio ambiente, embora alguns elementos radioativos, como o césio, tenham empregado o subsolo. No entanto, em Fukushima os níveis de radiação ainda são altos.

A explosão dos reatores de Fukushima liberou elementos radioativos como o césio-137 e césio-134. Mas foi um derramamento radioativo, próximo à piscina de armazenamento de águas residuais contaminadas, que espalhou a radiação ao pela região, alcançando a costa do Japão no Oceano Pacífico.

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Radiação e consequências do acidente em Fukushima

O acidente nuclear em Fukushima espalhou partículas radioativas por mais de mil quilômetros quadrados, levando à evacuação de mais de 160 mil moradores que abandonaram suas casas às pressas.

Boa parte da radiação ao redor da usina diminuiu por conta dos ventos e chuvas (Imagem: Reprodução/World Nuclear Association)
Boa parte da radiação ao redor da usina diminuiu por conta dos ventos e chuvas (Imagem: Reprodução/World Nuclear Association)

Estima-se que até 80% da radiação liberada pelo acidente tenha sido levada à costa do Japão pela ação de ventos e chuvas. Mas os níveis de radiação nas zonas de exclusão e evacuação variam de 5 a 100 vezes a concentração máxima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Em algumas zonas de exclusão, permanente fechadas devido à radiação, os níveis médios de radiação atingem até 4,0 microsievert. Para efeitos de comparação, se uma pessoa ficasse exposta a esse nível por oito horas durante um ano, seria algo equivalente a mais de 100 radiografias.

O trabalho de descontaminação envolve armazenar e isolar os detritos e solo radioativo (Imagem: Reprodução/The Guardian/Asahi Shimbun
O trabalho de descontaminação envolve armazenar e isolar os detritos e solo radioativo (Imagem: Reprodução/The Guardian/Asahi Shimbun

Apesar da extensão do material radioativo, a catástrofe registrou apenas uma morte diretamente racionada a ele, mas o maremoto que atingiu a região matou cerca de 1.600 pessoas. Mesmo com o trabalho contínuo de descontaminação, frenquentemente a água contaminada da usina apresenta vazamentos.

Ainda assim, levará de 30 a 40 anos — a contar pela data do acidente — para que toda a área afetada ao redor da usina seja descontaminada a níveis abaixo do recomendado pela OMS. Em parte, porque o governo japonês enfrenta dificuldades em modernizar seus sistemas de proteção.

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Futaba é a cidade mais próxima à usina de Fukushima e permanece com altos níveis de radiação (Imagem: Reprodução/National Geographic/James Whitlow Delano)
Futaba é a cidade mais próxima à usina de Fukushima e permanece com altos níveis de radiação (Imagem: Reprodução/National Geographic/James Whitlow Delano)

Toda região segue sob monitoramento, mas o Japão não é muito transparente quanto à real gravidade da usina. A TEPCO, distribuidora de energia japonesa, alegou que conseguiria manter a água contaminada limitada ao local, mas depois admitiu que provavelmente parte dessa água estaria chegando ao Oceano Pacífico.

Parte da população foi liberada a voltar às suas casas após os níveis de radiação terem caído, mas somente nos condados mais distantes de Fukushima. Infelizmente, os trabalhadores da usina seguem expostos à radiação nociva do local, em níveis que permanecem altos.

Fonte: The Guardian, World Nuclear Association, National Geographic, WorldAtlas