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Adora aquele cheirinho de chuva? Saiba como e por que esse odor é tão singular!

Por| 16 de Abril de 2020 às 13h35

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Pixabay
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Sabe aquele inconfundível cheiro da chuva que costuma invadir nossas narinas em áreas mais verdes, como o campo e até mesmo jardins nos centros urbanos? Conhecido como "petricor", esse cheiro é tema de importantes estudos científicos - isso desde os anos 1960 - e pode ser parte de um complexo processo reprodutivo de determinadas bactérias, que há cerca de 500 milhões de anos habitam o planeta Terra.

Pesquisadores da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas (SLU), na Suécia, em parceria com cientistas do Reino Unido, sugerem em novo artigo, publicado na revista Nature Microbiology, que o petricor é liberado por bactérias que tentam atrair um artrópode específico para espalhar seus esporos, como eficiente forma de comunicação química.

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Ainda na década de 1960, dois pesquisadores australianos nomearem cientificamente o cheiro do pós-chuva, depois de perceberem que um óleo era, possivelmente, produzido por algumas plantas durante os períodos de seca e liberados com a chuva. Na verdade, um dos principais elementos dessa substância é um composto orgânico chamado geosmina, produzido por um dos gêneros mais comuns de bactérias, conhecido como Streptomyces.

Praticamente todas as espécies do gênero Streptomyces liberam geosmina quando morrem, mas, até agora, não se sabia exatamente o porquê de essas bactérias gerarem tal aroma tão particular.

Evolução das espécies

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"O fato de todas produzirem geosmina sugeriu que ele [o composto do petricor] confere uma vantagem seletiva às bactérias, caso contrário não o fariam", explica um dos autores da nova pesquisa, Mark Buttner, do Centro John Innes, na Inglaterra. "Então, suspeitávamos que eles estivessem sinalizando alguma coisa e a coisa mais óbvia seria algum animal ou inseto que pudesse ajudar a distribuir os esporos de Streptomyces", completa o pesquisador.

A partir de experiências tanto em laboratório quanto em campo, os pesquisadores constataram que o petricor atrai especificamente um tipo de artrópode - que é minúsculo - chamado Colêmbolo, que podem sentir, diretamente com suas antenas, o cheiro da geosmina.

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Por isso, os cientistas sugerem que ambos os organismos - tanto as bactérias quanto esse artrópode - evoluíram juntos ao longo dos milênios. Nessa combinação simbiótica, a geosmina dos Streptomyces servia de alimento para os Colêmbolos, enquanto esses últimos espalhavam esporos bacterianos, o que permitia (e ainda permite) a criação de novas colônias dessas bactérias.

Nesse caso, as bactérias do gênero Streptomyces agem mais como um fungo, já que, para se reproduzirem, criam esporos que se espalham por toda parte. Vale lembrar que, nos exemplos mais comuns de reprodução bacteriana, as bactérias se multiplicam por meio da bipartição.

No entanto, essa parceria é amplamente benéfica para esses seres, já que o cheirinho de chuva, o petricor, atrais esses artrópodes para uma valiosa fonte de alimento, e em troca perpetuam novas linhagens dessas bactérias, através dos esporos que se prendem em seus corpos e até mesmo fezes. "Isso é análogo aos pássaros que comem os frutos das plantas. Eles recebem comida, mas também distribuem as sementes, o que beneficia as plantas”, esclarece Buttner.

"Costumávamos acreditar que os esporos de Streptomyces eram distribuídos pelo vento e pela água, mas há pouco espaço para que o vento ou a água faça qualquer coisa nos pequenos 'compartimentos' de ar do solo", explica Buttner. "Portanto, esses pequenos animais primitivos se tornaram importantes para completar o ciclo de vida do Streptomyces, uma das fontes mais importantes de antibióticos conhecidas pela ciência", conclui o cientista.

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Fonte: New Atlas e Science Alert