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Lluvia de Peces | Esta cidade em Honduras tem "chuva de peixes" todos os anos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Maio de 2023 às 11h32

Oziel Gómez/Pexels
Oziel Gómez/Pexels
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A cidade hondurenha de Yoro, no centro-norte do país, é palco de um evento bizarro e recorrente — todos os anos, relata-se, há uma chuva de peixes, ou melhor, uma tempestade à qual se segue o aparecimento das criaturas aquáticas, supostamente caindo do céu. A população chama isso de "Lluvia de Peces", literalmente "chuva de peixes", em tradução livre.

Se isso soa familiar, é porque relatos de “chuvas de animais” não são tão incomuns assim. Já ocorreram eventos do tipo envolvendo sapos, aranhas, ratos, cobras, pássaros e até mesmo águas vivas, por diversos períodos históricos e em todo o mundo.

Alguns exemplos incluem uma chuva de cobras nos Estados Unidos, em 1877, uma tempestade de ratos na Argélia, em 1902, e precipitações de peixes na Austrália e na Índia em 2010 e 2022, respectivamente. Por que Honduras, então, é tão especial? Simples: é a recorrência do evento para lá de curioso. Ele acontece uma vez por ano, e, às vezes, até mais de uma.

Meteorologia pisciana hondurenha

A frequência das “chuvas de peixe” em Yoro é tão alta que até entrou no folclore local. Conta-se que, nos anos 1860, um missionário católico — o padre Jose Manuel Subirana — rezou por um milagre para salvar a população da fome. Logo após isso, os peixes teriam caído do céu, atendendo o pedido celestial. Já nos anos 1970, o evento ocorreu em um contexto mais verificável, quanto uma equipe da National Geographic testemunhou o surgimento dos animais em primeira mão.

Como isso acontece? Há várias explicações, mas a mais comum envolve trombas d’água, basicamente tornados que se formam em corpos de água, como o mar. Ocorrendo tipicamente durante tempestades e chuvas fortes, o evento meteorológico poderia levar animais consigo da água para a terra, a muitos quilômetros da sua localização original.

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Embora isso consiga explicar, de maneira geral, os eventos já relatados pelo mundo, o caso de Yoro é peculiar. A cidade está a cerca de 73 quilômetros da costa, o que significa que os tornados teriam de pegar peixes com uma regularidade incrível, além de levá-los exatamente para o mesmo local todos os anos. Um pouco improvável que isso aconteça todas as vezes que uma tromba d’água surge, não é?

Uma tromba d'água que ocorreu na Flórida, em 1969 — evento meteorológico pode ser a explicação para algumas das chuvas de animais do mundo (Imagem: Dr. Joseph Golden, NOAA/Domínio Público)
Uma tromba d'água que ocorreu na Flórida, em 1969 — evento meteorológico pode ser a explicação para algumas das chuvas de animais do mundo (Imagem: Dr. Joseph Golden, NOAA/Domínio Público)

Não chuva, mas enchente

Uma explicação mais crível trata de uma região mais próxima à cidade. Nela, os peixes viriam da direção oposta — não do céu, mas sim do subsolo, emergindo quando as chuvas são mais fortes. É o que a equipe do National Geographic sugeriu, nos anos 1970, notando que os peixes não eram dos rios locais, mas ainda assim eram animais de água doce, e não salgada.

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Além de serem da mesma espécie, os peixes também eram todos cegos, sugerindo que a característica também os faça chegar à cidade, ao contrário de seus parentes dotados de visão. A explicação é um pouco desafiada por relatos de locais que dizem ter ouvido os animais batendo nos telhados das casas, mas como não foi possível verificar a veracidade de tais testemunhos, a teoria fluvial parece mais apropriada.

Independentemente dos motivos para o surgimento anual dos nadadores na cidade hondurenha, seus habitantes estão aproveitando o evento sazonal para transformá-lo em uma atração turística. A companhia publicitária Ogilvy e a multinacional pesqueira Regal Springs se juntaram para criar a Heaven Fish, iniciativa de venda de peixes que deve trazer uma fonte de renda extra à comunidade e chamar turistas para checar de perto a curiosidade.

Fonte: IFLScience